domingo, 18 de novembro de 2012

Maratona Pós eleitoral



As vitórias em Rondonópolis e Cuiabá-MT mostraram que é necessário muito mais que a popularidade(em parte midiática) de Lula da Silva e Dilma Rousseff para ganharem eleições, como ocorreu em outras cidades brasileiras. O ex- presidente chegou a aportar em Cuiabá ás vésperas das eleições, como que para consolidar a vitória da base governista. A oligarquia partidária vai deteriorando até as últimas consequências a noção de partido, de política, e até da renovação dos quadros. Parece que essa lanterna está acesa, apesar de que aqui em MT, muito mais, os donos dos partidos continuem ignorando a renovação, até como instrumento de sobrevivência política. Os novos prefeitos assumem quase todos as prefeituras em condições altamente desfavoráveis, via de regra insustentabilidade financeira e retaliação eleitoral. Caso típico de de Rondonópolis e Cuiabá. Pelo que ouvimos na campanha governista, o bem público e coletivo não estariam acima de qualquer causa. Só os do mesmo grupo e partidos teriam possibilidades de receber apoio e verbas, apesar dos recursos pertencerem a toda sociedade. As eleições de 2014 estão colocadas muito antes das eleições recentes. Importante é o entendimento de que o processo democrático ganha quando se desenha uma oposição que não tenha o “rabo preso” com o governo, abrindo mãos das benesses da cooptação governamental. Hoje há claramente uma perspectiva de enfrentamento político-eleitoral, desde a promissora gestão de Rondonópolis a Cuiabá e outros municípios, que terão de mostrar a que vieram. Apesar das promessas de retaliação. Mesmo que incipientemente, o povo está mostrando ter sinalizadores para separar o joio do trigo. É interessante que alguns políticos descubram que é importante para a sua marca ter muito bem definido de que lado está. Não é possível continuar essa inconstância e deslealdade democrática de estar com todos grupos e partidos. Significa primeiro não ter princípios a defender enquanto ética e ação. É preciso colocar na arena os conflitos políticos, as diferenças, é isto que pode proporcionar avanço. Nada de tudo pasteurizado, igual, fingindo não existirem interesses diversos, a pretexto de se manterem no poder a qualquer custo. O enfrentamento de grupos políticos em Rondonópolis e Cuiabá foi uma boa mostra de que novos tempos podem surgir no cenário matogrossense, além do adesismo e do fisiologismo político. É preciso que existam oponentes, com a possibilidade de instaurar outras lógicas políticas e de gestão pública. Caso contrário, estaremos condenados a falência ética na prática dos Poderes, que estão “empedrados” aqui em MT. Acreditam, maioria esmagadora, na impunidade , por mais que o processo do mensalão aponte que a impunidade pode ser rompida gradativamente. Esse verdadeiro “butim “ crônico aqui em MT não é isolado. Após as eleições a Presidente Rousseff convidou o PMDB para um jantar, onde acertaram a condução de Renan Calheiros à Presidência de Senado, dentre outras coisas. Sai Sarney, Renan substitui, fazendo jus á incúria política. Uma verdadeira ofensa ao povo brasileiro. Renunciou em 2007 para escapar da cassação. O PSD(ex PFL,DEM)de Kassab já negociou a entrada na base aliada do governo, perfazendo 9 partidos. Aliás, há 6 dias atrás,foi aprovada na Câmara Federal a criação de um Ministério (orçamento de 7,9 bilhões). Os mandantes do partido já disseram que é pouco, e querem mais. Foi criado um Ministério para Marcelo Crivella do PRB,que aderiu em fevereiro. (apareceu na campanha do PT aqui em Cuiabá como fôrça evangélica). Acontece que é como a maioria dos partidos, apoiam qualquer governo, desde que recebam o preço pedido e se instalem junto com os donos do poder. Estarão em 2014 do lado que mais lucrar. Esta é uma das tragédias do sistema partidário brasileiro. Enquanto isso, tramita lentamente no Congresso coisas como a extinção do 14° e 15° salários dos parlamentares (proposta entregue por Jovita Rosa, Coordenadora do MCCE, com 40000 assinaturas) e a extinção do voto secreto. A Reforma Política, que melhoraria o processo eleitoral, vai ser fatiada, nada de uma reforma profunda. Será a conta gotas, maioria dos parlamentares não quer aprovar algo que vá impedir ou dificultar sua permanência no poder e nos mandatos. O PT, Zé Dirceu, Lula da Silva continuam tentando desmoralizar o STF. Enquanto isso, Marcos Valério, testemunha viva anda até de carro blindado, medo de ser assassinado. As eleições municipais foram um recado para os governos municipais, estaduais, e federal. É possível mudar novamente?



segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Eleições, Impostura e Desigualdades Sociais

Há dois séculos e meio, Rousseau escreveu a importante obra denominada “Discursos Sobre a Origem e os Fundamentos de Desigualdades entre os Homens”. A dúvida era se a desigualdade seria natural ou não. O que se sabia desde então, é que os seres humanos eram mais perigosos do que o mundo que os cercava. De 1754 a 2012 padecemos estruturalmente das mesmas mazelas e contrastes sociais. Do conceito Aristotélico de Política, vinculado à ética, infelizmente consolidou-se a ligação entre política e corrupção. Aqui no Brasil, em MT, o processo eleitoral transformou-se em núcleo de corrupção, nas suas mais complexas fórmulas e vertentes. O processo eleitoral leva ao poder, e a maioria que assume estes espaços vai manter e prolongar ao máximo os espaços de corrupção na esfera pública. Isto está naturalizado? A história mostra claramente que as desigualdades foram se multiplicando e agravando cada vez mais. As eleições como são, mantém desigualdades, o que fala alto é o poder econômico, falseando a democracia. Nesse segundo turno aqui em Cuiabá, Lula da Silva, Dilma Rousseff, o governador Silval, o deputado José Riva, e tantos neófitos da corrupção acreditavam que o poder da máquina pública, o dinheiro, seria suficiente para passar com trator para arrebatar os cargos. Cuiabá disse não. Em São Paulo, aliança com Maluf, com Deus e o Diabo, chegando as últimas consequências nefastas contra a ética para se manter no poder. Discurso do ex-presidente totalmente esquizofrênico, como fez em Cuiabá. Além de ter o vice-empresário, foi o presidente que mais benesses liberou para aumentar o lucro de grandes empreendedores, banqueiros e rentistas. Esqueceu até que existem empresários, e empresários.  Claro que existem os bons e decentes empresários.  Mesmo que tenham investido todos os recursos e forças disponíveis em Cuiabá, foram derrotados fragorosamente, apesar de terem conseguido em última hora assimilar um candidato inegavelmente com boa história de vida e política. Interessava-lhes só o verniz, pois a preocupação era com o avanço do PSB e as derrotas já sofridas no primeiro turno. Ponto positivo foi a projeção de Lúdio Cabral, (que conheci como seu professor no curso de Medicina da UFMT), sua decência e verve de luta por justiça, distante dos que o acompanharam na campanha. Acho que foi salvo de uma grande armadilha com esta derrota eleitoral, vez que seu capital político está acumulado. Ouvi notícias de convites para ser secretário de estado, espero que não caia nesta “tentação”, outra grande armação para detonar com sua perspectiva política. Poderá escolher um outro caminho, consequente, para continuar lutando com independência pelos seus princípios políticos (sempre remou “contra a corrente dentro do próprio PT). Persistente, polêmico, e combativo, foi o melhor vereador na miséria política da Câmara de Cuiabá. Um alento é que vem mais gente nova como Werley Peres (também ex-aluno da Medicina da UFMT), também na luta por justiça social desde as lides acadêmicas. Além do campo da saúde, aderiu a luta no combate ao racismo. Gente decorosa, simples, também vindo de Goiás, adotou Cuiabá como território de vida. Chamado de Dr. Peres nos bairros atendendo a pobreza, na campanha e nas lides de médico do setor público. Filiou-se ao PDT (na referência de Abdias Nascimento e Pedro Taques). Foi o segundo mais votado do seu partido. Campanha sem dinheiro, de casa em casa, no seu circuito social e de trabalho, deve certamente assumir mandato como uma promessa certa de renovação. Gente como Lúdio e Peres, verdadeiros médicos sanitaristas, devem ser incentivados e valorizados como instrumentos bem-vindos na renovação política. Desde a UFMT, incentivamos alunos com este perfil, para aprofundamento nas causas médico-sociais, e na política, que