Um dos grandes problemas enfrentados pelo Governo que assume em
2015 é a dificuldade de acesso à informações. Por que? –Os relatórios
que são oferecidos, grande parte das vezes ocultam, ao invés de revelar os
dados reais da gestão governamental em MT até agora. Parece que há uma
reprodução desde o nível federal, essa cultura de maquiar as contas públicas.
Esse falseamento da verdade pode ser detectado por alguns elementos claramente
expostos, na tentativa de não revelar graves problemas com os gastos e finanças
públicas de MT. Conhecer detalhadamente tudo isto, com seus impactos e cenários
possíveis, é um problema eminentemente técnico. É técnico, porquê precisa de
instrumentais para diagnóstico e análise, é político, porquê situa-se como
elemento essencial na implementação das decisões e prioridades políticas.
Infelizmente a primeira aproximação do diagnóstico da Comissão de Transição
efetuado pela equipe do novo Governador é apenas um primeiro momento. Essencial
para efetuar detalhamentos verossímeis após uma fase de reconhecimento concreto
nos primeiros tempos após a posse. Hajam revelações, e responsabilizações! Claro
que um os pontos cruciais deste primeiro momento será mostrar como a nova
equipe encontrou de fato a estrutura e funcionamento da máquina pública, tendo
como eixo as finanças. O poder de decisão na alocação de recursos públicos é
essencialmente político, dependente da conexão com a técnica, como propulsora,
indutora e operadora de viabilidade das diretrizes políticas. É preciso
entender melhor essa aparente separação e ação conceitual e prática que vem
sendo colocada nas ações técnicas e políticas. O domínio de saberes, tanto ao
nível empírico, do senso comum, das técnicas de domínio popular (não
necessariamente chanceladas pela academia), quanto o saber científico, são
conhecimentos que constroem a ação pública. Tanto a política quanto a técnica têm
uma resolução restrita quando descoladas das suas funções sociais. Quando se
fala em política, a percepção imediata é voltada a estrutura dos poderes do
Estado: Governo, Legislativos, Partidos, votação e os interesses contidos, via
de regra embutidos nos discursos e argumentos dos operadores do Estado. O
caminho a ser tomado depende dos interesses hegemônicos da política, podendo
ser circunstanciais os interesses dos grupos no poder. O conceito de política
extrapola esse âmbito público, este espaço de contendas que passamos a ver cada
vez mais ostensivas e violentas, na medida em que a governabilidade que temos
assistido é descolada de um plano ou projeto volta para toda a sociedade. A
tecnocracia, a burocracia perversa, que atrapalham a eficácia, a efetividade
das políticas públicas não são uma expressão específica das técnicas. Sim, um
desvio nas escolhas que deveriam construir convergência entre técnica e
política. Então, um problema técnico na sua qualificação deve ser também um
problema eminentemente político. A técnica sem resolução política é pobre, ela deveria
compor o conjunto de uma direcionalidade sob o pressuposto da construção de uma
ética pública. Os grupos técnicos neste momento, continuam debruçados sobre os
grandes problemas e gargalos do Estado, das políticas setoriais, para poder
conduzir mudanças sobre as necessidades sentidas e sofridas pelo povo de Mato Grosso.
Começam por esclarecer o porquê desses problemas, suas causas, cenários e
perspectivas para superação. Isto é essencialmente técnico-político. O processo
social tem que ser compreendido, ele não está delimitado, pois é construído
continuamente. Isto é corolário da necessária junção entre política e técnica.
Então, quando se fala na escolha de um secretariado técnico, a concepção do
Governo, ao contrário do que possa parecer, ou mal interpretar, é
essencialmente de cunho e nascedouro político. Para onde correrão as ações do
setor público, do orçamento fiscal e Global do Estado? Mais difícil ainda será
assegurar que pessoas com compromisso ético ocupem os cargos meio e fim das
políticas setoriais, sob pena de sérios problemas na pauta política colocada
pelo novo Governador. Para isso, não é possível confundir, incorporar ou subentender
a lógica de mercado com a lógica da esfera pública, são profundamente
diferentes. E oponentes, caso típico do Setor Saúde. De resto, é rigorosamente
falsa a dicotomia entre técnica e política.
