quinta-feira, 25 de julho de 2013

Em busca da ética perdida


“ Estamos perdidos há muito tempo... O país perdeu a inteligência e a consciência moral...Não há instituição que não seja escarnecida...Ninguém crê na honestidade dos homens públicos...O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e como um inimigo...” (Eça de Queirós, Portugal, sec XIX, jornalista e escritor, revolucionou a literatura portuguesa até sua morte em Paris, 1900). O que está nas ruas nestes tempos recentes não conterá fundamentalmente a dúvida sobre a função do Estado e da política? O que assistimos é a dissimulação e o disfarce pelo interesse público. Pagamos tributos demais, recebemos de menos, sufocados pela trapaça com o dinheiro público e o deboche com o povo, que mantém a estrutura do Estado brasileiro. Corrupção e desvios conhecidos, identificados e até denunciados não são apurados nem nas suas conseqüências iniciais. Ínfima parte é apurada. Querem o fim da opacidade. Estou acompanhando o povo paranaense, principalmente o curitibano, pressionando contra a colocação de parlamentares e agentes da política partidária no Tribunal de Contas do Estado. Com raríssimas exceções, seria “lagartas tomando conta de alfaces tenros”. Querem mudança na forma de indicação dos Conselheiros. Preferem concurso público e desativação de todos os cargos atuais. A pressão surte algum efeito: inscreveram-se 40 para uma vaga, serão sabatinados publicamente na Assembleia Legislativa do Paraná. Dois deles são deputados. Dizem que embora gente da maior qualidade ética e técnica inscrita, afrontarão o povo escolhendo um dos dois parlamentares. Muita coisa nesta indignação. Por exemplo, o sucessor de Gleizy Hoffman, candidata a governadora, é hoje senador sem ter obtido nenhum voto. Querem a punição dos responsáveis nos desvios apontados na auditoria feita na Assembléia Legislativa, que vão desde funcionários fantasmas até o desvio da simbiose entre a coisa pública e a coisa privada. A diferença aqui em MT é que estamos em extremas e piores condições. Com a proximidade do pleito eleitoral, já começa a paralisação da gestão pública. Os cargos são extensões dos grupos que tomaram o poder e saqueiam o erário público. Mandatos viraram profissão. Este levante recente no país, parece mais ser contra a desconstrução dos direitos, a mercantilização e a privatização da vida. Recorro a Gramsci em sua teoria do possível, “ ...temos que cultivar o pessimismo da inteligência e o ativismo da vontade”.

Waldir Bertúlio

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Não somos marionetes! II



Os levantes da nova geração saída das quatro paredes dos computadores em diálogo, arrasta as velhas e vindouras gerações, seguindo a trilha dos sonhos e da utopia, onde se aprende a caminhar para o futuro. Seguir caminhos sonhando de olhos abertos, no longo aprendizado de firmar os pés no chão, perceber a realidade, mostrar a cara, erigindo a construção do BASTA! A quê? A falta de distribuição do poder e da indecorosidade na gestão pública, e toda forma de desvio ético e da perspectiva democrática. Contra as desigualdades, o preconceito e a violência em todos os seus matizes. O peso dos impostos nos últimos 10 anos saiu de 30,03% para aproximar-se de 40%, sugando mais de 2 trilhões da economia do pais. Em Mato Grosso, a crescente arrecadação não corresponde a investimentos necessários. Segundo o Banco Mundial, empresas precisam trabalhar 13 vezes mais para pagar tributos do que em países desenvolvidos. Cada cidadão em nosso país paga em media mais de 7 mil reais em tributos, gastando mais de 4 meses de trabalho. Quanto houver de arrecadação a mais, não basta para a fome de dinheiro que o governo tem para manter-se no poder a qualquer preço. O numero de ministérios, secretarias e novas estruturas e funções, especialmente no governo Federal, nos Estados e Municípios, é cada vez maior para atender ao saque do apoio para medidas que garantam as próximas eleições. A estrutura e funcionamento da gestão pública virou literalmente ”Cosa Nostra”. Quebraram-se os liames entre o público e o privado; os políticos em sua maioria esmagadora tornaram-se proprietários da coisa pública, dos seus mandatos e do crime na manutenção e aprofundamento das carências demandadas pela sociedade. Crimes do desvio do dinheiro público, cortando o acesso de qualidade a políticas publicas, ora evidenciadas na saúde, educação, transporte coletivo público, segurança pública e abastecimento alimentar. Coisas que batem na ”hora a hora” da  população. Preços de produtos básicos ganharam de longe da inflação no ultimo ano. Ora, todos têm que comer e deslocar-se, o povo sabe exatamente que a carestia avança nos preços constantemente remarcados. Pequenas coisas? A demanda é por justiça real, distributiva, contra a concentração e autoritarismo do poder político. Ouvi na ultima mobilização de rua: ”Nada vai acontecer? Os bandidos não estão na cadeia!”.  Ética , verdade e decência política não valem  “um pequi roído?”

Waldir Bertulio