quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Qual justiça?



A corrupção eleitoral é um fio de meada dos desvios nos recursos públicos.Alianças políticas sem princípios,compra de votos.Ética para que?Eliana Calmon encerrou seu mandato na Corregedoria Nacional de Justiça. Brilhantemente.Enfrentou grandes conflitos defendendo amplamente o poder investigatório do CNJ.O Ministro Francisco Falcão novo Corregedor do CNJ,revelou que tenciona ser discreto,dizendo textualmente:”Quem estiver pensando que com a saída de Eliana Calmon  irei modificar(o rigor do CNJ),está completamente enganado.Continuará do mesmo jeito,eu sou mediador”.Arrematando,disse que vai combater “meia dúzia de vagabundos que,precisam ser retirados do judiciário”.Criticou severamente o sigilo fiscal e bancário que protege as autoridades brasileiras,dizendo ser necessário “tirar da justiça as maçãs podres”.Em breve José Dirceu estará sendo julgado no processo do Mensalão, colocando-se como vitima,clamou pelos povo nas ruas,dizendo-se vitima da mídia e de uma armação.Convocou a Juventude Socialista em seu congresso,para travar a batalha final nas ruas.Não bastando,disse que se for condenado pedirá asilo em uma embaixada.Com ele,muitos que se apossaram do poder para malversá-lo,poderão agora pela primeira vez prestar contas á Justiça.Seu enquadramento de formação de quadrilha e corrupção é lógico,frente aos fatos desvendados.Ainda que,com grandes avanços empreendidos pela justiça,as travas para retirar o então presidente Lula da Silva do “olho do furação”,deram certo,mas o ex Presidente não contentou-se ,lutando para “desmentir a farsa do mensalão”.Em qualquer país sério as investigações chegariam até a última instancia dos donos do poder .O papel da CPI na crise do mensalão em 2005 foi o abrandamento para impedir a inclusão do Presidente Lula da Silva.Na denuncia apresentada pelo Procurador Geral  da Republica Roberto Gurgel ao STF,ele falou do crime entre quatro paredes(Casa Civil),porta de entrada da Presidencia da Republica.A declaração do Ministro Marco Aurelio de Melo foi mais que contundente,em entrevista ao jornal O Globo,quando respondeu ao reporter:” Você acha que um sujeito safado como o Lula não sabia?”.Apesar de toda evidencia,o então Presidentte foi isento de qualquer responsabilidade.Recentemente,em entrevista ao jornal americano The  New York Times,disse que não acredita que o mensalão tenha existido.Este circo montado á partir da CPI dos correios em 2005,faz com que os protagonistas desse cenário estejam perplexos com a justiça,arrancando-os do antro da corrupção.Apesar do Procurador Gurgel ter relatado o uso de carros fortes para transporte do dinheiro á ser distribuído,continua um enigma a origem dos recursos oriundos do Banco Rural e do BMG,para pagar parlamentares.Nas investigações,uma das origens vem da Prefeitura de Santo André,onde o prefeito Celso Daniel ,foi assassinado brutalmente,antes do inicio da campanha de Lula da Silva em 2002.Figuras da Prefeitura naquele momento,o atual Secretario Geral da Presidência Gilberto Carvalho,a Ministra atual do Planejamento Myriam Belchior ,ex mulher de Celso Daniel.A mesma “xerife” irredutível ,cumprindo as ordens da Presidência na negativa de negociar com os professores das Universidades Federais,impondo falsos ganhos salariais,corte de pontos e perseguição aos servidores públicos. O ocorreu  no escândalo da eleição á Prefeitura de Cuiabá.Nas próximas eleições,caixas fechadas trazidas por jatos de madrugada para entrega com escolta policial,quando Abicalil foi candidato,tendo sua campanha sido lançada em festa na residência de Valderbran Padilha no bairro Poção.Com o surgimento do escândalo, só faltou dizer que não conhecia Valderbran Padilha acusado com outros por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro na compra do dossiê anti-tucanos em São Paulo em 2006.Lula da Silva chamou-os candidamente de “aloprados”.Ali também uma vinculação á máfia dos sanguessugas dos Vedoin aqui em MT .Fraudes em licitações só chegam  a ambulâncias superfaturadas? Após sete anos deste escândalo,o MP Federal denunciou em 15/06 passado os aloprados.Infelizmente encaminharam anteriormente a isenção da família Vedoin,sem chegar a origem de  todo dinheiro , nem provará ocorrência de crime eleitoral.Incontáveis os que continuarão acima da lei?

