Eis aí
a verdadeira arena do horário eleitoral. Após a humilhante derrota
do Brasil nesta Copa, poderia ocorrer uma reflexão e auto-crítica
profunda sobre a verdadeira situação do país. Nas telas e
campanhas uma disputa “intestina” entre grupos
políticos-partidários, maioria, nadando com a cara em (óleo
peroba). Narrativas do cinismo se revelada a situação real da
economia, educação, saúde, previdência, infra-estrutura, situação
complicada para explicar nas bandas das bases governistas. Quase
todos os grupos flagrantemente com o objetivo de se perpetuarem no
poder, acreditando que o povo continuará aberto para enganação.
Não acreditam no afloramento da sua consciência. É possível que
se ocorrer uma reação coletiva pela dignidade e respeito aos
eleitores aqui em Mato-Grosso e no Brasil, poderemos não levar uma
goleada vergonhosa no palco dessas eleições. Continuaremos passando
vexame se o cidadãos quiserem, pois é possível melhorar a
qualidade do voto, consequentemente, o compromisso dos eleitos.
Também na política, é ruim torcer para quem tende a ganhar, ao
invés da afinidade, identidade, expectativa de decência.
Infelizmente, grande quantidade de eleitores apoiam candidaturas
somente porquê estão no poder e tem a possibilidade de vencer.
Falar em reforma política, verticalização, os craques políticos
só deixarem passar o que lhes interessam, ainda posando de lutadores
pelo interesse público na mídia e no discurso. O que se quer é
manter o poder a qualquer preço, em qualquer nível governamental.
As alianças aqui em MT estão explícitas: na berlinda, PT aliado
com PMDB, desde o nível Federal. Como que o candidato da aliança
deste Governo vai “lavar as mãos” pelo menos na
corresponsabilidade pelos mal-feitos nas gestão do Governo ao nível
Estadual e Nacional? Para citar só a saúde por exemplo praticamente
arrasada em Cuiabá e MT, por um acúmulo histórico de desprezo à
moralidade e à ética pública. Principal responsável, o Governo
que patrocina a aliança com um candidato que pode servir de verniz
para tentar o continuísmo. A candidatura do ex-Presidente da
Assembleia Legislativa faz parte, programada ou não, deste conjunto
de golpes para tentarem manter-se no poder. Especialmente sob o signo
da impunidade no acumulado de desvios, na apropriação da “coisa
pública”. Podemos ganhar até de goleada na política se povo de
MT e do Brasil fizer uma reforma possível pelas urnas. Apesar da
retomada em táticas renovadas do poderio econômico no processo
eleitoral. A começar pela máquina pública.
terça-feira, 26 de agosto de 2014
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Transparência e Ética Pública
Estudiosos
da informática, das redes sociais mostram que a maior parte dos
dados publicados pelo setor público é para “inglês ver”. Os
pacotes são feitos previamente para dificultar o acesso ao
desdobramento, detalhamento dos dados. Para saber informações
“perigosas” (contra quem?) que tem de ser ocultas, é preciso
fazer um trabalho insano manual. Só para quem conhece. O cidadão
comum não tem nenhuma facilidade para tal. Quem diz isto é Pedro
Markun, líder de uma comunidade digital, afirmando que a democracia
na era digital só é conquistada com dados abertos e facilitados
para compreensão de qualquer cidadão. Só assim as informações
governamentais estarão disponíveis de forma transparente para a
população. Todos os sistemas instalados aqui em MT obrigados pela
lei de transparência não são elaborados para a abertura de
informações, mas para ficar na superficialidade. Tentem entrar em
um sistema como da Assembléia Legislativa, Câmara de Vereadores de
Cuiabá, Prefeituras, órgãos estaduais, o que se encontra de forma
geral é um esforço para a ocultação de dados que assegurem
informação plena e transparência efetiva. A situação é pior com
a administração indireta. Também no poder Judiciário, os
sistemas, embora melhores, são falhos no detalhamento de
informações. Do ponto de vista jurídico, o princípio da
publicização dos atos da administração pública devem prevalecer
até sobre o direito a intimidade, argumento muito invocado na
resistência contra a transparência. Quando existem dados abertos, é
possível que qualquer pessoa com o mínimo de orientação
simplificada recombine estes dados para alcançar informes mais
detalhados. No Portal de Transparência do Governo Federal é
complicadíssimo entender como o nosso dinheiro está sendo gasto.