é o lugar onde podemos tirar a saúde e outras políticas da sobrevivência por aparelhos. A desqualificação e a descrença na política precisa ser contida, pelo bem geral da sociedade. Ainda, oriunda da saúde, tivemos a candidatura da professora Wildce da Graça Araújo, pelo PSB, que caminhou sózinha. Infelizmente não foi eleita. Acho que é a profissional que mais conhece e entende de Saúde Pública em MT, (não é só teoria) junto com Amauri Gonzaga, que assiste desolado como nós, a tragédia que abateu a saúde e as políticas públicas aqui em Cuiabá e quase todos os municípios do Estado de Mato Grosso. Se não conseguirmos alterar os detentores dos mandatos políticos, as desigualdades e a falta de ética em todos os níveis será permanente. Há luz no fim do túnel.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Qual justiça?



A corrupção eleitoral é um fio de meada dos desvios nos recursos públicos.Alianças políticas sem princípios,compra de votos.Ética para que?Eliana Calmon encerrou seu mandato na Corregedoria Nacional de Justiça. Brilhantemente.Enfrentou grandes conflitos defendendo amplamente o poder investigatório do CNJ.O Ministro Francisco Falcão novo Corregedor do CNJ,revelou que tenciona ser discreto,dizendo textualmente:”Quem estiver pensando que com a saída de Eliana Calmon  irei modificar(o rigor do CNJ),está completamente enganado.Continuará do mesmo jeito,eu sou mediador”.Arrematando,disse que vai combater “meia dúzia de vagabundos que,precisam ser retirados do judiciário”.Criticou severamente o sigilo fiscal e bancário que protege as autoridades brasileiras,dizendo ser necessário “tirar da justiça as maçãs podres”.Em breve José Dirceu estará sendo julgado no processo do Mensalão, colocando-se como vitima,clamou pelos povo nas ruas,dizendo-se vitima da mídia e de uma armação.Convocou a Juventude Socialista em seu congresso,para travar a batalha final nas ruas.Não bastando,disse que se for condenado pedirá asilo em uma embaixada.Com ele,muitos que se apossaram do poder para malversá-lo,poderão agora pela primeira vez prestar contas á Justiça.Seu enquadramento de formação de quadrilha e corrupção é lógico,frente aos fatos desvendados.Ainda que,com grandes avanços empreendidos pela justiça,as travas para retirar o então presidente Lula da Silva do “olho do furação”,deram certo,mas o ex Presidente não contentou-se ,lutando para “desmentir a farsa do mensalão”.Em qualquer país sério as investigações chegariam até a última instancia dos donos do poder .O papel da CPI na crise do mensalão em 2005 foi o abrandamento para impedir a inclusão do Presidente Lula da Silva.Na denuncia apresentada pelo Procurador Geral  da Republica Roberto Gurgel ao STF,ele falou do crime entre quatro paredes(Casa Civil),porta de entrada da Presidencia da Republica.A declaração do Ministro Marco Aurelio de Melo foi mais que contundente,em entrevista ao jornal O Globo,quando respondeu ao reporter:” Você acha que um sujeito safado como o Lula não sabia?”.Apesar de toda evidencia,o então Presidentte foi isento de qualquer responsabilidade.Recentemente,em entrevista ao jornal americano The  New York Times,disse que não acredita que o mensalão tenha existido.Este circo montado á partir da CPI dos correios em 2005,faz com que os protagonistas desse cenário estejam perplexos com a justiça,arrancando-os do antro da corrupção.Apesar do Procurador Gurgel ter relatado o uso de carros fortes para transporte do dinheiro á ser distribuído,continua um enigma a origem dos recursos oriundos do Banco Rural e do BMG,para pagar parlamentares.Nas investigações,uma das origens vem da Prefeitura de Santo André,onde o prefeito Celso Daniel ,foi assassinado brutalmente,antes do inicio da campanha de Lula da Silva em 2002.Figuras da Prefeitura naquele momento,o atual Secretario Geral da Presidência Gilberto Carvalho,a Ministra atual do Planejamento Myriam