As borrascas de Maio ameaçam as conquistas até aqui
acumuladas pelos trabalhadores. Para não ir longe, porque estas lutas estão
iniciadas desde o final do século XVIII, não foram um presente dado por Getúlio
Vargas, senão da luta e pressão incessante pelas conquistas que desaguaram na
CLT. Mais recentemente, na Constituição Federal de 1988. O avanço contra essas
conquistas no Congresso Nacional mais conservador que já tivemos apontava desde
o início para um cenário de rasgar literalmente a CLT, que trouxe conquistas
possíveis, em uma luta tenaz para mantê-las buscando a dignidade e respeito nas
relações capital x trabalho. O PL 4330 e as MP’s 664 e 665 estão colocados
arremetendo as representações parlamentares pela supressão máxima dos direitos
trabalhistas, e da garantia de emprego, em busca do lucro máximo, custe o preço
que for nas negociações. Esta é preponderantemente a base aliada de um Governo
rigorosamente estiolado eticamente, enfraquecido aos estertores, com a espada
das presidências da Câmara Federal, do Senado, do PMDB, urdindo retaliações sem
nenhum resquício de princípios republicanos. É uma guerra “intestina” de poder,
onde alguns ganhos e mesmo redução das drásticas perdas para os trabalhadores,
só estão colocadas como tática de guerra suja. Todos esses interesses correm no
rumo de acertar em parte o rombo nas contas públicas, fruto de uma verdadeira
desgovernabilidade e ampliação de uma corrupção endêmica em nosso país. Sei que
ainda tem muita gente tal como a “velhinha de Taubaté” (acredita nas mais inverossímeis
versões), crendo na versão de que a Presidente e seu partido não tem nada a ver
com o que está acontecendo. Tudo isto é componente do ajuste fiscal, onde se
faz de tudo para que os trabalhadores e povo “paguem o pato”,
responsabilizem-se para arcar com os desvios cometidos. Para não ir longe, será
que os ministros da Fazenda e Planejamento estão tocando tudo ao seu bel
prazer? Á revelia da enfraquecida e acossada mandataria do país. Não há limites
para este Governo e este Congresso, à serviço dos financiadores de seus
mandatos. Neste bojo, a Seguridade Social (Previdência, Saúde e Assistência
Social) vem sendo trucidada desde a primeira Reforma da Previdência no governo
FHC, continuada por Lula da Silva, em seu primeiro governo, impondo severas
perdas aos trabalhadores. Os aposentados são colocados como buchas de canhão.
Por isso, não é de se estranhar que na sua Carta ao Povo Brasileiro, feita para
acalmar grandes investidores e megaempresários, apontou claramente adesão
irrestrita aos princípios neoliberais de rapina, como uma senha para assumir o
poder no país. A tríade da Seguridade segue rastejando, apesar dos avanços
possíveis na luta pelo SUS e SUAS. É no mesmo caminho do Governo Federal que
adentrou o Governo e a AL do Paraná, cometendo violência brutal contra
professores, servidores e alunos da rede Estadual de ensino Público e superior.
O mesmo ocorreu em Goiânia sob os auspícios da prefeitura do PT. Não é outra
coisa que aconteceu nas agendas iniciadas em Junho de 2013 no Rio de Janeiro.
Espetáculos de horrores que qualquer aspirante a democrata deve repudiar
veementemente. Esta é a rota da expropriação dos trabalhadores por conta do
desmando e da irresponsabilidade na recessão em curso em nosso país. São
práticas siamesas na destruição dos
direitos até aqui acumulados ao longo dos tempos. Este é o fulcro das
terceirizações, com argumentos pífios e inconsequentes. Afronta aos princípios
e bases da CLT, da Seguridade Social e da própria Constituição Federal.
Infelizmente, o STF considerou constitucionais as OSS, braço da terceirização
do Governo contra o avanço do SUS. Além disso, escancaram o mercado da saúde ao
capital internacional. É natural que os trabalhadores reajam. Triste primeiro
de Maio!
quinta-feira, 21 de maio de 2015
De Gambiarras ao Planejamento Urbano II
Um exemplo drástico de
uma cidade que cresce com verdadeiras e extensas gambiarras é Várzea Grande.
Núcleo do velho e persistente coronelismo. Cidade e cidadãos abandonados
historicamente à própria sorte, apesar das inúmeras possibilidades que já teve
em seus representantes para ser uma cidade minimamente estruturada e saudável.
O eleitoralismo, a familiocracia sempre preponderou aos interesses coletivos
nesta cidade, com raras micro conjunturas de exceção. Somente ações pontuais
para beneficiar os interesses contrários a transparência e a probidade pública.
Imaginem se realmente pudesse ocorrer uma auditoria retrospectiva nas gestões
anteriores e uma investigação séria sobre enriquecimento ilícito. Muita gente
até posando de vestais da honestidade, ficaria em “palpos de aranha” em relação
a ética pública. Como alguns poderiam justificar suas posses milionárias
oriundas só do emprego público e da carreira política? Várzea Grande e sua
gestão pública funciona nos tempos como uma verdadeira Caixa de Pandora. Na
representação política, os malversadores contumazes do município conseguem
driblar a população e coloca-la na cegueira da possibilidade real de mudança
para novo padrão de política voltada para o bem público. É claro que com os
mesmos atores ou prepostos na malversação pública, a perspectiva de uma nova
Várzea Grande fica muito distante. Ou, quem sabe, algum milagre? – Como de
repente pautar uma gestão na ética pública, algo muito difícil quando se trata
de potenciais contumazes da apropriação privada do setor público. A cidade
caminhou na orfandade de representação política consequente, abandonada a
possibilidade de investimentos públicos em sua infraestrutura e conforto para
seus cidadãos. Nem de longe investiu com alguma seriedade no planejamento
urbano da cidade e em uma mínima política em produção rural e abastecimento
alimentar. Nada de pensar em patrimônios
materiais, quanto menos, os patrimônios imateriais, em uma cidade espremida e
“socada” em uma atabalhoada expansão que cuidou só dos interesses imobiliários
ligados a políticos e gestores. Ficou
uma cidade de um “puxadinho” atrás do outro, apesar de ocorrerem muitas chances
de aplicação proba dos recursos em sua malha urbana. Fui assistir há pouco
tempo apresentação de um interessante trabalho propondo a implantação dos Polos
Tecnológico e Industrial para a cidade. Coisas que de há muito vem sendo
cogitadas. Louvável e bem intencionada a proposta apresentada ao Governador por
representantes de instituições autônomas e defensores da cidade. O Estado tem proposta de ativar uma política
de suporte para a área de cidades, referida também em uma política de ciência,
tecnologia e infraestrutura. Ocorre que não é possível pensar em atração de
investimentos e mão de obra qualificada sem que a cidade ofereça uma mínima
estrutura urbana e social, coisa flagrantemente deficitária. Também não é
possível uma visão que não envolva a interdependência das cidades próximas,
principalmente Cuiabá. É o que atesta o trabalho do IBGE publicado em 25 de
março deste ano, mostrando o movimento pendular entre cidades como Cuiabá e
Várzea Grande. São interdependentes. Logo, se não tratar da retomada desde o
Planejamento Integrado, aglomerado urbano, e não retomar o Conselho das
Cidades, é como construir prédio sem alicerce. Vamos torcer que isto seja
repensado, que a cidade seja atendida na amplitude que merece. É pagar para ver
este desafio!
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