Qual Universidade? Ou, Inquietudes e Elucubrações de um Professor Aposentado

  Entendo que precisa acontecer uma refundação da UFMT, (com todo respeito ao processo de fundação da Instituição) no sentido do subjetivo,e que envolve diretamente as relações de poder na instituição. Persistem feudos que influenciam as práticas acadêmicas, e  este enclave centralmente é na gestão.  Aqui estamos nós, no século XXI, onde a “modernidade” impõe uma ideologia ensangüentada pela violência e desigualdade conduzida por uma perversa globalização econômica, financeira e cultural. Cá da academia, será que a visão do iluminismo construiu um paradigma pós moderno? Reduziram as esperanças e utopias a um simulacro de transformação do mundo? É um quadro patético, da humanidade sucumbindo, desumanizando, aprofundada na dominação do mercado, intensificando a intolerância e a discriminação. Aqui estamos, a UNISELVA, conforme a marca da Ditadura Militar assistindo passivos ou ajudando a esconder os grandes genocidas  que praticamente estão naturalizados. Assistimos indiferentes ou horrorizados a nação/estado contra os povos indígenas,quilombolas,sem terra, famintos urbanos e rurais no cenário da devastação plena da natureza e povos originais e tradicionais. Será que as instituições, e aqui a UFMT, estariam esgotadas, sem saídas? Acho que não, apesar do desprezo a nossa realidade social,   em que fazer predominantemente esquizofrênico, como se não existisse o mundo real, e colocando-se desde a omissão e do silencio a serviço do genocídio. Novas lideranças autônomas para que? É preciso manter o “status quo”. É tragicômico, aí está o caráter da refundação? Rehumanizar,  reinventar os vínculos com o outro,a outra, aquele que não cabe na redoma meritocrática e de isolacionismo acadêmico. O paradigma moderno esfacelou-se, não há que ter nostalgia, ela pode gerar fanatismo. Crimes contra a humanidade, direitos humanos, de genocídio em genocídio, a transparência do mau, que não poderá exaurir valores e sonhos. Precisamos romper com a amnésia  dos sonhos. Que razão absoluta é esta, que transforma tudo semelhante a um câncer, com suas metástases mortíferas? As esperanças teriam sido rompidas, destruindo a busca  da emancipação? Temos que refletir do porque duas grandes guerras e um muro (derrubado em 1989) decretaram este conhecimento com rompimento da crença de alcançar um mundo e uma vida melhores. Onde esta visão de mundo? Direitos Humanos, Defesa da Cidadania, Socialismo, Revolução, a guerra do direito,para onde caminham?  Retorno a maio de 68, onde segundo Emanoel Levines ...,  diz: “ encerrou-se a alegria do desespero, um ultimo abraço na justiça humana, na felicidade. Nossa democracia atual, ocidental, é uma aparência. Uma farsa serviço da violência institucional. A derrubada das torres gêmeas teria sido um ato simbólico e factual do que arrastou~se das guerras desde 1945? Democracias ocidentais como a nossa são imperiais na sua estrutura de poder, temos um Estado Nacuinal genicida. Segundo Baudrillard projetos de dominação obscenos. O que vemos é a satanização da diferença, uma avalanche que vem dede Timor Leste, as Colônias Africanas, o Continente negro dizimado da Indochina, de Sabra, Chatillia, Argélia, aos Paises Árabes, aos estopim da Grécia  em rastros de violência e de resistência. Neste contexto é que poderemos repensar os valores da educação e da Universidade Pública. No meio da fúria da exclusão e discriminação, prisões efetivas que não oferecem saída. Esta é a condenação.Assistindo o debate da eleição a Reitoria da UFMT,  gostaria de poder ouvir propostas de projetos integrais de educação calcados nos Direitos Humanos e