A corrupção
eleitoral é um fio de meada dos desvios nos recursos públicos.Alianças
políticas sem princípios,compra de votos.Ética para que?Eliana Calmon encerrou
seu mandato na Corregedoria Nacional de Justiça. Brilhantemente.Enfrentou
grandes conflitos defendendo amplamente o poder investigatório do CNJ.O Ministro
Francisco Falcão novo Corregedor do CNJ,revelou que tenciona ser discreto,dizendo
textualmente:”Quem estiver pensando que com a saída de Eliana Calmon irei modificar(o rigor do CNJ),está
completamente enganado.Continuará do mesmo jeito,eu sou
mediador”.Arrematando,disse que vai combater “meia dúzia de vagabundos que,precisam
ser retirados do judiciário”.Criticou severamente o sigilo fiscal e bancário
que protege as autoridades brasileiras,dizendo ser necessário “tirar da justiça
as maçãs podres”.Em breve José Dirceu estará sendo julgado no processo do
Mensalão, colocando-se como vitima,clamou pelos povo nas ruas,dizendo-se vitima
da mídia e de uma armação.Convocou a Juventude Socialista em seu congresso,para
travar a batalha final nas ruas.Não bastando,disse que se for condenado pedirá
asilo em uma embaixada.Com ele,muitos que se apossaram do poder para
malversá-lo,poderão agora pela primeira vez prestar contas á Justiça.Seu
enquadramento de formação de quadrilha e corrupção é lógico,frente aos fatos
desvendados.Ainda que,com grandes avanços empreendidos pela justiça,as travas
para retirar o então presidente Lula da Silva do “olho do furação”,deram certo,mas
o ex Presidente não contentou-se ,lutando para “desmentir a farsa do
mensalão”.Em qualquer país sério as investigações chegariam até a última
instancia dos donos do poder .O papel da CPI na crise do mensalão em 2005 foi o
abrandamento para impedir a inclusão do Presidente Lula da Silva.Na denuncia
apresentada pelo Procurador Geral da
Republica Roberto Gurgel ao STF,ele falou do crime entre quatro paredes(Casa
Civil),porta de entrada da Presidencia da Republica.A declaração do Ministro
Marco Aurelio de Melo foi mais que contundente,em entrevista ao jornal O
Globo,quando respondeu ao reporter:” Você acha que um sujeito safado como o
Lula não sabia?”.Apesar de toda evidencia,o então Presidentte foi isento de
qualquer responsabilidade.Recentemente,em entrevista ao jornal americano The New York Times,disse que não acredita que o
mensalão tenha existido.Este circo montado á partir da CPI dos correios em
2005,faz com que os protagonistas desse cenário estejam perplexos com a
justiça,arrancando-os do antro da corrupção.Apesar do Procurador Gurgel ter
relatado o uso de carros fortes para transporte do dinheiro á ser distribuído,continua
um enigma a origem dos recursos oriundos do Banco Rural e do BMG,para pagar
parlamentares.Nas investigações,uma das origens vem da Prefeitura de Santo
André,onde o prefeito Celso Daniel ,foi assassinado brutalmente,antes do inicio
da campanha de Lula da Silva em 2002.Figuras da Prefeitura naquele momento,o
atual Secretario Geral da Presidência Gilberto Carvalho,a Ministra atual do
Planejamento Myriam Belchior ,ex mulher de Celso Daniel.A mesma “xerife”
irredutível ,cumprindo as ordens da Presidência na negativa de negociar com os
professores das Universidades Federais,impondo falsos ganhos salariais,corte de
pontos e perseguição aos servidores públicos. O ocorreu no escândalo da eleição á Prefeitura de
Cuiabá.Nas próximas eleições,caixas fechadas trazidas por jatos de madrugada
para entrega com escolta policial,quando Abicalil foi candidato,tendo sua
campanha sido lançada em festa na residência de Valderbran Padilha no bairro
Poção.Com o surgimento do escândalo, só faltou dizer que não conhecia
Valderbran Padilha acusado com outros por formação de quadrilha e lavagem de
dinheiro na compra do dossiê anti-tucanos em São Paulo em 2006.Lula da Silva chamou-os
candidamente de “aloprados”.Ali também uma vinculação á máfia dos sanguessugas
dos Vedoin aqui em MT .Fraudes em licitações só chegam a ambulâncias superfaturadas? Após sete anos
deste escândalo,o MP Federal denunciou em 15/06 passado os aloprados.Infelizmente
encaminharam anteriormente a isenção da família Vedoin,sem chegar a origem de todo dinheiro , nem provará ocorrência de
crime eleitoral.Incontáveis os que continuarão acima da lei?
