quinta-feira, 2 de março de 2017

Verdades e Falácias da Reforma da Previdência II

Os argumentos de que a previdência é deficitária, são contestados por estudos e pesquisas consistentes, que estão disponíveis. Ela é colocada como bode expiatório para aniquilar com direitos duramente alcançados e consolidados. Só os grandes devedores da previdência fazem um rombo incalculável, diga-se, são grandes empresas em quase sua totalidade em relação ao volume de recursos, que tem as contas penduradas. Ao contrário dos (as) trabalhadores (as), que pagam na boca do caixa dos salários. As renúncias fiscais fazem um peso significativo nas contas da previdência. No entanto, os grandes devedores da previdência são deixados de lado, um cálculo em simulação recente, apontava a quantia espantosa de 479 bilhões, podendo ir muito além disto. Para começar, vejamos qual é a composição dos recursos da Previdência. É o percentual pago pelo empregados (as)/trabalhadores (as), dinheiro dos empregadores, COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social), PIS (Programa de Integração nacional) e CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido). Em vários países do mundo, o financiamento é tripartite (empresa-empregado-estado), com 33% de cada instância. No Brasil, a contribuição do Estado gira nos últimos tempos em torno de 12% (projeção a partir de 2012). Esta contribuição, que já é pequena, falam que é o rombo nos cofres públicos. Fazem chantagem, ameaças de colapso, se a reforma previdenciária não for feita. Na verdade, é possível mostrar que a previdência é aritmeticamente superavitária, arrecada-se mais do que tem que ser pago para aposentadorias. Dados da ANFIP (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal), trabalhando com a projeção de 2012, apontam um superávit de 78,1 bilhões, quando o governo alegou déficit de 38 bilhões. Os rombos são criados assim pelo governo, com manobras contábeis, culpando os trabalhadores. Soma-se aí, o dinheiro da DRU, desvinculação da obrigatoriedade constitucional de recursos, como o da área da saúde e da educação, que vão ççparar no orçamento geral. No cálculo efetuado pela ANFIP, o governo retirou 2,7 bilhões da seguridade, o equivalente a 2,7 vezes o rombo apontado! Outro dado, as desonerações fiscais de 2011 a 2016, atingiram o valor de 274,3 bilhões. É conhecido também, o esquema de corrupção que envolve as renúncias fiscais. Estamos falando de um rombo real efetuado pelo Governo no caixa da previdência deste período. Outro dado, 2/3 dos aposentados ganham somente um salário mínimo. O que vemos nas mídias nesses tempos? Uma propaganda falseada em defesa da reforma da previdência. As quebradeiras das previdências municipais e estaduais, em sua maioria, seguem este mesmo rito. É lamentável, desgastante, se ainda tem o que perder de imagem, assistir um deputado do PT de MT apresentar-se na TV afirmando ser contra as reformas em curso. Ora, os estudos e proposta núcleos da reforma foram organizados no governo Dilma, conforme mostrou a professora Sara Granneman, especialista no tema. A partir de um diagnóstico visando um regime próprio e geral da previdência, elaborou-se a proposta, com participação de maioria das centrais sindicais, aderidas ao governo anterior. Exceção, foram a CSP Conlutas e a Intersindical, que mantiveram-se autônomos e fiéis aos interesses dos trabalhadores. A proposta do Governo Dilma visou o regime próprio e geral, a mesma de Temer, inclusive, com os mesmos gráficos. Antecedendo, primeiro foi a Emenda Constitucional, depois a de Lula da Silva, em uma evolutiva. FHC dirigiu ao regime próprio da previdência (INSS), Lula centrou no regime próprio dos trabalhadores (da união/federais). Assim, até nível PEC 287, que Temer mandou para o Congresso em 06 de Dezembro, visa o regime próprio e geral. Ataca o Regime Geral, todos regimes próprios, federais, estaduais e municipais. A intenção é a degola final, para abrir caminhos ao mercado financeiro. A Profº Sara Granneman, diz que, no entanto, essa proposta tem “pés de barro”, dizendo que é uma zona cinza o que vem a frente. Certo é, que Congresso e Governo, desmoralizados e sem legitimidade, podem enfrentar uma reação nunca vista em nosso país. A conjuntura e muito propícia.