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
Reflexões Eleitorais IV
Passadas as eleições, tomara que
mudem pelo menos algumas promessas repetidas. Essa foi a campanha mais
agressiva e rasteira nesses quase 30 anos após a ditadura. Verdadeiro libelo contra a informação e a
democracia. Sem lastro ético, o desespero e a surpresa colocaram na arena o
“vale tudo” para continuarem no poder. Desconstrução de candidaturas,
defensivas crônicas, são estratégias de marketing que desprezaram inteiramente
a possibilidade da discussão mínima de um projeto para a retomada do país.
Economia em frangalhos, políticas sociais cosmetizadas com táticas supérfluas
voltadas para os grotões (potencial de votos). Intervenções estruturais ficaram
na estrada, com o acúmulo de uma dívida pública impagável e o avanço das negociatas
voltadas para negociar a concentração de capital e rentistas. É muito fácil
mostrar que a origem dos projetos deste Governo veio literalmente das hostes
dos seus oponentes, agindo em um arremedo e caricatura da social-democracia.
Era preciso tomar essa bandeira, seguindo assim umbelicalmente ligados ao
pensamento e proposta do partido oponente, que por um “triz” não desbanca os neogovernistas.
Fato novo na real, foi corrupção sem-limites, na crença que o poder assegura a
impunidade. Não nos enganemos que o povo esteja alheio a isto, é como leio o
resultado das eleições. Estabeleceram um bombardeio em uma falsa polarização de
“nós contra eles”, última reação para “cabalar” votos. Um desrespeito ao
cenário ambíguo de miséria e opulência. Aí sim, nunca os movimentos sociais
foram tão cooptados eleitoralmente. Só faltou emprestar do “companheiro” Collor
de Melo o jargão “não me abandonem”! A candidata expropriou o slogan da
campanha Presidencial da Heloísa Helena: “CORAÇÃO VALENTE”. Apelo de marketing
no inconsciente coletivo da imagem desta brava e consequente mulher na
resistência e enfrentamento político por um outro Brasil. Então, política de
Estado para quê? –contam com o marketing e os braços do Governo na campanha.
Lula da Silva puxou radicalismo rasteiro, vendo ameaçada a perspectiva de se
manterem ao menos 20 anos no poder. Claro, abrindo espaço para seu retorno.
Assistimos na verdade uma briga intestina, com o uso de todas as armas
disponíveis no arsenal da guerra suja. “Tiro nos pés”, a queda de Marina
alavancou a campanha de Aécio. O jogo raso começou com ingresso da candidatura
de Marina Silva em substituíção a Eduardo Campos. Ameaça concreta, mostrando
que há uma grande expectativa de quebra do continuísmo em busca da alternativa ao que está aí. Isto
ficou confirmado com o embate eleitoral de vida e morte. Era preciso destruir
imediatamente esta candidatura ao preço que custasse. Não esperavam que o
candidato Aécio desse a virada em cima deste legado que Marina colocou na arena
eleitoral. Medo e armas em punho, foi na verdade uma derrota, que só não
expressou-se na contagem final. Pudera, com o governo usando ostensivamente,
sob beneplácito do TCE, toda máquina pública no processo eleitoral. Os últimos
6 meses foi enxurrada de lançamentos, inaugurações, com a presidente e os
Ministros rodando o país como lançadeiras, claramente em campanha. Açodamento
nos últimos 3 meses, quando a Presidente praticamente abandonou seu cargo. “Podia
ter se afastado”, dedicando-se quase integralmente à campanha. Imaginem saírem
como incompetentes na rasteirice política, usando e abusando da estrutura pública.
Assim, reeleição deveria inscrever-se na pauta de crimes eleitorais. Agora é
unir na luta por um projeto de verdadeira mudança. Superar a retórica de empáfia,
pedantismo e impunidade.