Belchior ,ex mulher de Celso Daniel.A mesma “xerife” irredutível ,cumprindo as ordens da Presidência na negativa de negociar com os professores das Universidades Federais,impondo falsos ganhos salariais,corte de pontos e perseguição aos servidores públicos. O ocorreu  no escândalo da eleição á Prefeitura de Cuiabá.Nas próximas eleições,caixas fechadas trazidas por jatos de madrugada para entrega com escolta policial,quando Abicalil foi candidato,tendo sua campanha sido lançada em festa na residência de Valderbran Padilha no bairro Poção.Com o surgimento do escândalo, só faltou dizer que não conhecia Valderbran Padilha acusado com outros por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro na compra do dossiê anti-tucanos em São Paulo em 2006.Lula da Silva chamou-os candidamente de “aloprados”.Ali também uma vinculação á máfia dos sanguessugas dos Vedoin aqui em MT .Fraudes em licitações só chegam  a ambulâncias superfaturadas? Após sete anos deste escândalo,o MP Federal denunciou em 15/06 passado os aloprados.Infelizmente encaminharam anteriormente a isenção da família Vedoin,sem chegar a origem de  todo dinheiro , nem provará ocorrência de crime eleitoral.Incontáveis os que continuarão acima da lei?

Qual Universidade? Ou, Inquietudes e Elucubrações de um Professor Aposentado

  Entendo que precisa acontecer uma refundação da UFMT, (com todo respeito ao processo de fundação da Instituição) no sentido do subjetivo,e que envolve diretamente as relações de poder na instituição. Persistem feudos que influenciam as práticas acadêmicas, e  este enclave centralmente é na gestão.  Aqui estamos nós, no século XXI, onde a “modernidade” impõe uma ideologia ensangüentada pela violência e desigualdade conduzida por uma perversa globalização econômica, financeira e cultural. Cá da academia, será que a visão do iluminismo construiu um paradigma pós moderno? Reduziram as esperanças e utopias a um simulacro de transformação do mundo? É um quadro patético, da humanidade sucumbindo, desumanizando, aprofundada na dominação do mercado, intensificando a intolerância e a discriminação. Aqui estamos, a UNISELVA, conforme a marca da Ditadura Militar assistindo passivos ou ajudando a esconder os grandes genocidas  que praticamente estão naturalizados. Assistimos indiferentes ou horrorizados a nação/estado contra os povos indígenas,quilombolas,sem terra, famintos urbanos e rurais no cenário da devastação plena da natureza e povos originais e tradicionais. Será que as instituições, e aqui a UFMT, estariam esgotadas, sem saídas? Acho que não, apesar do desprezo a nossa realidade social,   em que fazer predominantemente esquizofrênico, como se não existisse o mundo real, e colocando-se desde a omissão e do silencio a serviço do genocídio. Novas lideranças autônomas para que? É preciso manter o “status quo”. É tragicômico, aí está o caráter da refundação? Rehumanizar,  reinventar os vínculos com o outro,a outra, aquele que não cabe na redoma meritocrática e de isolacionismo acadêmico. O paradigma moderno esfacelou-se, não há que ter nostalgia, ela pode gerar fanatismo. Crimes contra a humanidade, direitos humanos, de genocídio em genocídio, a transparência do mau, que não poderá exaurir valores e sonhos. Precisamos romper com a amnésia  dos sonhos. Que razão absoluta é esta, que transforma tudo semelhante a um câncer, com suas metástases mortíferas? As esperanças teriam sido rompidas, destruindo a busca  da emancipação? Temos que refletir do porque duas grandes guerras e um muro (derrubado em 1989) decretaram este conhecimento com rompimento da crença de alcançar um mundo e uma vida melhores. Onde esta visão de mundo? Direitos Humanos, Defesa da Cidadania, Socialismo, Revolução, a guerra do direito,para onde caminham?  