terça-feira, 31 de março de 2015

Memórias: transformar presente e futuro.

“Cai a tarde feito um viaduto/E um bêbado travando luto/Me lembrou Carlitos/A lua tal qual a dona do bordel/Pedia a cada estrela fria/Um brilho de aluguel/E nuvens, lá no mata borrão do céu/Chupava manchas torturadas, que sufoco/Louco, o bêbado com chapéu coco/Fazia reverencias mil/Pra noite do Brasil, meu Brasil/Que sonha com a volta do irmão do Henfil/Com tanta gente que partiu/Num rabo de foguete/Chora nossa pátria mãe gentil/Choram Marias e Clarices/Num solo do Brasil/Mas sei que uma dor assim pungente/ não há de ser inutilmente a esperança/ Dança na corda bamba de sombrinha/Em cada passo dessa linha/pode se machucar/Azar, a esperança equilibrista/Sabe que o show de todo artista/Tem que continuar.”.
Este poema de João Bosco e Aldir Blanc, “O Bêbado e o Equilibrista” remarca a fimbria de brasilidade, resistência, indignação, nas condições mais desfavoráveis. O grito de esperança, e uma melodia que expressa a vontade de mudança verdadeira.

Hoje fazem 51 anos do golpe civil-militar de 1964. Exílio, cassações, torturas, assassinatos, perseguição de todos que enfrentassem e lutassem pela redemocratização do país. Estou em Porto Alegre, como membro da Comissão da Verdade dos docentes das Universidades (ANDES-SN) e da Comissão Nacional da Verdade da Reforma Sanitária. Muitas representações densas e significativas, agora já com a rede da Comissão da Verdade das Universidades. Aqui, terra de João Goulart, derrubado e cassado como o foram Leonel Brizola, Celso Furtado, Miguel Arraes, Luis Carlos Prestes, Jânio Quadros e tantos outros. A junta militar assume, em 15 de abril, Castelo Branco formaliza a trajetória da institucionalização da violência. Tanques, baionetas, militarização do enfrentamento a tudo que se movia contra a ditadura. Aqui, correm longos depoimentos impressionantes e candentes, por instituições da maior integridade e relevância social. Saúdam a todos que lutaram contra o estado de exceção. É muito pesado e amplo o legado da ditadura em nosso país. Exemplo, o ovo da serpente no conluio das empreiteiras, o financiamento privado com recursos público, muitas são as mesmas hoje, em promiscuidade do setor público com o privado e uma imensidão de condições desviantes, como a concentração da mídia no Brasil. O legado da violência policial vem de lá. A violência ambiental e genocídio de populações indígenas, autóctones e de periferias. Segundo o ex-presidente Médici, tido como o mais sanguinário ditador do regime civil-militar, “índios são soldados natos, e a aldeia é um quartel”. Deste lá, tratados como população transitória, que deve acabar. É incrível a semelhança e coincidências com hoje. De lá vem as bases da corrupção, impunidade e violência urbana e rural. Os estrategistas da ditadura não tinham certeza que os governos de 2002 até agora surgissem para tocar seus projetos. Hoje, a corrupção está naturalizada. Médici, dizia que “o homem não foi feito para a democracia”. – quando proibiu falar sobre racismo, índios, esquadrão da morte e temas proibidos para o regime. Tenho vergonha da estátua do Médici na saída de Cuiabá para São Paulo, e no colégio na beira da Avenida MT. Temos que lutar pela punição dos que cometeram crimes durante a ditadura civil-militar. O caminho da verdade é muito longo. É preciso rever a lei de anistia. Passar rigorosamente a limpo o passado é promessa de presente e futuro.