Cidadania,retomando a esperança real como necessidade de ser retomada. Infelizmente, onde deveria ser o espalo permanente da reflexão, debate e critica não há tempo nem espaço para esta construção, na medida em que reproduz a ação política externa. Refundação, é um termo criado por Pierre Legansdre, romancista, historiador, jurista e psicoanalista, francês, em busca da suepração dos perigos de barbarização e perdas de humNIDade. Refundar é reinventar a cultura, pensar alem do dado, o já estabelecido não é o único caminho para se preoduzir idéias socialmente cúmplices. O professor Luis Alberto Warate, (UFSC) diz que refundar é pensar a mesma idade desde o outro que está em mim para poder produzir o novo, conviver com o imprevisível, e poder escutar meus próprios sentimentos, valores e esperanças.quer dizer, é preciso mexer com as consciências acomodadas, que crêem estar nas posses de uma lugar de normalidade. Repensar tudo que nos coloca em situações de opressão, descriminação e exclusão, seja no lugar do oprimido, onde o opressor recoloca suas visões de mundo. As visões de mundo junto aqueles que não fazem parte de todas estas certezas.  Correntes herdadas de Foucalt ( final anos 60) proclamaram o fim dos intelectuais eruditos, filhos da razão abstrata, da modernidade dos paradigmas. Esse erudito esvaiu-se, ressurgindo o que estava oculto antes, o intelectual que de posse do poder dos saberes ( ou pseudo saber) os exercem para favorecer ou eliminar a vida. Parece apropriada essa discussão nos muros da Universidade. Retornar a Foucalt e pensadores dos anos 70, para afirmar o tumulo do intelectual, e lutar para libertar a vida e o pensamento. O futuro da sociedade sustentar-se-á pela alteridade, gente diferente e autônoma. D’aí invocar o valor da poética que permite ver através das artes, a poesia incorporada a vida, os elementos nobres da condição humana , resgatando a dimensão do humano sagrado, até a dignidade ou a nobreza na miséria humana. Estética e arte são irmãs siamesas. A poética é a maneira mais livre de mostrar o valor ético das condutas humanas. Em nosso caso, UFMT/Universidade Públicas, é necessário vincular a vida ( individual,coletiva ,a natureza) com a verdadeira política. Cabe a academia praticar, ser sujeito do poder político, e não objeto. Devo dizer que assisti ao debate dos reitoráveis:- a atual reitora, exercendo todo o poder para a reeleição, desfilando discurso tipo  políticos lá de fora, revelando-se instável quando provocada ou acossada. Infelizmente pudemos ouvir apenas fragmentos de propostas e feitos (materiais) distante de conhecermos o pensamento dos candidatos, vez que o debate é restrito, ao invés de ser conduzido por um tempo mais extenso e com antecedência. Obviamente que se isto é efetuado de “afogadilho”, pouquíssimo tempo, soa como um golpe, ainda acompanhado de práticas fisiológicas ( jantar eleitoral e outras formas). Aliás, por que os campus do interior não fazem eleições? Gostaria muito que fosse feita uma auditoria nas obras em Cuiabá e interior, na Fundação Uniselva, nas licitações,e que fosse repensado o processo de planejamento da UFMT. Potencialmente, as fragilidades podem oferecer surpresas, mas também grande e benéficas correções. De princípio, eu sou contra a reeleição.Acho que uma gestão coletiva bem conduzida pode acumular força democrática, de maneira que mandatários apóiem outro de sua equipe para poder retornar a sua função original de professor, professora nas lides do ensino, pesquisa, extensão. Considero como um problema central a gestão da UFMT, que precisa libertar-se de vez do comando de fora para dentro da instituição.  