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Qual Universidade? Ou, Inquietudes e Elucubrações de um Professor Aposentado
Entendo que precisa acontecer uma refundação da UFMT, (com todo respeito
ao processo de fundação da Instituição) no sentido do subjetivo,e que envolve
diretamente as relações de poder na instituição. Persistem feudos que
influenciam as práticas acadêmicas, e
este enclave centralmente é na gestão.
Aqui estamos nós, no século XXI, onde a “modernidade” impõe uma
ideologia ensangüentada pela violência e desigualdade conduzida por uma
perversa globalização econômica, financeira e cultural. Cá da academia, será
que a visão do iluminismo construiu um paradigma pós moderno? Reduziram as
esperanças e utopias a um simulacro de transformação do mundo? É um quadro
patético, da humanidade sucumbindo, desumanizando, aprofundada na dominação do
mercado, intensificando a intolerância e a discriminação. Aqui estamos, a
UNISELVA, conforme a marca da Ditadura Militar assistindo passivos ou ajudando
a esconder os grandes genocidas que
praticamente estão naturalizados. Assistimos indiferentes ou horrorizados a
nação/estado contra os povos indígenas,quilombolas,sem terra, famintos urbanos
e rurais no cenário da devastação plena da natureza e povos originais e
tradicionais. Será que as instituições, e aqui a UFMT, estariam esgotadas, sem
saídas? Acho que não, apesar do desprezo a nossa realidade social, em que fazer predominantemente
esquizofrênico, como se não existisse o mundo real, e colocando-se desde a
omissão e do silencio a serviço do genocídio. Novas lideranças autônomas para
que? É preciso manter o “status quo”. É tragicômico, aí está o caráter da
refundação? Rehumanizar, reinventar os
vínculos com o outro,a outra, aquele que não cabe na redoma meritocrática e de
isolacionismo acadêmico. O paradigma moderno esfacelou-se, não há que ter
nostalgia, ela pode gerar fanatismo. Crimes contra a humanidade, direitos
humanos, de genocídio em genocídio, a transparência do mau, que não poderá
exaurir valores e sonhos. Precisamos romper com a amnésia dos sonhos. Que razão absoluta é esta, que
transforma tudo semelhante a um câncer, com suas metástases mortíferas? As
esperanças teriam sido rompidas, destruindo a busca da emancipação? Temos que refletir do porque
duas grandes guerras e um muro (derrubado em 1989) decretaram este conhecimento
com rompimento da crença de alcançar um mundo e uma vida melhores. Onde esta
visão de mundo? Direitos Humanos, Defesa da Cidadania, Socialismo, Revolução, a
guerra do direito,para onde caminham?