Conjuntura Política

A crise política em que o país esta atolado, arrasta os poderes Executivo e Legislativo. As presidências do Congresso Nacional reagem acuados em um jogo cruzado de golpes dentro da base aliada. E avassaladora a entrega da delação premiada, tanto a nível nacional, como em MT. Desde o nível nacional, a voz e a pressão do povo não tem sido consideradas, senão para dar respostas em momentos de forte inflexão desta crise que abala  a nação. Surgem saídas arrumadas por Dilma e sua base desde os levantes de Junho/2013 propondo a Reforma Política, que tanto ela, quanto Lula da Silva, não fizeram porque não era de seus interesses. Afinal, qual Reforma Politica? – Como seriam financiadas as reeleições, se o projeto seria ficar pelo menos 20 anos no poder? O alcance disto está seriamente ameaçado, haja vista a última eleição, que foi um verdadeiro “ parto à fórceps”, que acabou expondo as vísceras do governo. O cinismo e a ingovernabilidade estão juntos, em uma anomia de lideranças lançadas nas tormentas de uma macabra engenharia política. No momento, o ex tesoureiro do PT já é dado oficialmente como réu. Infelizmente isto é apenas uma ponta de um só fio de meada. Potencialmente existem muitos, é só avançar nas investigações e nos enriquecimentos ilícitos. Depende de quantos Sergios Moros estarão disponíveis pela justiça. Sabemos que não são muitos para avançar nestes trabalhos. Onde mexer, para a possibilidade concreta de abrir outras Caixa de Pandora? Imaginem uma investigação em instituições como BNDES, ITAIPU, Estatais que conectam-se ao setor privado, Hidrelétricas, e até as obras malfadadas da Copa. Aqui em Mato Grosso o governo estadual se bate com  duas bombas: 1- O legado da corrupção do setor público; outra, da crise econômica, em um estado que com apenas uma parte dos recursos desviados construiria todos os hospitais públicos necessários. Onde a alta complexidade de atendimento a saúde é das mais precárias do Brasil, quase tudo centrado em Cuiabá, ainda que em limites insuficientes. Onde a Atenção Básica em saúde precisa de inversões sólidas e permanentes. Onde a judicialização precisa ser colocada em seu devido lugar, estruturando o atendimento a demanda da população e poupando o desvio financeiro ( superfaturamento), tão bem reconhecido pela Justiça em nosso Estado. O dinheiro que foi pelo ralo dfa corrupção seria essencial para financiamento e investimentos no setor saúde. Nestes doze anos e pouco de governo ficou muito clara qual a rota da macro economia escolhida pelo governo Lula/Dilma, sendo fácil identificar os condicionantes que nos colocaram em uma rastejante crise econômica. A recente proposta da lei anticorrupção, não passa de mais uma cosmética como saída institucional a crise política. A empáfia, a arrogância, os argumentos esdruxulos não batem com as  verdadeiras intenções, - em manobras que continuam em curso. O Ministério Público, a Policia Federal, a Justiça, com seus minoritários operadores e defensores da justiça política, andam, apesar do Executivo. Até porque, um dos investimentos da base Petista é na blindagem à Justiça, como tática de negação da verdade, como aconteceu no mensalão. Lula da Silva, não colocou gente como Dias Toffoli no STF à toa. O STF estará composto totalmente, em breve, por membros indicados por um só governo? O que fará o Ministro Toffoli na segunda turma do STF para julgar o processo da Lava Jato? Cartas nas mangas, como o preenchimento da vaga do saudoso Joaquim Barbosa, sem ele o mensalão não teria ido pra frente. Os movimentos que temos assistido do governo em relação ao Lava Jato, são flagrantemente desviantes, como tática para que a verdade não seja exposta. Francamente, não acredito na maioria do STF! Futuro melhor, só com o povo nas ruas.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Um Homem Centenário