Não podemos refletir na Universidade o fisiologismo político e intransparencia que imperam nos comandos políticos nacional, estadual e municipal. Temos que dar o exemplo, é salutar para a democracia a alternação dos cargos, até como um instrumento necessário para desfeudalização da instituição. Que sanha é essa de não se desgarrar do poder?   Será uma ação personalista? Para mim é incompetência política. Não construir e abrir caminho para os sucessores. Da mesma forma , penso na indecorosidade de professores que se aposentam e concorrem a uma nova vaga na carreira. Função de professor é compartilhar,temos que nos  alegrar e sentir realizados com o ingresso de novos valores. Por enquanto, como professor aposentado, só temos a opção de voltar a trabalhar na Universidade, como substituto. O professor aposentado é apagado pelas áreas acadêmicas. Nem sendo convidado para importantes momentos onde produziu sua vida laboral. No meu Instituto, após minha aposentadoria, por algum tempo ainda éramos convidados. Isso passou logo. Voltamos ao ostracismos reservado aos aposentados. Felizmente, lá fora a vida ferve. É preciso dar oportunidade para que aposentados ainda estimulados a trabalhar desenvolvam planos de extensão, ensino e pesquisa, em alguma forma possível de inserção ( bolsas, projetos). É uma pena que com tanta experiência acumulada não se incorporem os “cabelos brancos” para contribuir e repassar experiências no campo acadêmico. Parece que é só querer. Esquecem-se que todos se aposentarão. Eu mesmo gostaria de conviver com experiências de extensão e interiorização com avaliação e redirecionamento político pedagógico dos cursos. Enfim, transferindo experiencias e conhecimentos que custaram muito em investimentos para a nação. Basta criar uma figura de inserção (visitante, bolsista...). Considero como essencial a função de ampliar acesso, a inclusão social, a interiorização, sobretudo a consolidação de uma política ampliada  de permanência de alunos. Achei estranho o Conselho Estadual da Igualdade Racial ter promovido um manifesto em apoio a atual reitora junto com entidade e algumas lideranças do Movimento Negro de MT. Primeiro, reafirma-se influencia externa, vez que sabemos quais políticos são donos de quais feudos e cargos. Este Conselho é Governamental, sabidamente ligado a grupamentos políticos. Como na Universidade, no Movimento Social uma palavra chave é autonomia. Desde que fundamos a Adufmat ( fui Presidente Provisório em 78 e da primeira diretoria em 79) lutamos contra o atrelamento de entidades como Sindicatos e Movimentos Sociais a partidos políticos, parlamentares e governantes. Aí está o equívoco. Normalmente levam-se propostas  a todos os candidatos. Aliás, fui abordado insistentemente para assinar pelo Movimento Negro, o que neguei. O mesmo aconteceu com Nieta, líder do GRUCON e do Movimento de Mulheres Negras. Tudo em nome da ética. Argumento que se usou foi que a reitora aprovou cotas raciais. Ora, eu fui o primeiro a elogiar a atitude da reitora aqui neste mesmo espaço. É certo que sem apoio da Reitoria não se consegue avançar para estes processos históricos de inclusão, mas é o Movimento Social, o Movimento Negro, os companheiros brancos contra o racismo,que protagonizam o papel central através de pressão às instituições governamentais. Felizmente os dois candidatos de oposição assumem esta causa. Temos que lutar pela autonomia, a mesma que orienta nossas posições no embate acadêmico. É preciso posicionar-se decorosamente sobre o assassinato de Toni Bernardo, onde a UFMT é ré. É preciso não fechar os olhos a escalada de destruição ambiental, o endeusamento do mercado na escalada predatória do Agro Negócio. É preciso posicionar-se e