Retorno a maio de 68, onde segundo Emanoel Levines ..., diz: “ encerrou-se a alegria do desespero, um
ultimo abraço na justiça humana, na felicidade. Nossa democracia atual,
ocidental, é uma aparência. Uma farsa serviço da violência institucional. A
derrubada das torres gêmeas teria sido um ato simbólico e factual do que
arrastou~se das guerras desde 1945? Democracias ocidentais como a nossa são
imperiais na sua estrutura de poder, temos um Estado Nacuinal genicida. Segundo
Baudrillard projetos de dominação obscenos. O que vemos é a satanização da
diferença, uma avalanche que vem dede Timor Leste, as Colônias Africanas, o
Continente negro dizimado da Indochina, de Sabra, Chatillia, Argélia, aos
Paises Árabes, aos estopim da Grécia em
rastros de violência e de resistência. Neste contexto é que poderemos repensar
os valores da educação e da Universidade Pública. No meio da fúria da exclusão
e discriminação, prisões efetivas que não oferecem saída. Esta é a
condenação.Assistindo o debate da eleição a Reitoria da UFMT, gostaria de poder ouvir propostas de projetos
integrais de educação calcados nos Direitos Humanos e Cidadania,retomando a
esperança real como necessidade de ser retomada. Infelizmente, onde deveria ser
o espalo permanente da reflexão, debate e critica não há tempo nem espaço para
esta construção, na medida em que reproduz a ação política externa. Refundação,
é um termo criado por Pierre Legansdre, romancista, historiador, jurista e
psicoanalista, francês, em busca da suepração dos perigos de barbarização e
perdas de humNIDade. Refundar é reinventar a cultura, pensar alem do dado, o já
estabelecido não é o único caminho para se preoduzir idéias socialmente
cúmplices. O professor Luis Alberto Warate, (UFSC) diz que refundar é pensar a
mesma idade desde o outro que está em mim para poder produzir o novo, conviver
com o imprevisível, e poder escutar meus próprios sentimentos, valores e
esperanças.quer dizer, é preciso mexer com as consciências acomodadas, que
crêem estar nas posses de uma lugar de normalidade. Repensar tudo que nos
coloca em situações de opressão, descriminação e exclusão, seja no lugar do
oprimido, onde o opressor recoloca suas visões de mundo. As visões de mundo
junto aqueles que não fazem parte de todas estas certezas. Correntes herdadas de Foucalt ( final anos
60) proclamaram o fim dos intelectuais eruditos, filhos da razão abstrata, da
modernidade dos paradigmas. Esse erudito esvaiu-se, ressurgindo o que estava
oculto antes, o intelectual que de posse do poder dos saberes ( ou pseudo
saber) os exercem para favorecer ou eliminar a vida. Parece apropriada essa
discussão nos muros da Universidade. Retornar a Foucalt e pensadores dos anos
70, para afirmar o tumulo do intelectual, e lutar para libertar a vida e o
pensamento. O futuro da sociedade sustentar-se-á pela alteridade, gente
diferente e autônoma. D’aí invocar o valor da poética que permite ver através
das artes, a poesia incorporada a vida, os elementos nobres da condição humana ,
resgatando a dimensão do humano sagrado, até a dignidade ou a nobreza na
miséria humana. Estética e arte são irmãs siamesas. A poética é a maneira mais
livre de mostrar o valor ético das condutas humanas. Em nosso caso,
UFMT/Universidade Públicas, é necessário vincular a vida ( individual,coletiva
,a natureza) com a verdadeira política. Cabe a academia praticar, ser sujeito
do poder político, e não objeto. Devo dizer que assisti ao debate dos
reitoráveis:- a atual reitora, exercendo todo o poder para a reeleição,
desfilando discurso tipo políticos lá de
fora, revelando-se instável quando provocada ou acossada. Infelizmente pudemos
ouvir apenas fragmentos de propostas e feitos (materiais) distante de
conhecermos o pensamento dos candidatos, vez que o debate é restrito, ao invés
de ser conduzido por um tempo mais extenso e com antecedência. Obviamente que
se isto é efetuado de “afogadilho”, pouquíssimo tempo, soa como um golpe, ainda
acompanhado de práticas fisiológicas ( jantar eleitoral e outras formas).
Aliás, por que os campus do interior não fazem eleições? Gostaria muito que
fosse feita uma auditoria nas obras em Cuiabá e interior, na Fundação Uniselva,
nas licitações,e que fosse repensado o processo de planejamento da UFMT.
Potencialmente, as fragilidades podem oferecer surpresas, mas também grande e
benéficas correções. De princípio, eu sou contra a reeleição.Acho que uma
gestão coletiva bem conduzida pode acumular força democrática, de maneira que
mandatários apóiem outro de sua equipe para poder retornar a sua função
original de professor, professora nas lides do ensino, pesquisa, extensão.