“Encarar a vida como ela é, com seus percalços, interagindo no meio social, crescendo e aprimorando as maneiras de viver... É assim que enfrento o desafio da maturidade, o enfrentamento do envelhecimento, recriando a referência de bem viver como for possível. Em uma agenda nova, reformulada, na qual a minha história de vida desagua como uma marca identitária no encontro do passado com as formas novas de sentir, curtir e resistir as intempéries que acometem os tempos e limites físicos da economia dos prazeres: os tempos da longevidade expressam um cotidiano de muita riqueza, comparando tempos distintos no filme da memória, reminiscências e orgulho das conquistas e superações nos vaivéns da vida. Riqueza aflorada, se assim quisermos usufruir e aprimorar nossa vivencia nos novos tempos em que procuramos como uma lupa a busca de coisas e fatos nunca antes valorizados: os sonhos de vida longa concretizaram- se no meu dia a dia, onde compreendi que a maturidade e isto mesmo... O que trouxe para mim grandeza de procurar e aprender melhor a diversidade do mundo; de retemperar a sabedoria que herdei aprendendo durante meu longo percurso. De poder ter certeza que nela se pode chegar ao pico do compartilhamento no espelho que reflete não a minha vida física... A espiritualidade brilhando para empreender as últimas forças possíveis na cena de sonhos e desejos realizados e almejados, como na busca do amor retemperado.” É assim a fala da fimbria de vida e do desejo de João Augusto Capilé Junior, chamado Sinjão Capilé. De seu nascimento e andanças das fronteiras do Paraguai a dourados. Ali foi prefeito e também fundador da grande colônia de dourados. Vida dura, e perigosa, nas lides do campo e das cidades com sua família. Casou-se com Romária Milan Capilé, dona Roma, unindo a família que aportou em Cuiabá e aqui decidiram viver definitivamente. Sinjão Capilé foi um grande líder respeitado, enfrentou em dourados os conflitos violentos da política, traições, ameaças, tendo enfrentado várias vezes, momentos de risco da sua vida. Aqui em MT, continuou a carreira pública de assessoria, organização, e gestão de políticas públicas. Ele fica estupefato com o “império da corrupção e da impunidade... Que até hoje vem crescendo como uma avalanche...parece uma faculdade de tramoias promovendo especialização nos últimos anos”. Ele fala com autoridade de um verdadeiro exemplo na carreira de servidor público. Algo raro nesses tempos, lastreada na probidade, na necessária responsabilidade moral e ética na vida pública (teve muito poder de decisão financeira como gestor público). Ele brinca com sua indignação, fará 99 anos no final deste mês. “Parece que estou ficando velho, mas do jeito que as coisas estão, e capaz que eu reúna forças para andar no VLT. Difícil, pois quando?” Ele é um grande fazedor de textos literários, gozador, falador, de extensos poemas, inclusive satíricos. Grande músico boêmio. Tem uma sabedoria e lucidez impressionantes nas portas dos cem anos de idade. Entre devaneios e lucidez, continua dedilhando os bordões encantadores de seu violão, embalados nos seus sonhos. De criança, de gente grande, de incrível personagem da vida que continua compartilhando amorosamente em companhia de filhos e filhas. Com a certeza, a seu pedido, de que seu livro (no prelo) será lançado no seu centenário. De olhos abertos para os limites da força vital. Waldir Bertúlio

quinta-feira, 12 de março de 2015

Pela Dignidade das Mulheres I

Cartaz do espetáculo "Casa do Julgamento", da Cia. de Teatro Abner (PB)
É preciso mover forças e poderes para articular uma rede de enfrentamento à violência contra a mulher. Na verdade, a CPMI teve poucos avanços, apesar de iniciativas pontuais, inclusive aqui em Mato Grosso. O que o Congresso aprovou no orçamento federal? Quase nada. Dos 13 projetos apresentados pela comissão relatora desta CPMI, somente 4 foram aprovados. Esta ação, na prática, só pode avançar de forma intersetorial, convergindo os diversos órgãos que atuam na área.  A proposta da Casa da Mulher do Governo Federal, só foi viabilizado o financiamento em Campo Grande-MS, com a finalidade de atendimento integrado. Já faz um ano e sete meses da publicação do relatório final da CPMI, que percorreu durante um ano e meio todos os Estados, inclusive Mato Grosso. Concluíram no diagnóstico local que a assistência as mulheres vítimas de violência encontrava-se muito fraca. No relatório, de 1.045 pgs, estão também as recomendações feitas para o Estado de Mato Grosso, tido como um dos mais precários. Aponta a criação e o fortalecimento de bancos de dados que permitam organizar a prevenção e combate a violência, centrando esforços nas áreas mais críticas. Há muito que avançar, e que fazer, especialmente pelo poder público, que precisa melhorar o diagnóstico deste grave problema social e colocar em prática as intervenções necessárias. É preciso articular a cultura da prevenção com a da repressão. O Governo Federal em sua agenda midiática lançou ano passado a instalação de 27 (capitais) centros de atendimento multidisciplinares as mulheres vítimas da violência, atendendo a pressão dos movimentos sociais das mulheres. Até agora só foi inaugurado o de Campo Grande-MS, com Brasília, Vitória e Curitiba em andamento. Nos Estados, é preciso integrar em um local só, Juizado Especial, Delegacias, Ministério Público e Defensorias, com estruturas de atendimento e encaminhamento em todos os níveis de necessidades, desde atendimento de profissionais como Assistentes Sociais e Psicólogas. Oferecer alojamento de passagem, até a promoção da autonomia econômica das mulheres em situação de violência. Fragmentos de depoimentos:- “Eu passei anos no interior do Estado, e sei que a violência contra a mulher não é exclusividade das cidades grandes. ... assola até a menor das Comarcas. Por isso, é preciso um trabalho em conjunto para identificar e organizar os dados. Só assim poderemos trabalhar em conjunto para mudar a realidade”.  De fato, é preciso descentralizar estas ações para todos os municípios, rincões do Estado, sobretudo estabelecer uma ação unificada. O setor saúde é essencial, na medida em que boa parte procura seus serviços em caso de violência. Agressão física é só uma parte, a psíquica pode ser até mais contundente e violenta. –- “Grande parte das vítimas tende a retirar as denúncias, quando tem coragem de fazê-las. Devido a dependência emocional e mesmo financeira, a mulher agredida não leva adiante a denúncia”. Assim, fica muito difícil fazer a investigação e punição dos agressores. É preciso um elo para que elas fiquem mais à vontade para falar e relatar a situação em que vivem. Isto só com visitas de apoio e acompanhamento. É preciso ativar uma câmara Técnica Estadual Intersetorial para o monitoramento e enfrentamento da violência contra a mulher. Aqui em Mato Grosso as dificuldades ainda são grandes para se chegar a uma boa aproximação desta realidade. É possível começar por um sistema de monitoramento das informações integradas sobre a violência. Sem dúvida, é preciso alocar recursos nos 3 níveis de governo para combater e prevenir a violência contra as mulheres. Lembrar que até a assistência a vítima da violência é responsabilidade e dever das políticas públicas.