Eleições, Fraudes e Urnas Eletrônicas
Para quem não sabe, o TSE não fez o teste das urnas
eletrônicas antes destas eleições, o que considero grave. Primeiro, pela
possibilidade concreta atestada por especialistas e pesquisadores, de que as
urnas e os resultados eleitorais podem realmente sofrer violação. Segundo,
porque a história pregressa do Ministro Dias Tofolli e outros potenciais
prepostos podem agir a moda do mensalão, não garantindo uma necessária isenção
exigida para os cargos dos Supremos Tribunais. O Governo e sua base aliada não
tem mostrado nenhum constrangimento em usar de recursos absolutamente anti
republicanos para garantir o falseamento da sua imagem, neste caso, a
perspectiva de manterem-se no poder. Particularmente, a luz de evidencias
técnicas e desvios éticos, entendo que se não estivermos alertas poderão sim,
ocorrer fraudes. É provável que a recente votação da candidata Dilma, que teve
um plus de intenção de voto na pesquisa recentíssima, após desabalada queda,
pode ser um jogo de mídia para captar votos. Aliás, as baixarias cometidas pela
candidata Dilma e seu séquito no programa eleitoral contra candidatos que
ameaçam seu reinado (de Lula da Silva) e os comandos do PT, mostram uma reação
atônita e desesperada. Risco de derrota a vista. Sem um projeto político para o
futuro do nosso país e de Mato Grosso, com o país em situação de miserabilidade
ética, econômica e social, apegam-se nas bordas do tapetão. Como potencialmente
pretendem salvar-se de última hora, se garantirem um percentual mínimo de
frente para a candidata a reeleição. A pesquisa IBOPE (e outras) pode não estar
correta, aliás, lembremo-nos aqui em MT a ocorrência de um candidato a
governador que, de acordo com a imprensa nacional comprou literalmente a
pesquisa do IBOPE. Existem Institutos e pesquisas sérias, maioria, quando
necessário para não perderem a credibilidade Como agora, pesquisas aqui em MT mostraram
tardiamente a intenção de votos do ex candidato a Governador do PSOL, postulando a Câmara Federal. Sua votação
poderá ser uma surpresa, expressiva, com exíguos recursos. Simplesmente porque
manteve a coerência na construção da sua imagem, ao encontro do “novo e decente”
que o povo quer, e da busca da credibilidade. Tudo e uma zona cinza, pagar para
ver no que dá. Ficar como está, de Brasília a Mato Grosso não dá. A candidatura
do PDT aqui em MT, do principal oposicionista, a frente nas pesquisas desde
cedo, mostra a vontade expressiva de ter novos atores políticos consequentes no
comando do Estado. Então, falamos de votos e urnas em um Estado historicamente
de coronelismo e currais eleitorais, onde qualquer tendência contrária seria
resolvida nas fraudes. Em último caso, mudança das planilhas eleitorais.
Obviamente, que tinham o apoio obediente das instâncias do controle do processo
eleitoral. Muitos deles, representantes e seguidores estão aí, borbulhando em
gases fétidos nessas eleições, passando como se fossem perfumes de rosas.
Tentando dissimular até com o efeito da juventude, para ludibriarem e manterem suas
práticas políticas nefastas. O novo governador de MT, a/o novo(a) possível Presidente,
receberão uma bomba relógio no colo. É preciso coragem e confiança no “taco”.
Não só dos problemas amargos da malversação pública, como separar o joio do
trigo na montagem de uma equipe decorosa para governar. Se facilitar, poderão
do dia para a noite enredar-se em lamas de corrupção a serem perpetradas por
seus ímpares, pois a horda para a “divisão do bolo” será avassaladora. Nestas eleições, o Ministro Dias Tofolli
garante que as urnas são seguras e invioláveis (não fizeram os testes). O ex
Presidente do TSE Ayres Brito, quando cobrado, não quis manifestar sobre o
assunto. Isto é uma ameaça a lisura,
pois pesquisadores e técnicos da UNB provaram em testes feitos em 2012 que as
urnas estão sujeitas a fraudes. Este assunto já vem sendo questionado e provado
por especialistas, pesquisadores, doutores em informática da UNICAMP, desde o
advento deste sistema de votação. Afirmaram que qualquer hacker profissional
pode intervir neste processo de trabalho, que já começou sem ter nenhum
documento que prove o voto do cidadão. Desde lá, muitas fraudes e mentiras,
nenhuma investigação rigorosa, denunciam estudiosos respeitados do assunto. O
Professor Doutor Diego Aranha, especialista em Computação da UNICAMP-SP, fez
com sua equipe um teste em 2012, detectando e apontando falhas de segurança nas
urnas eletrônicas. Frente a “lavagem de mãos” pelo TSE, Diego arrecadou
dinheiro em um site, criando um aplicativo para celulares. Pode ser usado por
qualquer pessoa que tiver um smartphone compatível. Se não tiver, qualquer
máquina fotográfica manual serve. No encerramento da votação a mesa tem que
afixar o resultado na porta da sessão. Quem interessar em ajudar na fiscalização
é só fotografar o resultado exposto da urna e mandar para o grupo da UNICAMP no
site “Você Fiscal”. É simples, o remetente fica anônimo. A base de detecção de
possível fraude é comparar estes boletins com o dos TREs. Este professor e sua
equipe, com 12 especialistas da UNB, em um teste com 950 eleitores descobriu em
apenas 1 hora a ordem de votação de todos os eleitores amostrados. Daí, a
identificação até para quem votaram.