Retorno a maio de 68, onde segundo Emanoel Levines ...,  diz: “ encerrou-se a alegria do desespero, um ultimo abraço na justiça humana, na felicidade. Nossa democracia atual, ocidental, é uma aparência. Uma farsa serviço da violência institucional. A derrubada das torres gêmeas teria sido um ato simbólico e factual do que arrastou~se das guerras desde 1945? Democracias ocidentais como a nossa são imperiais na sua estrutura de poder, temos um Estado Nacuinal genicida. Segundo Baudrillard projetos de dominação obscenos. O que vemos é a satanização da diferença, uma avalanche que vem dede Timor Leste, as Colônias Africanas, o Continente negro dizimado da Indochina, de Sabra, Chatillia, Argélia, aos Paises Árabes, aos estopim da Grécia  em rastros de violência e de resistência. Neste contexto é que poderemos repensar os valores da educação e da Universidade Pública. No meio da fúria da exclusão e discriminação, prisões efetivas que não oferecem saída. Esta é a condenação.Assistindo o debate da eleição a Reitoria da UFMT,  gostaria de poder ouvir propostas de projetos integrais de educação calcados nos Direitos Humanos e Cidadania,retomando a esperança real como necessidade de ser retomada. Infelizmente, onde deveria ser o espalo permanente da reflexão, debate e critica não há tempo nem espaço para esta construção, na medida em que reproduz a ação política externa. Refundação, é um termo criado por Pierre Legansdre, romancista, historiador, jurista e psicoanalista, francês, em busca da suepração dos perigos de barbarização e perdas de humNIDade. Refundar é reinventar a cultura, pensar alem do dado, o já estabelecido não é o único caminho para se preoduzir idéias socialmente cúmplices. O professor Luis Alberto Warate, (UFSC) diz que refundar é pensar a mesma idade desde o outro que está em mim para poder produzir o novo, conviver com o imprevisível, e poder escutar meus próprios sentimentos, valores e esperanças.quer dizer, é preciso mexer com as consciências acomodadas, que crêem estar nas posses de uma lugar de normalidade. Repensar tudo que nos coloca em situações de opressão, descriminação e exclusão, seja no lugar do oprimido, onde o opressor recoloca suas visões de mundo. As visões de mundo junto aqueles que não fazem parte de todas estas certezas.  Correntes herdadas de Foucalt ( final anos 60) proclamaram o fim dos intelectuais eruditos, filhos da razão abstrata, da modernidade dos paradigmas. Esse erudito esvaiu-se, ressurgindo o que estava oculto antes, o intelectual que de posse do poder dos saberes ( ou pseudo saber) os exercem para favorecer ou eliminar a vida. Parece apropriada essa discussão nos muros da Universidade. Retornar a Foucalt e pensadores dos anos 70, para afirmar o tumulo do intelectual, e lutar para libertar a vida e o pensamento. O futuro da sociedade sustentar-se-á pela alteridade, gente diferente e autônoma. D’aí invocar o valor da poética que permite ver através das artes, a poesia incorporada a vida, os elementos nobres da condição humana , resgatando a dimensão do humano sagrado, até a dignidade ou a nobreza na miséria humana. Estética e arte são irmãs siamesas. A poética é a maneira mais livre de mostrar o valor ético das condutas humanas. Em nosso caso, UFMT/Universidade Públicas, é necessário vincular a vida ( individual,coletiva ,a natureza) com a verdadeira política. Cabe a academia praticar, ser sujeito do poder político, e não objeto. Devo dizer que assisti ao debate dos reitoráveis:- a atual reitora, exercendo todo o poder para a reeleição, desfilando discurso tipo  políticos lá de fora, revelando-se instável quando provocada ou acossada. Infelizmente pudemos ouvir apenas fragmentos de propostas e feitos (materiais) distante de conhecermos o pensamento dos candidatos, vez que o debate é restrito, ao invés de ser conduzido por um tempo mais extenso e com antecedência. Obviamente que se isto é efetuado de “afogadilho”, pouquíssimo tempo, soa como um golpe, ainda acompanhado de práticas