Waldir Bertulio

sexta-feira, 6 de março de 2015

Conjuntura 2015 II

foto da internet: blogdoraniellybatista.com
Com as eleições de 2014, o país adentrou 2015 afundado em uma crise política, com a economia tecnicamente adentrando à recessão. A crise política é de credibilidade e legitimidade, sendo praticamente improvável que a leva populacional de pobreza e beneficiados pelo bolsa família, a população trabalhadora, frente a traição de promessas eleitorais invertidas contra o povo, voltem a creditar alguma confiança na Presidente. No alargamento do espaço mercantil, com o BNDES financiando empresas com $ público. A exemplo do que está sendo proposto agora para as empreiteiras em “dificuldades financeiras” envolvidas nas falcatruas que estão sendo expostas na Lava Jato/Petrobras. É importante observar o processo de endividamento da população brasileira. Dados recentes do Banco Central mostram o endividamento das famílias com bancos. O endividamento em 2005 era de 18,4%, já em junho de 2014 esse índice atingiu patamar de 46% de endividados. Isto relaciona-se diretamente com os empréstimos consignados, especialmente os que tem estabilidade no emprego. Dados do Banco Central mostram que entre os servidores públicos a dívida com empréstimos consignados atingiu 143,1 bilhões, comprometendo em média um endividamento de mais de cinco anos destes trabalhadores. Dados da Confederação Nacional do Comercio mostram que o endividamento total das famílias (não só com os bancos) em 2013 uma média anual de 62,5% de famílias endividadas, 7,5 % a mais que em 2012.  Em 2014 este crescimento foi muito alto, ainda sendo necessárias melhores informações para confirmar os dados reais. Cresce muito a dívida das famílias no setor comercial, imobiliário. O Programa “Minha Casa Minha Vida”, por exemplo, acabou por alimentar uma bolha no mercado imobiliário. As consequências são imprevisíveis para os próximos anos, além do endividamento na Caixa Econômica Federal devido ao não repasse do Governo Federal dos fundo utilizados neste Programa, que chegam a ordem de 80 bilhões. Em certos limites a saturação do poder de compra do brasileiro, que o conduz ao seu crescente endividamento, com baixos salários e mercantilização nas políticas sociais, tem movido intervenção estatal no estimulo direto ao alargamento do mercado. A “lógica” de crescer aumentando o consumo. Por isso, instituíram mecanismos legais que permitam a crescente utilização de recursos públicos no financiamento estudantil privado hoje em inadimplência do Governo Federal com estes projetos. Os dados recentes apontam 7.389.081 analfabetos; lê e escreve sabe Deus o quê, 17.245.392; ensino fundamental incompleto 43.125,524; superior completo 7.928,182. É bom lembrar que nas eleições, abstenções, brancos e nulos foram 38.797,556 habitantes. Em torno de 27% do total de eleitores. Quanto a renda, o IBGE mostrou que em 1999 a pirâmide populacional brasileira tinha na base 50% dos mais pobres, com 10% da renda. A classe média 40% da população e de renda; 10% dos mais ricos da população detinha 50% da renda. Hoje, a pirâmide parece a imagem de um ganso com longo pescoço onde estaria a classe média, que se encontra na descida, junto com os pobres. Recebeu o eufemismo de que está no meio. Pois não é que ser meio não é só estar entre duas pontas? A dos miseráveis e a dos muito ricos. Para se ter uma ideia do que está acontecendo, é só olhar   a indignação da população, que estimula a resistência e enfrentamento até das Centrais Sindicais e sindicatos pelegos do país, que ainda se locupletam com as benesses do poder público. Agora, a caixa de Pandora abrindo-se com os partidos e políticos envolvidos talvez no maior escândalo de corrupção já conhecido. Parece até que viramos as costas para a história. Tendencialmente, a era Lula pode estar se encerrando em estertores e agonia. A essência do narcisismo destruída pela figura criadora, pela ganancia e pela falta de ética. É olhar-se no espelho do lago que refletirá suas próprias faces invertidas. E nossa consciência, rejeitar o que não nos serve e alimentar a esperança de novos caminhos.  