Isto sem abrir uma urna sequer, só a partir dos registros digitais. Com o
sistema eleitoral vigente, no caso de recontagem, só aparecerá o total de
votos, é possível migrar votos para outros candidatos. Querem mais? As cidades
de Nova Esperança, Bragança Paulista (SP) e 32 cidades do sul de Minas exigem
garantia de lisura e o teste prévio das urnas. Que sistema de votação avançado
é este, propagandeado como o melhor do mundo? Os principais países avançados em
tecnologia e controle digital não adotam o sistema brasileiro, e tem restrições
a ele. Simplesmente, falta transparência no processo de votação e apuração. Não
há fiscalização rigorosa e efetiva, ficando praticamente nas mãos dos partidos.
Lembremo-nos que o ícone do PDT, Leonel Brizola, conseguiu desmoralizar a mídia
eleitoral Global nas apurações do Rio de Janeiro. Quem acredita na perspectiva
democrática por esta via, tem que ficar com as antenas ligadas. Até porque,
muita gente sabe onde pode chegar na desfaçatez, o governo e sua base aliada.
Quem viver, verá!
Eleições, descrédito e apatia - 30 de setembro
Estamos chegando a sétima eleição
presidencial, seguidas pelas eleições estaduais e municipais. Votação
obrigatória, com o povo indo as urnas a cada dois anos. É marcante o
desinteresse pela política, desde a chamada redemocratização (durante a
ditadura civil/militar tudo foi proibido). Não é a toa que o nível de
credibilidade dos políticos chegou ao “fundo do poço”. Não se interessa por
partidos 67% do eleitorado, enquanto 60% defende o fim do voto obrigatório. É
muito grande a rejeição pelo horário eleitoral, regiamente pago pelo orçamento
público nacional. É enorme a quantidade de gente que não iria as urnas se o voto
não fosse obrigatório. Agora, um número record de indecisos. É uma crise grave
de representatividade, onde o voto dissociado de partido tende a ser mais
volátil. Apatia política com o “status quo” vem sendo fortalecida, felizmente,
sacudida pelos levantes a partir de Junho de 2014. Uma pesquisa efetuada por
uma conceituada Universidade americana (brazilianists), apontou que a mídia
brasileira, tensionada e marcada pela desfaçatez do Governo (desqualificar e
dar sua versão distorcida) abordou as marchas de indignação. Identificou
detalhadamente as demandas por políticas públicas. Esta mídia deu relevância
quase que exclusiva às turbulências que o Governo passou a argumentar para
criminalizar os manifestantes. Deixou praticamente de lado a visibilidade das
demandas sociais, conteúdo central das marchas desde seu início. Apontavam a
cronificação do desprezo a políticas públicas marcadas pelas necessidades
urgentes da população brasileira. Pelo descrédito na política, face a escalada
quase impune da corrupção generalizada, do engodo e mentira de gestores e
parlamentares governamentais. Candidatos da base aliada no Governo expuseram a
impaciência e intolerância com perguntas rigorosamente constrangedoras nos
programas eleitorais. Nesta escalada, levaremos provavelmente longos anos para
sair do buraco sem fundo aberto sob o jugo da impunidade. Interessante é que
Lula da Silva lançou um desafio, se houve algum Presidente que criou mais
mecanismos de combate a corrupção do que ele. Só esqueceu de explicar porque
não só desprezou esses mecanismos, como aprofundou nos descaminhos da ética
pública. Negam e combatem com argumentos pífios quaisquer acusações de
improbidade e desvio, acusando generalizadamente a imprensa e os “maus
brasileiros”. A candidata Dilma chega ao cúmulo de combater e acusar o
jornalismo investigativo, prática núcleo de democratização da mídia e da
imprensa. Aqui em MT, embora tardiamente, fruto de conluio entre poderes e da
impunidade, fisgam o ex-deputado, ex-presidente da Assembleia Legislativa (onde
