sábado, 27 de setembro de 2014

Consciência e Ética Política


“Tem gente que passa a vida inteira reclamando do preço do leite, mas sempre vota nos donos das vacas.” Apesar de estarmos ainda muito distantes do voto consciente, nessas eleições a distância pode estar diminuindo. Desconfiança, gerada pelo descrédito nos políticos. Nas Tv’s, os sorrisos e imagens disfarçadas e distantes das reais intenções de maioria dos candidatos. Tenho assistido e ouvido pacientemente (é muito desgastante) candidatos aos legislativos aqui em MT. É paupérrimo o potencial apresentado, podendo até caber alguma surpresa agradável na representação, pois o panorama e a perspectiva de eleger candidatos consequentes na representação é muito pequena. É uma garimpagem dificílima, levantando informes sobre alguns desconhecidos ( fora as figuras carimbadas, tanto na reincidência quanto na familiocracia). Não apresentam quase nenhuma referência de contribuição (na sua história de vida) para melhoria de práticas políticas ou de simples adesão na luta pela cidadania, decência política ou ações sociais meritórias. A maioria dos candidatos puxados pelos grupos com dinheiro na campanha são prepostos e/ou candidatos de si mesmos, alienados da demanda da população. Grande parte dos postulantes talvez nem tem ideia da função social dos mandatos. Não se criam identidades, muito menos com a ética e a lisura com varinhas de condão. Na propaganda, sorrisos, cumprimentos e promessas totalmente descoladas da realidade e das pretensões. Se eleitos, torna-se-ão como já vimos, figuras desprezíveis, sedentas por conchavos e negociatas. A prática real será o “toma-lá-dá-cá”, até que a população possa cassar mandatos . Retrato da história que assistimos em MT e no Brasil, Casas Legislativas, Executivos, torpedeados pela enxurrada de desvios éticos, sobressaindo a corrupção. Não precisa ir longe, é só olhar para as Câmaras de Vereadores de Cuiabá, Várzea Grande, Assembléia Legislativa e o Governo do Estado. Legislativos como casas do desvio, raríssimos os que escapam desta conduta. Verdadeiros “caras de pau” na mídia eleitoral. Durante a Copa e agora nas eleições. Casas Legislativas esvaziadas durante pelo menos quatro meses (aqui em MT não votaram nem a Lei Orçamentária). Após passos de “jabuti de muletas” a Câmara Federal deu o “exemplo”, apenas quatro dias de votação em agosto e setembro, no Senado só oito sessões durante todo o período. Aqui em MT o jogo é pesado, além da marcha lentíssima, digo, esvaziamento do desempenho das atribuições da AL e de Câmaras Municipais de Cuiabá e VG, a justificativa formal é a mesma: liberar os parlamentares para a campanha eleitoral. A tal semana de esforço concentrado é uma tradição nefasta em tempos eleitorais. Isso sem contar o período de férias parlamentares, começadas após a inércia legislativa na Copa. Em 2010 a Câmara Federal teve apenas quatro votações, e o Senado oito, com a tática de debates, onde não é exigida a presença dos congressistas. Recebem vencimentos integrais e bonificações absurdas. Enquanto isso, a máquina do Governo em peso na campanha eleitoral, agravada pelo absurdo instrumento da reeleição. A presidente continua no cargo fazendo campanha em conluio e dubiedade com a sua função. O PT era contra a reeleição, hoje se nutre disto. Já incorporou ( em sua nova cultura) até políticos profissionais. O poder corrompe. Claro, quem é corrompível. Infelizmente, a maioria esmagadora dos agentes políticos. Poderemos salvar a política?