Como os dados deste Portal são abertos, sites como “Para Onde Foi
o Meu Dinheiro” (http://www.paraondefoiomeudinheiro.com.br)
transformam tudo em gráfico, com facilidade para ver e entender os
gastos públicos e suas comparações, além de interagir com as
informações. A internet, as redes sociais ampliam e dão asas a
transparência se existirem sistemas com dados abertos. MT precisa
avançar em todos os poderes e níveis de Governo. O próprio
Tribunal de Contas. A sociedade precisa compreender como e porquê
usar estes dados, uma verdadeira mudança cultural. A sociedade está
muito à frente do Governo, os movimentos sociais trabalham há muito
tempo com informações públicas possíveis orientando suas ações.
Vários países movem-se na direção dos dados abertos, como o Reúno
Unido, Canadá, Austrália e Espanha. Existem princípios a serem
seguidos para considerarmos que os dados sejam abertos. Fato é que
em nosso Estado ainda estamos longe da transparência real. O
essencial é “perigoso”, por isso é dificultado. Seria
interessante e útil começar com uma devassa na “Caixa de Pandora”
da Assembléia Legislativa. Quem se habilita?
Waldir
Bertúlio
A Sindrome do "Novo"
Nas
rodas de conversa sobre as eleições no atual pugilato em MT,
recomendei amigos e amigas que assistam o filme “O curioso caso de
Benjamin Button”, estrelado por Brad Pitt, baseado na obra de Scott
Fitzgerald. É uma narrativa sobre um homem que nasceu idoso, a cada
ano foi ficando mais novo, até chegar a bebê. Pediu para o pai uma
bengala, além das roupas adultas. Assim vejo as articulações
partidárias para as próximas eleições, tanto aqui em MT quanto a
nível federal. Os apostadores no avanço democrático esperam
ultrapassar, ou até sepultar a situação retrógrada e desviante do
legado de mandatos e governamental acumulados como uma bomba-relógio
no coração do Centro Oeste pantaneiro e da Amazônia Legal. Dadas
estas condições, pode não haver perspectiva de rejuvenescimento,
ao contrário de Benjamin Button. Na prática, uma candidatura jovem
já nasce velha na carcomida concertação eleitoral, tentando passar
“goela abaixo” a ideia do novo. Imaginem como seria exercido o
poder em um governo deste tipo, compromissos com velhos e malignos
grupos e interesses políticos. Engendrados sob as garras do
histórico coronelismo local, em personagens como Carlos Bezerra,
José Riva e Silval Barbosa. O governador, em um apoio de verniz, tem
seus pés plantados na candidatura do ex presidente da Assembleia
Legislativa. Estratégia incorporada por muitos “camaleões” das
coalizões até agora em rearranjos. .O Presidente da AL, fazendo
expor a cara dissimulada de muitos políticos que, ato não falho,
mas verdadeira opção, vem aderindo apoio a sua candidatura.
Potente ventilador jogando tudo para a mesma “panela de lavagem”
,desafiando até a justiça na tentativa de desmoraliza-la. Voltamos
à terra de ninguém, quebraram-se todos os limites de malversação
da ética pública. Não é difícil saber que os velhos coronéis da
politica estão espalhados pelos grupos de candidatos, prontos a
trair, sabendo muito bem qual é o seu desejado lugar. Tentam salvar
suas próprias peles da execração pública , da Lei da Ficha Limpa,
e até da longínqua perspectiva de punição exemplar pelas
malfeitorias com a coisa pública. Pobre República! É desagradável
ver que neste intuito, traições partidárias levaram um Juiz
Federal a acreditar nas articulações do partido hegemônico
governamental. Incentivado pelas desmoralizadas lideranças do
partido, pela própria Presidente e ex Presidente. Traído, foi cair
nos braços do cacique e proprietário do PMDB. Nada difícil prever
o que aconteceria. O partido da Presidente não tinha outra opção
aqui em MT, na autofagia e demanda de “poderosos” como o preposto
Carlos Abicalil. Os dirigentes tiveram que calá-lo, senão, poderia
estar em “palpos de aranhas” para explicar-se à justiça ( tais
como sumiço de depoimentos em CPI da Câmara Federal para proteger
o filho do então Presidente, rever o potencial caso de Caixa 2 na
última eleição a Prefeitura de Cuiabá, explicar a conexão
possível com o caso Sanguessugas e o “dinheiro nas cuecas”
flagrado em São Paulo, derrama de dinheiros nas campanhas após
chegar ao poder). Na corda bamba do “olho grande” insaciável
para o poder e de ser traído, um jovem politico que “joga para o
ar” sua consistente história, tanto profissional quanto
parlamentar. Discurso mofado, nivelado na baixaria, aderido ao jogo
de quem sempre combateu. É uma pena, após o massacre da “escoteira”
intenção do ex Juiz Federal, que ficou a ver “canoas furadas” e
no meio das feras. Então, nada de novo nestas dissimulações e
táticas para manter a velha politica fétida, insaciável e crônica.