segunda-feira, 2 de março de 2015

Desafios do STF




O Supremo Tribunal Federal mandou os julgamentos polêmicos para 2015. Dentre outros, existem cinco ações questionando os índices de correção monetária nas aplicações efetuadas durante os planos Bresser, Cruzado, Verão, Collor1 e Collor2. Fins dos anos 80 e início dos anos 90. Esta decisão orientará nada menos que 390 mil ações movidas por aproximadamente 1 milhão de pessoas. O valor das perdas é grande, os bancos tiveram lucro estimado de 21,8 bilhões com as aplicações, conforme cálculos da Procuradoria Geral da República. O julgamento dos processos teve início em 2013, provavelmente foi mandado para este ano por causa da eleição. Collor de Mello começou o abominável confisco das poupanças no início do seu Governo. Passam de 22 anos que sua fugaz ascensão culminou em IMPEACHMENT. Dos escombros do PRN surgiu a polarização, hoje ostensiva, entre o PT e o PSDB. O “caçador de marajás”, enredado pelo escândalo PC Farias (caixa 2), além de forjar o mecanismo de negociatas para comprar o Congresso, como elemento propulsor das coalisões. Dilma e sua mídia nesta última eleição aplicou a baixaria feita contra Lula da Silva na eleição que Collor foi vencedor. Não se deve estranhar, Collor tornou-se um dos mestres dos “noviços” no desvio da gestão Governamental, junto à outros como Sarney, Renan e muitos mais, que tornaram-se aliados preferenciais do projeto Petista para manterem-se no poder. Aí, a desmedida parceria corrupção x impunidade, que projeta-se escandalosamente em nossos tempos. Protagonistas de outrora e as novas safras, paridas como ovos de serpentes mortíferas, impondo a indignação da população brasileira e mato-grossense, com repercussão internacional (aqui em MT, casos recentes citados como Riva e Eder Moraes). Outro processo, a chamada desaposentadoria, trata de pessoas que se aposentaram mas que continuam trabalhando. Solicitam o recálculo do valor de concessão do benefício, atualizando para o período pós-aposentadoria, (aumento do salário). O julgamento do recurso extraordinário desse processo foi suspenso por pedido de vistas da ministra Rosa Weber. O processo já tinha dois votos a favor e dois contra. Outro processo, é o da Revisão Obrigatória dos Salários oriundo dos servidores públicos de SP, pedindo indenizações por não terem recebido revisões anuais em seus vencimentos. O processo começou em 2011, já com 3 votos à favor e 4 contra, foi trancado por pedido de vista do ministro Dias Toffoli (apontado como chapa branca). Se o processo for vitorioso, repercutirá sobre todas as categorias de funcionários públicos, federais, estaduais e municipais. Todos servidores públicos que tiverem salários defasados, poderão solicitar revisão retroativa dos pagamentos. Estes processos contemplam o chamado “Caráter de Repercussão Geral”, as decisões dos processos poderão tornar-se modelo para todas as hierarquias de justiça no país. Outro processo, contra o financiamento de campanhas eleitorais por empresas, pessoas jurídicas, movido pela OAB (se vitorioso, não será de Repercussão Geral). Seis ministros votaram contra o financiamento por empresas. Embora já garantida a maioria contra a constitucionalidade destas “doações”, o processo foi paralisado por pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes. É bom lembrar que existem interesses escusos sob o manto das propostas da Reforma Política (tanto do Governo quanto do Congresso). O financiamento de empresas está no epicentro da corrupção, em mais um fio de meada puxado na Operação Lava-Jato/Petrobrás. Chama   reflexões sobre a morosidade da justiça. Aliás, por que não pensar em uma espécie de Reforma do Judiciário? Claro, se voltado para os reais interesses da população, e do avanço na “gatinhante” democracia em nosso país.