Waldir Bertúlio

Eleições e o dia seguinte


A campanha eleitoral está marcada por uma massacrante pobreza de horizontes no desespero e até na incredulidade dos governistas sobre os fatos já em vias de consolidar o resultado em votos. Aqui em MT, prenúncio de derrota amarga da base aliada, centrada no PT/PMDB, e agora claramente com o ex-presidente plenipotenciário da AL utilizando mais um trunfo em jogo armado para ajudar o governismo na disputa. Coerente com as práticas políticas que defendem. O candidato e a candidata como principais adversários do candidato da oposição à frente em MT pretendem chegar ao segundo turno. Algo extremamente difícil nas condições atuais. Uma alternativa seria combaterem entre si, coisa esdrúxula, já que compõe o mesmo esquema de gestão e conduta política. Em processo de “queimação”, o candidato que o PT permitiu, após uma escalada de autofagia e apagão de lideranças, é guindado por uma armadilha. A mesma montada para sucumbir com a perspectiva política do ex juiz federal. Caminho célere para desgaste do seu capital político. São vítimas das artimanhas de uma experiente “raposa” política que consegue tutelar o maior partido da base aliada governista (PMDB). É hábil para desgastar neófitos nesta cultura, como os dois aqui citados. Colocando-os em caminhos conspurcados, para não mais ousarem ser paladinos de nada que impeça malfeitoria. Muito menos da justiça política real e equitativa, ameaça para suas pretensões de continuar “chafurdando” no poder. O que levaria agentes políticos sóbrios a mudanças de princípios? Talvez um dos vieses , “olho grande”, sede de poder e a crença na impunidade. O ritmo já assinalado do embate eleitoral é um cenário de desespero, desde a candidatura a presidente da base aliada, ao governo de MT. O cenário é de mentiras grotescas e baixarias vergonhosas. Talvez o candidato do PT e base aliada possa para frente recompor-se. Quem sabe, ainda com dividendos para ser candidato a deputado no futuro. Se fizer autocrítica, voltar ao espaço contra hegemônico da sua história política antecedente, na perspectiva de relegitimar seu nascente e extemporâneo capital político. O principal candidato de oposição em MT acumula cada vez mais forças, capital político crescente, cercado de microconjunturas políticas tensionadas pela pressão da cultura vigente, de práticas políticas e de gestão pública execráveis. Na macroconjuntura, os eleitores querem mudanças. Especialmente no enfrentamento das pressões na cultura política tradicional e desviante. Concretizada a tendência, se eleito, o desafio para impor uma diretriz política com princípios de ética na gestão e na representação. É interessante a preocupação contra os repasses financeiros desnecessários como para a AL e o TC. Contra os feudos partidários de grupos e interesses privados comandando a gestão pública. O desafio é retomar ao possível, uma ética e moral política. As urnas abrirão possibilidades e novos caminhos? Coisa pública não pode continuar como “cosa nostra”.


Waldir Bertúlio

Horários e Enquetes Eleitorais


Muitas pessoas colocam em dúvida o objetivo do horário eleitoral. Essa preocupação esbarra no conceito de gratuito, na verdade é pago pelo poder público nas Tv’s e nas radios. A intenção manifesta seria levar aos eleitores o perfil e propostas dos candidatos. Alguns levantamentos polemizam e questionam o papel do horário eleitoral. Na eleição de 2012 apontaram que a Tv paga teve aumento de audiência em 46% no horário noturno. Isto abre para uma fuga de espectadores do horário de campanha. Nos últimos quatro anos duplicou-se o número de adesões na Tv por assinatura, apontando em enquete como um dos fatores para recusa a audiência do horário eleitoral. A Tv paga saltou de 9,7 milhões de assinantes em 2010 para 18 milhões atualmente (média de quatro pessoas por casa, 80 milhões). Pelos dados disponíveis, em MT teve crescimento de quase 10% em relação a 2013. Claro que existem outros motivos importantes como a ampliação de acesso a diversidade de programas nas Tv’s pagas. De fato nesta era da informação e comunicação, é relevante o aporte aos eleitores através da internet e redes sociais. Levantamento recente mostra que 25 milhões de residências são ligadas a internet. Isto amplia enormemente a possibilidade de divulgação dos candidatos para conhecimentos dos eleitores. Candidatos podem até ser provocados a dar argumentos sobre suas intenções, propostas e planos. Quer dizer que tem muito espaço além das Tv’ e rádio. Não é por outro motivo que as opções aumentaram, tanto para candidatos quanto para eleitores. O fato de termos debates em MT e a nível Nacional nas Tv’s (15 min para cada postulante em horário nobre) com candidatos amplia a oportunidade de acesso a informações sobre os proponentes. É um espaço de disputa na própria mídia e meios de comunicação, partidos, e grupos políticos. Em andamento, as pesquisas de campanha, apesar de existirem erros, quem afere mesmo as pesquisas são as urnas apuradas. Se acreditarmos que poderia ocorrer lisura total na disputa eleitoral. Alguns polemizam que a baixa audiência no horário gratuito poderia até impor o fim do horário eleitoral. Na verdade, a forma mais próxima da realidade seria adotando pesquisas qualitativas. Em um segundo momento, pesquisas quantitativas sequenciadas em mãos de gente rigorosamente independente ao processo eleitoral. Infelizmente muitas pesquisas são suspeitas, apesar do TRE, (cada pesquisa hoje, em torno de 60 mil reais para mil entrevistas). Quem paga pesquisa pode escolher o resultado? Por enquanto, o jogo governamental na mídia, por exemplo, coloca Lula da Silva como paladino da moralidade, e a Dilma como vestal até da faxina ética. Pura inconsequência, nada sei, nada vi, nada ouvi. O mesmo aqui em Mato Grosso. Reincidentes e crônicos envernizados de novos e puros. O povo está reagindo.