Distopia, é um termo da área
médica que significa a localização anômala de um dado órgão do corpo humano,
isto é, completamente fora de lugar. Serve também para denominar falsidades,
hipocrisias, fraudes e demagogias. Este termo foi assim caracterizado e criado
pelo filosofo John Stuart Mill (1868), falando de desvios e promessas
mirabolantes. Tem a ver com utopias, que estão no campo do que pode acontecer,
habitando imaginários, sonhos e esperança. O que vemos aqui em Mato Grosso e no
Brasil é a falência financeira de Estados e Municípios, crise da dívida
pública, crise fiscal, déficit público nunca visto, carestia e inflação operando
uma crônica violência social. Segue essa história, exposta e exacerbada desde o
caso PC Farias (1992), corrupção no governo do ex-Presidente Collor; Anões do
orçamento (1993), desvio de cem milhões com o dinheiro do orçamento que era
“lavado” jogando na loteria (Dep. João Alves), seis deputados foram cassados;
bingos (2005), propinas para manter jogos ilegais, que notabilizou o caseiro
Francenildo Alves (Palocci), Celso Daniel e a máfia do lixo de Ribeirão Preto.
Tudo jogado para baixo dos tapetes; Correios (2005), corrupção em Estatais,
“Valérioduto” para abastecer o Mensalão do PT. Cento e quinze pessoas indiciadas,
incluindo Roberto Jefferson, o delator do esquema; Cachoeira (2012), a ligação
de autoridades com o jogo do bicho, CPI com um relatório de duas páginas que
não apontaram os responsáveis pelo esquema, evidenciando o CPI’s de jogar para as plateias, até não
apurar absolutamente nada. Hoje temos em curso ainda o Mensalão, esquema
vultoso de corrupção, especialmente para financiar campanhas. Para não ir
longe, a operação Ararath aqui em MT, uma verdadeira ameaça e escândalo de
roubo até para gente pretensamente proba. Poderão vir desdobramentos
bombásticos. A operação lava-jato (Doleiro Youssef), em um clube de
transgressores, uma espécie de bingo organizado por executivos e políticos,
tendo como “teta” as obras da Petrobrás “rachadas” fraudulentamente entre 16
empreiteiras. As coisas andam graças a delação premiada, ou a um caseiro como
Francenildo que resolveu “abrir o bico”. O que existe de bom é o surgimento de
atores que exercem a justiça decorosamente como o Juiz Sérgio Moro que segue
com as investigações. No entanto, um dos articuladores das pizzas das CPI’s é
colocado no TCU. O Senador Vital do Rêgo PMDB/PB , deixa o Congresso indicado
para ocupar a vaga do Ministro José Jorge, relator das contas da Petrobrás. Muito
dinheiro roubado e desviado já está detectado. Nesta farsa, Vital do Rego dará
continuidade a investigação? Ele, que presidiu duas modorrentas CPI’s sobre a
Petrobrás, com a finalidade de esconder tudo sob os tapetes do Congresso.
Enquanto isto, o juiz Moro com ajuda da PF e do MPF em ação independente,
caminham celeremente para condenações que poderão demolir poderosas reputações.
Infelizmente, muita coisa guardada a sete chaves. Não foram revelados ainda os
políticos envolvidos, que já devem estar articulando foro privilegiado e
impunidade. Adivinhem qual seria a função (não confessa) de Vital do Rego no
TCU de imediato? Agir com sua costumeira leniência, na certeza de mandar ao STF
para tentar encobrir e abafar esta realidade torpe, com mais força do que se
tentou no mensalão. O que se sabe, é que pela robustez das provas, impossível
assegurar a proteção fraudulenta da maioria dos envolvidos. Os escândalos têm
tentáculos por todos os lados, como a operação Ararath aqui em MT, e tantas
outras que ficaram pelo caminho. A situação aqui em MT é gravíssima em todos os
setores, desvios na gestão do orçamento
público. Qual objetividade seria pertinente, para caminharmos rumo a uma
justiça essencial? A conjuntura é de evidenciamento progressivo da corrupção
governamental, desafio encarado pelo novo governador e sua equipe. Nesta
conjuntura, apesar dos embates e da luta intestina, é possível avançar para os
caminhos consequentes da ética pública e da justiça política. Dentre tantos,
existem juízes e promotores no Brasil e em MT, para elucidar distopias e
alimentar esperanças.
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