resistir contra a destruição do código florestal na sua proposta absurda de quebrar limites contra a conservação da natureza, as populações tradicionais. Hoje temos o embate massacrante do Estado-Nação contra as nações indígenas e povos quilombolas, na sanha abutre de caminhar para uma terra arrasada. Qual Uniselva? A que serviu de verniz parqa a ocupação predatória da Amazônia:- Projeto Aripuanã, hoje com um Humbolt, Dardanelos sepultados por uma energia destrutiva, ameaçados como no caso do Rio Teles Pires e tantos tributários da Bacia Amazônica e do Paraguai, arrast5ando à destruição cultural, física, pela fome e doenças  esta pátria afroamerindia. Em uma escalada agropecuária que despreza a agrisilvicultura, impondo a destruição das mata, cerrado,do solo, acumulando bombas relógio de destruição e matança vagarosa, com os “Ofensivos Agrícolas”, sem limites. Reforma agrária, sem terra, mandados para as calendas gregas!  As cidades, desfiguradas e trucidadas pela malversação pública, pela corrupção, pelo primado da aintiética . Pela péssima qualidade de ensino atestado por indicadores oficiais, onde a Universidade tem papel fundamental, na medida em que (de) forma os professores que irão para a rede pública. Pela saúde em estado de choque, agonizante, com o retorno de doenças e epidemias já debeladas desde o inicio do século XX. Campeão de doenças da miséria como hanseníase, tuberculose, leishmaniose. As florestas destruídas urbanizam os vetores, trazendo doenças a vontade, estimulada pela precariedade do Saneamento Básico e Ambiental. A UFMT, na gestão passada apoiou as OSS, tática para privatização e destruição da carreira pública. Concordou com a privatização dos HUS (EBSERH) implodindo com a tríade ensino, pesquisa e extensão. O que vai interessar é a produtividade. A saúde como mercadoria. Temos na UFMT uma grande quantidade de cursos com boa qualidade, alguns de ponta, apesar do déficit de apoio logístico. Não colocar a pesquisa como demanda de mercado conforme pensamento cultivado na FAPEMAT . A Fundação Uniselva é pressuposto disso. Quem tem dinheiro tempoder, é uma inversão na pauta acadêmica. Precisamos fazer um grqande Congresso Universitário e rever o Estatuto da UFMT criada como Fundação. É preciso avaliar e rever a necessidade do Conselho Diretor. É preciso descentralizar, horizontalizar e conectar as áreas acadêmicas, que não podem constituir-se em “Repúblicas”. Falta um eixo aglutinador. Isto não é possível só com Planejamento como função orçamentária. É preciso um Planejamento Estratégico e participativo para focar os grandes problemas da sociedade com o papel da Universidade, a partir da revelação dos  grande problemas do nosso cerrado, pantanal e amazônia. A partir do desvendamento dos grandes nós críticos na estrutura de poder e gestão da nossa Universidade. O eixo indutor e direcional da Universidade deve ser a cultura, daí se constroem as estruturas operacionais do badalado tripé ensino-pesquisa- extensão, na medida que estão “fertilizados” pela visão e necessidades do outro,da outra, da cultura como resiliencia, resistência, sobretudo como campo de saberes. O lema pode ser, Cultura, Direitos Humanos e Inclusão Social. Temos que enterrar os cadáveres, e ter saudades do futuro.

Waldir Bertulio

P.S. Não é necessário dizer, ou como dizemos nós cuiabanos, “ é chover no molhado”, torço para que a oposição vença, ou Prof. Fernando,( a quem conheci e incorporou demandas importantes como reitor) a quem declino meu voto, - ou o Prof Edinaldo, grande figura que muito contribuiu  no Instituto de Saúde Coletiva. A democracia interna avançará se um dos dois vencer. A luta é desigual.
  

Qual República?