O que tem a ver tudo isso com a síndrome de Benjamin Button? A
possibilidade de parir um governo tão velho e carcomido quanto as
lideranças que engendram a qualquer preço as candidaturas, e que se
distribuem nas principais alianças. Apesar do discurso, são
visceralmente contra a perspectiva de democratização. Refletir
sobre a síndrome de “Benjamin Button”, torcendo para não parir
um rebento que não tenha nenhuma perspectiva de rejuvenescimento.
Aqui, é a síndrome dos Sininbús!
Waldir
Bertulio
Direitos Humanos e Violência Sexual-II
Durante séculos e séculos as mulheres vem sendo violentadas, sem
perspectiva de mudança. Guardando para si a vergonha e indignação
pelo que aconteceu, suplicando para que não estivessem grávidas ou
contraído alguma doença. Nada a fazer em relação aos ferozes e
massacrantes danos psíquicos. Sobraria continuar em suas tarefas
subalternas, enfrentando opressões, assédio moral em todos espaços
de vida, desde a família. Talvez alentando a esperança de que o
tempo se encarregue de que esqueçam essa dolorosa ferida aberta para
a eternidade. Esta situação é praticamente a mesma hoje, para
grande parte das mulheres violentadas, especialmente as que são
estupradas e pobres. O silêncio, as ameaças, a ausência de
respaldo por políticas públicas específicas, especialmente em
Estados como MT, que pela precariedade dessas ações, elas mesmas
são estimuladas, acobertando (in)diretamente estes crimes. É
preciso denunciar e pressionar por uma política consequente que
articule esforços em vários níveis governamentais (saúde,
educação, assistência social e judiciária, reparações, com
acolhimento integral). As mulheres, adolescentes e crianças
vitimadas não podem ser deixadas no ostracismo, discriminadas
triplamente na privação de seus direitos. É preciso romper com
esta situação onde prepondera a ocultação, a invisibilidade e a
impunidade. A violência contra as mulheres é uma força bruta que
coloca a diferença entre sexos no campo das desigualdades. Homens
castigam as mulheres como se fosse natural, ao seu bel prazer,
acreditando que são criaturas subordinadas ao seu poder de donos da
vida e do corpo da outra (sejam casados, namorados, “companheiros”,
desconhecidos, parentes). É preciso também entender que o
enfrentamento da violência contra a mulher não se reduz a punição
do agressor no âmbito policial e judiciário. É mais amplo,
necessário chegar ao núcleo dos problemas, extrapolando o ato de
violência como ação de descontrole, anormalidade psíquica,
drogas, onde a vítima é tida como incapaz e passiva. A produção
social da violência ancora-se em determinantes sociais que exigem a
presença de um Estado consequente, ampliado, não maniqueísta. Que
ofereça e implemente políticas amplas, intersetoriais e integrais
para os desafios deste urgente dever público. Desse passivo
arrasador e vergonhoso que a sociedade tem que superar contra as
práticas do machismo e do patriarcalismo. Neste sentido, é preciso
chegar à uma reparação à vítima, e até a possibilidade de
reabilitação social do agressor, além do momento crucial da sua
punição. Temos que sair deste roteiro sinistro, que culpa
grosseiramente (ou sutilmente) a própria vítima. Na justiça, são
abjetas, ridículas e cafajestes as perguntas da maioria dos
advogados de estupradores. Na falta de consistência, “rolam” o
processo na tentativa de produzir testemunhas. Conforme o
comprometimento do juiz(a) e promotor(a) com a ética social da
justiça, esses argumentos estarão desqualificados. A violência do
estupro, suas consequências, não se acabam com nenhum curativo,
sutura ou técnica de esquecimento. A justiça pode ser um elemento
de punição e reparação na histórias das vítimas do estupro.
Roubam brutalmente das vítimas, sua essência corporal, seu
território mágico e sagrado. Tentam detonar com a fimbria ancestral
do desejo, esta eterna chama do viver e amar verdadeiramente.