Considero como um problema central a gestão da UFMT, que precisa libertar-se de
vez do comando de fora para dentro da instituição. Não podemos refletir na Universidade o
fisiologismo político e intransparencia que imperam nos comandos políticos
nacional, estadual e municipal. Temos que dar o exemplo, é salutar para a
democracia a alternação dos cargos, até como um instrumento necessário para
desfeudalização da instituição. Que sanha é essa de não se desgarrar do poder? Será uma ação personalista? Para mim é
incompetência política. Não construir e abrir caminho para os sucessores. Da
mesma forma , penso na indecorosidade de professores que se aposentam e
concorrem a uma nova vaga na carreira. Função de professor é compartilhar,temos
que nos alegrar e sentir realizados com
o ingresso de novos valores. Por enquanto, como professor aposentado, só temos
a opção de voltar a trabalhar na Universidade, como substituto. O professor
aposentado é apagado pelas áreas acadêmicas. Nem sendo convidado para
importantes momentos onde produziu sua vida laboral. No meu Instituto, após
minha aposentadoria, por algum tempo ainda éramos convidados. Isso passou logo.
Voltamos ao ostracismos reservado aos aposentados. Felizmente, lá fora a vida
ferve. É preciso dar oportunidade para que aposentados ainda estimulados a
trabalhar desenvolvam planos de extensão, ensino e pesquisa, em alguma forma
possível de inserção ( bolsas, projetos). É uma pena que com tanta experiência
acumulada não se incorporem os “cabelos brancos” para contribuir e repassar
experiências no campo acadêmico. Parece que é só querer. Esquecem-se que todos
se aposentarão. Eu mesmo gostaria de conviver com experiências de extensão e
interiorização com avaliação e redirecionamento político pedagógico dos cursos.
Enfim, transferindo experiencias e conhecimentos que custaram muito em
investimentos para a nação. Basta criar uma figura de inserção (visitante,
bolsista...). Considero como essencial a função de ampliar acesso, a inclusão
social, a interiorização, sobretudo a consolidação de uma política
ampliada de permanência de alunos. Achei
estranho o Conselho Estadual da Igualdade Racial ter promovido um manifesto em
apoio a atual reitora junto com entidade e algumas lideranças do Movimento
Negro de MT. Primeiro, reafirma-se influencia externa, vez que sabemos quais políticos
são donos de quais feudos e cargos. Este Conselho é Governamental, sabidamente
ligado a grupamentos políticos. Como na Universidade, no Movimento Social uma
palavra chave é autonomia. Desde que fundamos a Adufmat ( fui Presidente
Provisório em 78 e da primeira diretoria em 79) lutamos contra o atrelamento de
entidades como Sindicatos e Movimentos Sociais a partidos políticos,
parlamentares e governantes. Aí está o equívoco. Normalmente levam-se
propostas a todos os candidatos. Aliás,
fui abordado insistentemente para assinar pelo Movimento Negro, o que neguei. O
mesmo aconteceu com Nieta, líder do GRUCON e do Movimento de Mulheres Negras.
Tudo em nome da ética. Argumento que se usou foi que a reitora aprovou cotas
raciais. Ora, eu fui o primeiro a elogiar a atitude da reitora aqui neste mesmo
espaço. É certo que sem apoio da Reitoria não se consegue avançar para estes
processos históricos de inclusão, mas é o Movimento Social, o Movimento Negro,
os companheiros brancos contra o racismo,que protagonizam o papel central
através de pressão às instituições governamentais. Felizmente os dois
candidatos de oposição assumem esta causa. Temos que lutar pela autonomia, a
mesma que orienta nossas posições no embate acadêmico. É preciso posicionar-se
decorosamente sobre o assassinato de Toni Bernardo, onde a UFMT é ré. É preciso
não fechar os olhos a escalada de destruição ambiental, o endeusamento do
mercado na escalada predatória do Agro Negócio. É preciso posicionar-se e
resistir contra a destruição do código florestal na sua proposta absurda de
quebrar limites contra a conservação da natureza, as populações tradicionais.
Hoje temos o embate massacrante do Estado-Nação contra as nações indígenas e
povos quilombolas, na sanha abutre de caminhar para uma terra arrasada. Qual
Uniselva? A que serviu de verniz parqa a ocupação predatória da Amazônia:-
Projeto Aripuanã, hoje com um Humbolt, Dardanelos sepultados por uma energia
destrutiva, ameaçados como no caso do Rio Teles Pires e tantos tributários da
Bacia Amazônica e do Paraguai, arrast5ando à destruição cultural, física, pela
fome e doenças esta pátria
afroamerindia. Em uma escalada agropecuária que despreza a agrisilvicultura,
impondo a destruição das mata, cerrado,do solo, acumulando bombas relógio de
destruição e matança vagarosa, com os “Ofensivos Agrícolas”, sem limites.