Por que o povo acata regras que seriam a sua própria ruína? Haveria que inverter o protagonismo de poucos, diante de muitos, onde não há lugar para a tirania e a malversação pública. Povo corrompido não pode reconhecer os benefícios de uma cidade livre. A VIRTU, como participação de todos na vida política da cidade para o bem comum é que poderia preservar a liberdade de todos, e manter a cidade( Estado) a salvo da sua apropriação por interesses privados. A corrupção como postura que privilegia interesses privados em detrimento da coletividade, teria origem na desigualdade existente nas cidades. Assim, liberdade e igualdade são necessariamente próximas. Enfim, liga-se a VIRTU do povo com a VIRTU dos governantes. A Magistratura deveria ser cheia de VIRTU, e não permeada de interesses privados, povo corrompido x povo participante seriam elementos para superar as crises das comunidades políticas sempre que necessário. Pergunta: há um meio de estimular os cidadãos pelas leis da própria República? Este é um fragmento/síntese do pensamento do filósofo Nicolau Maquiavel, uma referencia clássica da filosofia e da política. A filosofia é um aporte fundamental para melhor entendimento da política , da economia, das instituições e das leis.  Desde a sua conhecida obra´´O Principe´´ (1513) sua produção percorre referencias clássicas na filosofia e na ciência política, foi um defensor do conceito de República. Dessa forma, seu pensamento não pode ser reduzido erroneamente ao conceito maquiavélico reinante, quando na verdade aprofundou-se no poder político fortemente critico e formulações onde o conflito é o elemento central da política. Para valorizar a liberdade, as virtudes cívicas, onde a política é um eixo de enfrentamento das contradições sociais e um espaço comum de vinculo para a sociedade. Ele ensina que as possíveis alternativas para os impasses da política e compreensão do seu universo, (muito importante para os nossos tempos) estão paralisados no cultivo do individualismo, no isolamento, egoísmo e apatia sobre as crises políticas. Tal como acontece nos tempos recentes. Na obra ´´Discurso Sobre a 1ª Década de Tito Livio´´ ele avança para as principais lições sobre os impasses da República, comparando as instituições públicas de Roma (defensor) com a de Florença, discutindo como  surgem os Estados  no mundo de contradições e conflitos políticos, como se mantém e se extinguem, falando das formas e reforma dos governos. Sua preferência por Roma está na condição de que esta seria uma cidade popular, enquanto a República Florentina seria uma cidade aristocrática (como Esparta). Os projetos públicos dependeriam em Roma, da participação do povo como guardião da liberdade contra a opressão. Decorrente disto, os conflitos e embates na guarda da liberdade e da VIRTU, (alcance do bem comum) opondo-se aos formuladores das leis que as editam e praticam em beneficio do seu poder pessoal ou de grupo. Estes escritos, foram produzidos por este, dos maiores pensadores de todos os tempos, treze anos a mais do que a data do ´´Descobrimento do Brasil´´ em 1500! Tudo em um cenário de lutas e rixas pelo poder e pela dominação. Seu  tema predileto, a liberdade, é desenvolvido por diversos autores modernos de filosofia política como Thomas Hobbes e Jean Jaques Rouseau. Tema denso para os estudiosos e analistas do momento no Brasil: 1 – no grande teste de passar a limpo as instituições políticas no julgamento do mensalão; 2- contra a dilapidação do patrimônio público em beneficio próprio e de grupos; 3- ir até as ultimas conseqüências com as máfias e crime organizado incrustados nos poderes do estado  (caso Cachoeira x Senado,   assassinato e ameaça de juízes ); 4 – punir os agentes do Estado pelos mal feitos cometidos; 5- coibir a farra de políticos e gestores inescrupulosos com o dinheiro público; 6 – desvendar as ligações espúrias de grupos financeiros(  caso Delta) com o Governo Federal, Estaduais,Imprensa e instâncias Parlamentares; 7 – banir da vida pública as pencas infindáveis de políticos e gestores corruptos; 8 – banir a compra de votos e mandatos; 9- moralizar e investir na educação, (prioridade desde Maquiavel) Saúde, Seguridade Social, combatendo a corrupção de princípios quando empreendem a privatização do Estado, enfraquecendo as políticas sociais. Este governo confunde fazer opinião pública com maquiavelismo, leitura deturpada do enfrentamento dos conflitos e contradições para uma sociedade democrática. Precisarão reler Maquiavel? Ou, a ética estiolada pode ser recomposta gradativamente?

(In) Constitucionalidade das cotas raciais?