foi parar o primeiro recurso para a construção de Sede da Assembleia legislativa?). Enfim, pode ser desmascarado no protagonismo
de um dos pilares da corrupção, que são as cartas de crédito. Muita gente
impune, falta investigação séria e independente. Todos se nutrem da tática de
terem seus “rabos entrelaçados”. Por outro lado, muita gente poderá cair nesse
fio de meada. Infelizmente, só a delação premiada está corroendo as entranhas
desta monstruosidade voraz. Muitos já tem seus sonos atacados e ameaçados pela
possibilidade da verdade vir à tona. Ao nível nacional, como em MT, a situação
é gravíssima, o desespero toma conta das candidaturas governamentais. É uma
zona cinzenta a falta de limites éticos dos próceres governamentais. Teriam talvez
coragem, em último caso, para tentarem manter-se no poder, de violarem o
sistema criptográfico de apuração de votos. A chave está centralizada em Brasília.
Está provado que é possível intervir sobre o processo final de contagem dos
votos, podendo ocorrer qualquer coisa para garantir o escore eleitoral para se
manterem no poder. Para continuar
misturando o público com interesses privados. É preciso ficar alerta.
Sobretudo, começar uma tentativa de mudança nestas eleições´. Pelo voto
consciente. É esperar para ver.
Reflexões Pós-Eleitorais III
É nojenta a argumentação
incoerente e inconseqüente veiculada na mídia para que os governistas tentem
garantir a reeleição também neste segundo turno. Paroxismo de “verdades” que se
esfumaçam no ar. Aqui em MT, o grupo de transição para o novo Governo ocupa o
vácuo político. Os eleitores já mandaram um claro recado aos políticos: nós não
somos “boiada”! Existem segmentos expressivos que tem acesso a uma leitura
crítica do “status quo”. Em outras palavras, enxergam a incúria política na
obsessão pelo poder desviante, alheio ao controle da sociedade. Existe
concretamente, uma reação à agenda do Governo. Será que o espírito republicano
é uma coisa velha, que só servia aos gregos? Hoje, no plano ético, é preciso
dizer de qual lado estamos. No cenário de MT, a expressão republicana vira
“clichê”: qual República? Engatinhando, nadando contra as restrições em favor
dos interesses coletivos. Práticas públicas nauseantes indigestas, na contramão
de uma cultura institucional publica, pautada na ética, com o mínimo de
maturidade frente a realidade que enfrentamos. Não podemos continuar condenando
ao limbo a pauta das políticas públicas, sociais e as necessidades factuais da
população. A epidemia que corrói nossa combalida e distante república é um mal
secular, agora açodada, já uma doença crônica. Claro, se continuarmos passivos
a perversidade da manipulação dos sentimentos, do desejo voltado aos interesses
coletivos. Discursos sobre a república clamam pela dignidade encerrada no seu
significado etimológico, uma incongruência entre a concepção, teoria e prática
política que enfrentamos nestes tempos. Frente a baixa conseqüência desta nossa
república, sobrará pouca coisa, além do uso corriqueiro das marcas imprimidas
nos brasões, diplomas e passaportes. Incoerência na sua expressão simbólica e
social, conspirando contra seus verdadeiros pressupostos. Na mídia eleitoral,
engalfinha-se o cinismo deslavado dos detentores do poder, querendo mantê-lo a
qualquer custo. Aí, o espírito democrático vira um “truque”, para efeito na
mídia e conquista de votos. A mentira erigida como verdade, a dissimulação do
caráter e dos princípios éticos corrompidos. É trágico debruçar nesta
constatação: lixe-se o bem público! É necessário que cidadãos ativos mobilizem-se,
único caminho em busca de habilitar a República. Infelizmente o descrédito nas políticas e na
política é muito grande. Há que se enfrentar o cenário de conchavos,
negociatas, ao modo dos caminhos obscuros da reprodução de sociedades secretas.