Reforma agrária, sem terra, mandados para as calendas gregas! As cidades, desfiguradas e trucidadas pela
malversação pública, pela corrupção, pelo primado da aintiética . Pela péssima
qualidade de ensino atestado por indicadores oficiais, onde a Universidade tem
papel fundamental, na medida em que (de) forma os professores que irão para a
rede pública. Pela saúde em estado de choque, agonizante, com o retorno de
doenças e epidemias já debeladas desde o inicio do século XX. Campeão de
doenças da miséria como hanseníase, tuberculose, leishmaniose. As florestas
destruídas urbanizam os vetores, trazendo doenças a vontade, estimulada pela
precariedade do Saneamento Básico e Ambiental. A UFMT, na gestão passada apoiou
as OSS, tática para privatização e destruição da carreira pública. Concordou
com a privatização dos HUS (EBSERH) implodindo com a tríade ensino, pesquisa e
extensão. O que vai interessar é a produtividade. A saúde como mercadoria.
Temos na UFMT uma grande quantidade de cursos com boa qualidade, alguns de
ponta, apesar do déficit de apoio logístico. Não colocar a pesquisa como
demanda de mercado conforme pensamento cultivado na FAPEMAT . A Fundação
Uniselva é pressuposto disso. Quem tem dinheiro tempoder, é uma inversão na
pauta acadêmica. Precisamos fazer um grqande Congresso Universitário e rever o
Estatuto da UFMT criada como Fundação. É preciso avaliar e rever a necessidade
do Conselho Diretor. É preciso descentralizar, horizontalizar e conectar as
áreas acadêmicas, que não podem constituir-se em “Repúblicas”. Falta um eixo
aglutinador. Isto não é possível só com Planejamento como função orçamentária.
É preciso um Planejamento Estratégico e participativo para focar os grandes
problemas da sociedade com o papel da Universidade, a partir da revelação
dos grande problemas do nosso cerrado,
pantanal e amazônia. A partir do desvendamento dos grandes nós críticos na
estrutura de poder e gestão da nossa Universidade. O eixo indutor e direcional
da Universidade deve ser a cultura, daí se constroem as estruturas operacionais
do badalado tripé ensino-pesquisa- extensão, na medida que estão “fertilizados”
pela visão e necessidades do outro,da outra, da cultura como resiliencia,
resistência, sobretudo como campo de saberes. O lema pode ser, Cultura,
Direitos Humanos e Inclusão Social. Temos que enterrar os cadáveres, e ter
saudades do futuro.
Waldir Bertulio
P.S. Não é necessário dizer, ou
como dizemos nós cuiabanos, “ é chover no molhado”, torço para que a oposição
vença, ou Prof. Fernando,( a quem conheci e incorporou demandas importantes
como reitor) a quem declino meu voto, - ou o Prof Edinaldo, grande figura que
muito contribuiu no Instituto de Saúde
Coletiva. A democracia interna avançará se um dos dois vencer. A luta é
desigual.
Qual República?
Por que o povo acata regras que
seriam a sua própria ruína? Haveria que inverter o protagonismo de poucos,
diante de muitos, onde não há lugar para a tirania e a malversação pública.