Waldir
Bertúlio
Direitos Humanos e Violencia Sexual 1
Faltam
políticas públicas para a pauta acima, digo, tirá-las efetivamente
do papel, apesar dos avanços da Lei Maria da Penha. Leis e intenções
tem que transformar-se em ação efetiva, em favor de sobreviventes
destes crimes. A falta de financiamento público destes serviços
essenciais é fator fundante de impedimento do acesso das pessoas que
mais necessitam destes serviços públicos. Como crimes, devem ser
necessáriamente hediondos. isto poderá oferecer uma diferença
marcante na vida das vitimas, a perspectiva de abordar, tratar,
minimizar os impactos perpetrados contra crianças, adolescentes,
mulheres. Existe muita propaganda e discurso dos governos, aqui em MT
a situação é péssima. Realidade e prática são outras. É
extremamente carente e limitado o apoio psicossocial, médico e
jurídico legal. Na polícia, despreparo absurdo, se tiver defensor e
chegar na justiça, depende da sorte de cair em mãos de um ou uma
operadora com consciencia de fazer de sua função um instrumento de
verdadeira e célere justiça. São dolorosos e trágicos os
impactos na vida das vítimas. Primeiro, é preciso romper o silêncio
que cerca o assédio e a violência sexual, denunciando e defendendo
os direitos das mulheres ( meninos) vitimadas. É preciso melhorar,
procurar qualidade e ampliação dos serviços públicos, uma efetiva
integração escola, segurança pública, saúde com atenção
psicossocial permanente e justiça. É triste ver que a Defensoria
Pública trabalha com o "pires nas mãos", muito distante
do aparato e estrutura logistica necessários para atender as
demandas. São muitas as carências, além de recursos humanos e
logisticos, é necessário qualificar a atuação de profissionais e
funcionários diversos na abordagem destes problemas. Coisas como
estabelecer a partir de um protocolo geral as condutas essenciais e
dignas que devem ser encaminhadas de maneira que a vitimas tenham
atendimento respeitoso, digno e de qualidade. Dois casos recentes em
Cuiabá: um ( adolescente) com prazos dilatados para os agressores
viabilizarem testemunhas. Outros dois, ( criança e adolescente) com
agressores devidamente identificados, dois casos confessos, os réus
continuam soltos. Quais são os passos mínimos que os profissionais
devem seguir em caso de violencia e estupro? Se existem, são
seguidos? A falta de testemunha desde o início aparece como critério
para desqualificação do crime e potencial proteção dos
criminosos. Agressores e seus advogados, especulações
fragilíssimas, na expectativa de culpar a vítima. Se não há
testemunha ( tentam produzir testemunha), o caso caminharia para a
perda da punibilidade. Contradição absurda, todos sabem que na
violencia sexual, via de regra não há testemunha. Os crimes são em
locais privados, para não serem descobertos. É preciso enfrentar as
iniquidades que circundam este tema. O silencio, a má qualidade ou
inexistencia do atendimento público contribuem para encobrir crimes
e criminosos. É preciso denunciar e cobrar os poderes públicos!
Waldir
Bertulio
Violência contra as mulheres IV
A falta de estruturas publicas
de apoio e acolhimento nos casos de violência contra mulheres,
crianças e adolescentes, exige um grande empenho de mudança por
parte do poder público.
Esta virada assenta-se na
cultura, abrindo novas compreensões sobre como é ser homem e como é
ser mulher em nossa sociedade.
Há mas de 100 anos atrás
Freud desistiu de saber “O que querem as mulheres?” - naquele
tempo, o pai da psicanalise estimulava o pensamento religioso, que
claramente colocava as mulheres no âmbito da invisibilidade, da
incompreensão e até da ausência de razão.
Com os avanços da luta das
mulheres e dos que não subordinam-se a cultura machista e
patriarcalista, esta visão melhorou muito. É dar voz e ações a
demandas das mulheres, tirando-as da qualidade potencial de vitima e
ré. Temos que mudar essa equação fechada da violência colocada
entre vítima e algoz, entre público e privado. Problema complexo
que extrapola estas esferas para ir ao núcleo fundante da dominação
e exploração nos diferentes âmbitos da vida social.
Enquanto política pública, a
área de saúde é um portal importante de acesso, identificação e
respaldo das vítimas, se tratado o problema desde a rede básica até
a especializada, conectadas com a assistência social, segurança e
justiça.
Dispor cobertura às vitimas,
desde o tratamento da sua dor física e psíquica, e que seus
agressores sejam exemplarmente punidos. Acorda Brasil e Mato Grosso!
Pelo que existe, estamos muito longe de chegar ao essencial.
O futuro pode e deve ser muito
melhor, livre da violência, onde estupradores por exemplo sejam
tidos como portadores de ações hediondas. Infelizmente os serviços
dependem mais da sensibilidade e esforço individual de profissionais
interessados, sem uma rede de referência e contra referência, que
ao campo da saúde deveria ser intersetorial.