Mazelas Morais

Foto retirada da internet: www.olhardireto.com.br

Distopia, é um termo da área médica que significa a localização anômala de um dado órgão do corpo humano, isto é, completamente fora de lugar. Serve também para denominar falsidades, hipocrisias, fraudes e demagogias. Este termo foi assim caracterizado e criado pelo filosofo John Stuart Mill (1868), falando de desvios e promessas mirabolantes. Tem a ver com utopias, que estão no campo do que pode acontecer, habitando imaginários, sonhos e esperança. O que vemos aqui em Mato Grosso e no Brasil é a falência financeira de Estados e Municípios, crise da dívida pública, crise fiscal, déficit público nunca visto, carestia e inflação operando uma crônica violência social. Segue essa história, exposta e exacerbada desde o caso PC Farias (1992), corrupção no governo do ex-Presidente Collor; Anões do orçamento (1993), desvio de cem milhões com o dinheiro do orçamento que era “lavado” jogando na loteria (Dep. João Alves), seis deputados foram cassados; bingos (2005), propinas para manter jogos ilegais, que notabilizou o caseiro Francenildo Alves (Palocci), Celso Daniel e a máfia do lixo de Ribeirão Preto. Tudo jogado para baixo dos tapetes; Correios (2005), corrupção em Estatais, “Valérioduto” para abastecer o Mensalão do PT. Cento e quinze pessoas indiciadas, incluindo Roberto Jefferson, o delator do esquema; Cachoeira (2012), a ligação de autoridades com o jogo do bicho, CPI com um relatório de duas páginas que não apontaram os responsáveis pelo esquema, evidenciando o  CPI’s de jogar para as plateias, até não apurar absolutamente nada. Hoje temos em curso ainda o Mensalão, esquema vultoso de corrupção, especialmente para financiar campanhas. Para não ir longe, a operação Ararath aqui em MT, uma verdadeira ameaça e escândalo de roubo até para gente pretensamente proba. Poderão vir desdobramentos bombásticos. A operação lava-jato (Doleiro Youssef), em um clube de transgressores, uma espécie de bingo organizado por executivos e políticos, tendo como “teta” as obras da Petrobrás “rachadas” fraudulentamente entre 16 empreiteiras. As coisas andam graças a delação premiada, ou a um caseiro como Francenildo que resolveu “abrir o bico”. O que existe de bom é o surgimento de atores que exercem a justiça decorosamente como o Juiz Sérgio Moro que segue com as investigações. No entanto, um dos articuladores das pizzas das CPI’s é colocado no TCU. O Senador Vital do Rêgo PMDB/PB , deixa o Congresso indicado para ocupar a vaga do Ministro José Jorge, relator das contas da Petrobrás. Muito dinheiro roubado e desviado já está detectado. Nesta farsa, Vital do Rego dará continuidade a investigação? Ele, que presidiu duas modorrentas CPI’s sobre a Petrobrás, com a finalidade de esconder tudo sob os tapetes do Congresso. Enquanto isto, o juiz Moro com ajuda da PF e do MPF em ação independente, caminham celeremente para condenações que poderão demolir poderosas reputações. Infelizmente, muita coisa guardada a sete chaves. Não foram revelados ainda os políticos envolvidos, que já devem estar articulando foro privilegiado e impunidade. Adivinhem qual seria a função (não confessa) de Vital do Rego no TCU de imediato? Agir com sua costumeira leniência, na certeza de mandar ao STF para tentar encobrir e abafar esta realidade torpe, com mais força do que se tentou no mensalão. O que se sabe, é que pela robustez das provas, impossível assegurar a proteção fraudulenta da maioria dos envolvidos. Os escândalos têm tentáculos por todos os lados, como a operação Ararath aqui em MT, e tantas outras que ficaram pelo caminho. A situação aqui em MT é gravíssima em todos os setores,  desvios na gestão do orçamento público. Qual objetividade seria pertinente, para caminharmos rumo a uma justiça essencial? A conjuntura é de evidenciamento progressivo da corrupção governamental, desafio encarado pelo novo governador e sua equipe. Nesta conjuntura, apesar dos embates e da luta intestina, é possível avançar para os caminhos consequentes da ética pública e da justiça política. Dentre tantos, existem juízes e promotores no Brasil e em MT, para elucidar distopias e alimentar esperanças.