Alguns
já ouviram falar da Paracoccidiomicose, ou a “doença do capim”.
Pois bem, é uma micose endêmica que afeta o continente Sul
Americano. O Brasil é responsável por 80% dos casos, e Mato Grosso
ocupa o segundo lugar, (após Rondônia) na taxa de mortalidade.
Contamina as pessoas através da respiração, tendo trabalhadores
rurais como principal população exposta. O Hospital Universitário
da UFMT tem há mais de 10 anos um ambulatório só para esta doença.
Estamos recebendo aqui em Cuiabá no próximo 1º/10, na UFMT, o
Sanitarista, dermatologista, pesquisador Ziadir Francisco Coutinho.
Gente nossa, família de Poxoréu e Cuiabá, que apresentará a
Conferencia e seu trabalho de Doutorado sobre a situação dessa
doença no Brasil. Dr. Ziadir é pesquisador da Fiocruz, tendo
escolhido Cuiabá para o pré lançamento de um filme produzido pela
Fiocruz sobre a paracoccidiomicose, que após o pré lançamento
aqui, será lançado no dia 3/10 pela Fiocruz no Rio de Janeiro.
Ziadir Coutinho é um dos melhores Sanitarista deste país, com uma
trajetória fecunda no Movimento Sanitário Nacional, lutando pelo
SUS público desde o início da década de 80. Coordenou a
reformulação do sistema de saúde no Paraná, entre 1983 e 1986,
experiência marcadamente inovadora e avançada, servindo de
referencia na luta pela política de saúde no país, especialmente
na 8ª Conferencia Nacional de Saúde e nas medidas constitucionais
em 1988. Tem uma visão abrangente e uma formação e experiência de
alto nível. Coisa importante para a miséria política que
assistimos evoluindo aqui em Mato Grosso, com a população à mercê
dos desmandos e da desrepresentação política. Continuamos em MT
disputando cetros, campeonato dos piores índices, que vão desde a
Hanseníase em um circuito de doenças típicas da miséria e do
subdesenvolvimento, até a mortalidade materna e a morte por causas
externas ( violência, acidente de transito, homicídios). Neste
quadro, os determinantes sociais da morbimortalidade, ou seja, do que
adoecem e morrem as pessoas, continuam altos. Porque exige
investimento maciço do poder público não só na saúde, mas em
áreas conexas, fundantes e sustentadoras dos péssimos indicadores
de saúde em MT. Ziadir compôs a Caravana da Rota Carlos Chagas na
Amazônia, que durou 40 dias, principalmente ao longo do Rio Negro.
Com tantos registros e informações importantes, perguntado o que
havia modificado nestes 110 anos ele disse: quase nada! A Pobreza, a
indigência, a ausência do setor público e a doença continuam
juntas.
Waldir
Bertulio