Povo corrompido não pode reconhecer os benefícios de uma cidade livre. A VIRTU,
como participação de todos na vida política da cidade para o bem comum é que
poderia preservar a liberdade de todos, e manter a cidade( Estado) a salvo da
sua apropriação por interesses privados. A corrupção como postura que privilegia
interesses privados em detrimento da coletividade, teria origem na desigualdade
existente nas cidades. Assim, liberdade e igualdade são necessariamente
próximas. Enfim, liga-se a VIRTU do povo com a VIRTU dos governantes. A
Magistratura deveria ser cheia de VIRTU, e não permeada de interesses privados,
povo corrompido x povo participante seriam elementos para superar as crises das
comunidades políticas sempre que necessário. Pergunta: há um meio de estimular
os cidadãos pelas leis da própria República? Este é um fragmento/síntese do
pensamento do filósofo Nicolau Maquiavel, uma referencia clássica da filosofia
e da política. A filosofia é um aporte fundamental para melhor entendimento da
política , da economia, das instituições e das leis. Desde a sua conhecida obra´´O Principe´´
(1513) sua produção percorre referencias clássicas na filosofia e na ciência política,
foi um defensor do conceito de República. Dessa forma, seu pensamento não pode
ser reduzido erroneamente ao conceito maquiavélico reinante, quando na verdade
aprofundou-se no poder político fortemente critico e formulações onde o
conflito é o elemento central da política. Para valorizar a liberdade, as
virtudes cívicas, onde a política é um eixo de enfrentamento das contradições
sociais e um espaço comum de vinculo para a sociedade. Ele ensina que as
possíveis alternativas para os impasses da política e compreensão do seu
universo, (muito importante para os nossos tempos) estão paralisados no cultivo
do individualismo, no isolamento, egoísmo e apatia sobre as crises políticas.
Tal como acontece nos tempos recentes. Na obra ´´Discurso Sobre a 1ª Década de
Tito Livio´´ ele avança para as principais lições sobre os impasses da
República, comparando as instituições públicas de Roma (defensor) com a de
Florença, discutindo como surgem os
Estados no mundo de contradições e
conflitos políticos, como se mantém e se extinguem, falando das formas e
reforma dos governos. Sua preferência por Roma está na condição de que esta
seria uma cidade popular, enquanto a República Florentina seria uma cidade
aristocrática (como Esparta). Os projetos públicos dependeriam em Roma, da
participação do povo como guardião da liberdade contra a opressão. Decorrente
disto, os conflitos e embates na guarda da liberdade e da VIRTU, (alcance do
bem comum) opondo-se aos formuladores das leis que as editam e praticam em
beneficio do seu poder pessoal ou de grupo. Estes escritos, foram produzidos
por este, dos maiores pensadores de todos os tempos, treze anos a mais do que a
data do ´´Descobrimento do Brasil´´ em 1500! Tudo em um cenário de lutas e
rixas pelo poder e pela dominação. Seu
tema predileto, a liberdade, é desenvolvido por diversos autores
modernos de filosofia política como Thomas Hobbes e Jean Jaques Rouseau. Tema
denso para os estudiosos e analistas do momento no Brasil: 1 – no grande teste
de passar a limpo as instituições políticas no julgamento do mensalão; 2-
contra a dilapidação do patrimônio público em beneficio próprio e de grupos; 3-
ir até as ultimas conseqüências com as máfias e crime organizado incrustados
nos poderes do estado (caso Cachoeira x
Senado, assassinato e ameaça de juízes ); 4 – punir os
agentes do Estado pelos mal feitos cometidos; 5- coibir a farra de políticos e
gestores inescrupulosos com o dinheiro público; 6 – desvendar as ligações espúrias
de grupos financeiros( caso Delta) com o
Governo Federal, Estaduais,Imprensa e instâncias Parlamentares; 7 – banir da
vida pública as pencas infindáveis de políticos e gestores corruptos; 8 – banir
a compra de votos e mandatos; 9- moralizar e investir na educação, (prioridade
desde Maquiavel) Saúde, Seguridade Social, combatendo a corrupção de princípios
quando empreendem a privatização do Estado, enfraquecendo as políticas sociais.
Este governo confunde fazer opinião pública com maquiavelismo, leitura
deturpada do enfrentamento dos conflitos e contradições para uma sociedade
democrática. Precisarão reler Maquiavel? Ou, a ética estiolada pode ser
recomposta gradativamente?
(In) Constitucionalidade das cotas raciais?
O Supremo Tribunal Federal julgou
na semana passada suas ações de inconstitucionalidade das cotas raciais, uma na
UNB, outra na UFRG, respectivamente nas
Universidades Federais do Rio Grande do Sul e Brasília. Quem moveu a
ação foi o partido “Democratas” (DEM), o
que não se constitui em nenhuma novidade, vez que historicamente alinhou-se
desde sua inserção e acoplamento com o regime de exceção (PDS, ARENA,PFL) e outros vernizes como o
atual PSD,PR, o PP de Jair Bolsonaro, que encaminhou conjuntamente a ADIN( Ação
Direta de Inconstitucionalidade) contra as cotas raciais na UNB e na UFRG.