O Supremo Tribunal Federal julgou na semana passada suas ações de inconstitucionalidade das cotas raciais, uma na UNB, outra na UFRG, respectivamente nas  Universidades Federais do Rio Grande do Sul e Brasília. Quem moveu a ação  foi o partido “Democratas” (DEM), o que não se constitui em nenhuma novidade, vez que historicamente alinhou-se desde sua inserção e acoplamento com o regime de exceção  (PDS, ARENA,PFL) e outros vernizes como o atual PSD,PR, o PP de Jair Bolsonaro, que encaminhou conjuntamente a ADIN( Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra as cotas raciais na UNB e na UFRG. Políticos como o Senador Demóstenes Torres (DEM), que elaborou uma imagem de político ético e integro negou que houvesse racismo no Brasil, em suas argumentações contra as cotas, chegando ao absurdo de dizer que “a escravidão foi lucrativa para a África! Também ele era e é corrupto, preposto de Carlinhos Cachoeira, bicheiro e mega empresário dos jogos de azar acusado de muitos crimes. Como no caso de Arcanjo Ribeiro, não só aqui em MT, se ele falar a verdade sobre as ligações espúrias com políticos que o traíram, haja cadeia! Ele sabe que corre risco como arquivo vivo. Interessante é localizar pessoas que são contra Ações Afirmativas e Cotas Raciais na própria Universidade com o mesmo pensamento e argumento. A maioria esmagadora dos pensadores de peso que eram  contrárias já declararam suas autocríticas face a incontestável brutalidade dos indicadores econômicos e sociais vinculados à história da colonização e das desigualdades em nosso país.Alguns ainda resistem  defendendo a triste e caricata meritocracia construída sob os valores da elite do nosso país com discursos absolutamente frágeis e inconseqüentes, na medida que “deletam” a realidade do país, onde a Universidade deveria estar ancorada. Será  um problema ideológico ou de má fé? A ideologia está mais viva do que nunca, alinhando no mesmo pensamento gente ultra conservadora  com progressistas   ou pseudo esquerdistas. Após 20 anos de luta pelas Ações Afirmativas e Cotas Raciais e centenas de ações de inconstitucionalidade nas mais de 120 instituições que a adotaram (só no Paraná, um Estado de enclave europeu, onde a UFPR foi das primeiras a adotar Cotas Raciais, são mais de 40 ações), pois bem, está tudo extinto com a decisão do STF julgando constitucional as Cotas Raciais. Estão garantidas, não há revisão de ofício (lembra-me de artigo em um jornal de Cuiabá apelando e esperando a decisão de inconstitucionalidade). E agora, para que apelarão? Alguns fatores posso elencar como favoráveis, desde o pavor de serem chamados de racistas, até as falas sucintas e contundentes, absolutamente imbatíveis do Ministro Lewandowsky na relatoria, da Ministra Carmen Lucia , da Ministra Rosa, do veterano Ministro Celso de Melo que corroborou consistentemente a posição do relator. O que acumula forças é a perspectiva de refundação dos mitos na justiça, ancorada nas teorias de Rowels, centradas na equidade e na justiça jurídico-política. A meu ver, os Ministros do STF sempre souberam de todos os fatos sociais que sustentaram a legitimidade desta votação, mas nunca haviam opinado ou expressado suas posições. É evidente que um fator de pressão é uma demanda social avassaladora em busca da tutela de direitos que competem aos poderes do Estado. O caminho efetivo para avançar na construção de uma ética jurídica rompe com o cinismo de tantos, fundado na compreensão do processo social, onde se  engancham a discriminação, o preconceito, o machismo, o sexismo,  a homofobia e as desigualdades sociais. É reconhecer o outro/a outra na vertente cultural  e antropológica do direito e da justiça, impondo a desativação da falsa neutralidade jurídica, que tem como objetivo suprimir e/ou liquidar com as diferenças. Ou, quebram com a pretensa igualdade formal perante a lei. Temos que entender o valor do outro/outra em nossa pequenez, nossa fragilidade e incompletude.  Aí poderemos constatar a origem e a irredutibilidade das diferenças. Quando negamos a diferença em uma pretensa objetividade científica, estamos na verdade coisificando o outro, a outra, reduzindo-os a objeto. Assim, o racismo permeia e motiva ações de violência e desrespeito à dignidade e aos direitos humanos da maioria da população brasileira. O STF agiu dignamente. JUSTIÇA CONCRETA E JUSTIÇA POLÍTICA.