Assim, o coletivo não é o pressuposto do público. Logo, não há surgimento de
outras forças neste empobrecido segundo turno, fruto do poder em quaisquer
circunstâncias. Assistimos o embate que clama o desprezo à cidadania, em
espaços restritos de representação. Assim, a corrupção estende seus tentáculos
como uma chaga constitutiva da agenda pública. Toma lugar uma falsidade miúda
(uma lógica “hedonista”) para garantir interesses e “direitos” particulares e
privados, apropriando-se do Estado Público. Um verdadeiro desmanche da “coisa
pública”, que pode caminhar entre a indiferença e o abismo sem fim. Trata-se de
escolher entre a independência a interesses privados e a hegemonia da
publicização. Da verdade servida à mesa todos os dias. Isso não pode ser um
estorvo, como constatamos na cantilena midiática governamental. O outro lado, é
a alienação, a terra de ninguém. A esperança verdadeira tem que sobreviver, sob
as ameaças de um futuro incerto.
Waldir Bertúlio.
Reflexões eleitorais II
Presidenciáveis engalfinhados na
briga por apoios regionais, montando até palanques triplos. Tem caso até em que
os candidatos a governador, perdedores ou não, em um só Estado, apoiam uma só
candidatura. Na verdade, os interesses regionais nem sempre coincidem com os
acordos firmados em Brasília e a nível nacional. Aqui em MT, o caso do PDT
Nacional impondo sua escolha de apoio na candidatura à presidência. Através de
Carlos Lupi e seus aliados de interesses iguais, defenestrados na tal faxina
ética promovida cosmeticamente pela Presidente. Tanto que reconduziu-os a
cargos públicos de relevância. Assim, é um “vale tudo” em alianças instáveis e
voláteis na confiança, lutando os concorrentes por palanques amplos, triplos e
até divididos. É bom refletir sobre a AL de MT, quando poderá retomar de fato a
possibilidade de vir a ser um parlamento republicano? Os discursos de ética,
transparência e democratização em muitos eleitos, podem estar encobrindo o real
caminho inverso desejado. Temos que sair da miséria parlamentar retratada na
maioria que já conhecemos, apresentando e aprovando projetos inócuos,
contemplativos, com permanentes e discutíveis investidas para facilitar a
apropriação do dinheiro público. O perfil de eleitos a nível nacional estadual,
maioria não é promissora, por antecipação. É pressionar e “pagar para ver”. No
entanto, já está até lançado o estopim para chegar a uma benéfica estratégia de
denúncia e execração pública de parlamentares que não honrarem seus mandatos.
Certo é que a indignação do povo continua, assim, será possível jogar práticas
parlamentares indecorosas à denúncia pública sistemática. O peso histórico de
famílias nos parlamentos continua grande, aliás, crescendo, apesar de que em
poucos casos o coronelismo não está conseguindo se manter com mandatos sem a
compra desavergonhada de votos. Para não chegar ao “ninho de ratazanas” do nepotismo
(mais amplo que famílias) em cargos públicos, lembremos de uma pesquisa
efetuada em 2010. Encontrou 150 parentes enfiados nas siglas partidárias. Isto
cresceu muito (nem é preciso dizer sobre os cargos públicos). Maioria dos
partidos é dominada por grupos familiares, em muitos casos, bem remunerados
para comandos e assessorias. Empregam parentes, amigos e aliados até nas
funções partidárias e de legendas. Isto simplesmente é uma estratégia de poder,
de manter o coronelismo. Melhor que comandar um partido político é mandar em
dois ou mais partidos. Incoerente com a ideia de que as agremiações deveriam
disputar entre si. Assim, o coronelismo domina as siglas partidárias, as
chamada “siglas de aluguel”, colocando desde amigos, prepostos, parentes, a gente
de “confiança” do grupo. Isso remete para maior poder na formação das alianças
eleitorais nos Estados, negociando coisas como, tempo de tevê, cargos de mando
nos futuros governos. Nessa eleição nacional ainda não se vislumbrou a terceira
via possível. Velhos e mofados políticos ainda reconduzidos aos cargos, a si
próprios ou seus prepostos e familiares. Este segundo turno marca uma grande
crise nacional de credibilidade. Poderá dar certo a intensificação da pressão
nos rumos do clamor da nossa gente?
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