A formação na área de saúde
é precária neste tema, ausente nos currículos , inclusive nas
faculdades de Psicologia.
As graduações passam ao
largo deste problema social na área de saúde,sendo em sua
complexidade e amplitude um problema tipico da Saúde Coletiva,
extrapolando em muito a atenção individual e terapêutica.
A maioria dos profissionais
não tem clareza sobre estes problemas. O abuso sexual só é tratado
vagamente como um sub-item dos diversos tipos de violência
(física, psíquica, instituicional). Assim, é fácil a omissão
fechando os olhos, por mais clara e evidente que se manifeste. Não é
de se admirar as subnotificações de violência, desde
intra-familiar até as relações no trabalho, lazer e no cotidiano
das relações sociais.
Abrangência extensa, do ponto
de vista médico, psicológico, jurídico, sociológico, serviço
social, epidemiológico, legislativo, policial, político, religioso
e moral.
Avanços sempre, só na luta
incansável das mulheres pela dignidade, igualdade, e contra a
opressão. Mulheres que sonham de olhos abertos.
Waldir Bertúlio
DIREITOS HUMANOS E VIOLÊNCIA SEXUAL 3
É
alarmante que a violência seja aceita por argumentos ostensivamente
machistas, para justificar seu uso. Pior, como “instrumento” para
resolução de conflitos. Todos os impulsos violentos são passíveis
de regulação social, desde a fome e a sexualidade. A violência
tende a ser legitimada em extratos, grupos sociais mais
conservadores, onde princípios hierárquicos são mais importantes
que os princípios da igualdade. Na discussão de gênero, uma das
crenças é que o controle da mulher faz parte do “amor”, da
relação à dois, do casamento. O ponto de referencia é que o homem
quem tem todo, ou maior parte do poder, definindo regras e o que é
certo e errado na relação. No caso da violência doméstica,
justificam os atos de violência entre a condição de que a mulher
não cumpriu suas obrigações, “merecendo” até apanhar para
aprender, e que o homem estaria impedido de exercer seus direitos
(como para sair só, estar tenso ou raivoso...). O argumento é que a
mulher não estaria cumprindo bem seu papel (definido e/ou imposto
pelos homens). Ai ancora-se a violência sexual, onde a vontade
masculina orienta o ato sexual, na recusa, usa a violência quando a
mulher não cede. Desde crianças, meninos valem mais que as meninas,
instituindo quem tem mais direitos e mais deveres. Os meninos podem
fazer o que quiserem, até exercerem sua sexualidade livremente. As
meninas são “podadas”, tendo que apelar para estratégias que
permitam a elas alguma liberdade. Desta forma, quando ligam-se em
relações amorosas, via de regra, já está definido o lugar da
mulher. Este é o campo da violência domestica, conjugal, familiar,
onde o assunto teria que ser privado. Para alem disto, a vergonha e o
medo da retaliação, a mulher é desautorizada e desestimulada a
falar da sua condição para poder ir em busca de ajuda e superação
do regime de opressão e violência. Muitas são estimuladas a
permanecerem com os agressores por suas famílias,desde os próprios
pais. Até aconselham um “melhor” comportamento para não atrair
a ira masculina, tipo: “melhor manter-se viva com ele do que
separar para morrer”, ou, “ruim com ele, pior sem ele”. Um
certo modo religioso influencia esses tipos de atitudes, onde na
separação, culpam a própria mulher “por não ter sabido
comportar-se”, ou, “por ter escolhido o homem errado”, ou
simplesmente, por não ter conseguido segurar o homem”! Se a
própria família não apóia as mulheres violentadas, imaginem em
outras instâncias, por exemplo, se procuram ajuda do setor público.
Aqui em MT o despreparo é de arrepiar. Desde a plataforma de Beijing
(4° Conferência Mundial Sobre a Mulher), o reconhecimento tácito
dos seus direitos. A violação, o abuso sexual, o estupro,
representam a negação mais extrema desses direitos. Constituem-se
em uma forma de tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos e
degradantes. As mulheres precisam ser acolhidas, ouvidas, sentir
solidariedade e confiança. Estamos em campanha eleitoral, é o
momento de empreender esforços para que propostas voltadas para
políticas públicas que construam a viabilidade efetiva em defesa da
mulher sejam colocadas na agenda política. Importante: cobrar para
que sejam implementadas, sonhando com o poder em mãos de políticos
decentes e um Estado sem corrupção.
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