Políticos como o Senador Demóstenes Torres (DEM), que elaborou uma imagem de
político ético e integro negou que houvesse racismo no Brasil, em suas
argumentações contra as cotas, chegando ao absurdo de dizer que “a escravidão
foi lucrativa para a África! Também ele era e é corrupto, preposto de Carlinhos
Cachoeira, bicheiro e mega empresário dos jogos de azar acusado de muitos
crimes. Como no caso de Arcanjo Ribeiro, não só aqui em MT, se ele falar a
verdade sobre as ligações espúrias com políticos que o traíram, haja cadeia!
Ele sabe que corre risco como arquivo vivo. Interessante é localizar pessoas
que são contra Ações Afirmativas e Cotas Raciais na própria Universidade com o
mesmo pensamento e argumento. A maioria esmagadora dos pensadores de peso que
eram contrárias já declararam suas
autocríticas face a incontestável brutalidade dos indicadores econômicos e
sociais vinculados à história da colonização e das desigualdades em nosso
país.Alguns ainda resistem defendendo a
triste e caricata meritocracia construída sob os valores da elite do nosso país
com discursos absolutamente frágeis e inconseqüentes, na medida que “deletam” a
realidade do país, onde a Universidade deveria estar ancorada. Será um problema ideológico ou de má fé? A
ideologia está mais viva do que nunca, alinhando no mesmo pensamento gente
ultra conservadora com progressistas ou
pseudo esquerdistas. Após 20 anos de luta pelas Ações Afirmativas e Cotas
Raciais e centenas de ações de inconstitucionalidade nas mais de 120
instituições que a adotaram (só no Paraná, um Estado de enclave europeu, onde a
UFPR foi das primeiras a adotar Cotas Raciais, são mais de 40 ações), pois bem,
está tudo extinto com a decisão do STF julgando constitucional as Cotas
Raciais. Estão garantidas, não há revisão de ofício (lembra-me de artigo em um
jornal de Cuiabá apelando e esperando a decisão de inconstitucionalidade). E
agora, para que apelarão? Alguns fatores posso elencar como favoráveis, desde o
pavor de serem chamados de racistas, até as falas sucintas e contundentes,
absolutamente imbatíveis do Ministro Lewandowsky na relatoria, da Ministra
Carmen Lucia , da Ministra Rosa, do veterano Ministro Celso de Melo que
corroborou consistentemente a posição do relator. O que acumula forças é a
perspectiva de refundação dos mitos na justiça, ancorada nas teorias de Rowels,
centradas na equidade e na justiça jurídico-política. A meu ver, os Ministros
do STF sempre souberam de todos os fatos sociais que sustentaram a legitimidade
desta votação, mas nunca haviam opinado ou expressado suas posições. É evidente
que um fator de pressão é uma demanda social avassaladora em busca da tutela de
direitos que competem aos poderes do Estado. O caminho efetivo para avançar na
construção de uma ética jurídica rompe com o cinismo de tantos, fundado na
compreensão do processo social, onde se engancham
a discriminação, o preconceito, o machismo, o sexismo, a homofobia e as desigualdades sociais. É
reconhecer o outro/a outra na vertente cultural
e antropológica do direito e da justiça, impondo a desativação da falsa
neutralidade jurídica, que tem como objetivo suprimir e/ou liquidar com as
diferenças. Ou, quebram com a pretensa igualdade formal perante a lei. Temos que
entender o valor do outro/outra em nossa pequenez, nossa fragilidade e
incompletude. Aí poderemos constatar a
origem e a irredutibilidade das diferenças. Quando negamos a diferença em uma
pretensa objetividade científica, estamos na verdade coisificando o outro, a
outra, reduzindo-os a objeto. Assim, o racismo permeia e motiva ações de
violência e desrespeito à dignidade e aos direitos humanos da maioria da
população brasileira. O STF agiu dignamente. JUSTIÇA CONCRETA E JUSTIÇA
POLÍTICA.
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