fisiológicas ( jantar eleitoral e outras formas). Aliás, por que os campus do interior não fazem eleições? Gostaria muito que fosse feita uma auditoria nas obras em Cuiabá e interior, na Fundação Uniselva, nas licitações,e que fosse repensado o processo de planejamento da UFMT. Potencialmente, as fragilidades podem oferecer surpresas, mas também grande e benéficas correções. De princípio, eu sou contra a reeleição.Acho que uma gestão coletiva bem conduzida pode acumular força democrática, de maneira que mandatários apóiem outro de sua equipe para poder retornar a sua função original de professor, professora nas lides do ensino, pesquisa, extensão. Considero como um problema central a gestão da UFMT, que precisa libertar-se de vez do comando de fora para dentro da instituição.  Não podemos refletir na Universidade o fisiologismo político e intransparencia que imperam nos comandos políticos nacional, estadual e municipal. Temos que dar o exemplo, é salutar para a democracia a alternação dos cargos, até como um instrumento necessário para desfeudalização da instituição. Que sanha é essa de não se desgarrar do poder?   Será uma ação personalista? Para mim é incompetência política. Não construir e abrir caminho para os sucessores. Da mesma forma , penso na indecorosidade de professores que se aposentam e concorrem a uma nova vaga na carreira. Função de professor é compartilhar,temos que nos  alegrar e sentir realizados com o ingresso de novos valores. Por enquanto, como professor aposentado, só temos a opção de voltar a trabalhar na Universidade, como substituto. O professor aposentado é apagado pelas áreas acadêmicas. Nem sendo convidado para importantes momentos onde produziu sua vida laboral. No meu Instituto, após minha aposentadoria, por algum tempo ainda éramos convidados. Isso passou logo. Voltamos ao ostracismos reservado aos aposentados. Felizmente, lá fora a vida ferve. É preciso dar oportunidade para que aposentados ainda estimulados a trabalhar desenvolvam planos de extensão, ensino e pesquisa, em alguma forma possível de inserção ( bolsas, projetos). É uma pena que com tanta experiência acumulada não se incorporem os “cabelos brancos” para contribuir e repassar experiências no campo acadêmico. Parece que é só querer. Esquecem-se que todos se aposentarão. Eu mesmo gostaria de conviver com experiências de extensão e interiorização com avaliação e redirecionamento político pedagógico dos cursos. Enfim, transferindo experiencias e conhecimentos que custaram muito em investimentos para a nação. Basta criar uma figura de inserção (visitante, bolsista...). Considero como essencial a função de ampliar acesso, a inclusão social, a interiorização, sobretudo a consolidação de uma política ampliada  de permanência de alunos. Achei estranho o Conselho Estadual da Igualdade Racial ter promovido um manifesto em apoio a atual reitora junto com entidade e algumas lideranças do Movimento Negro de MT. Primeiro, reafirma-se influencia externa, vez que sabemos quais políticos são donos de quais feudos e cargos. Este Conselho é Governamental, sabidamente ligado a grupamentos políticos. Como na Universidade, no Movimento Social uma palavra chave é autonomia. Desde que fundamos a Adufmat ( fui Presidente Provisório em 78 e da primeira diretoria em 79) lutamos contra o atrelamento de entidades como Sindicatos e Movimentos Sociais a partidos políticos, parlamentares e governantes. Aí está o equívoco. Normalmente levam-se propostas  a todos os candidatos. Aliás, fui abordado insistentemente para assinar pelo Movimento Negro, o que neguei. O mesmo aconteceu com Nieta, líder do GRUCON e do Movimento de Mulheres Negras. Tudo em nome da ética. Argumento que se usou foi que a reitora aprovou cotas raciais. Ora, eu fui o primeiro a elogiar a atitude da reitora aqui neste mesmo espaço. É certo que sem apoio da Reitoria não se consegue avançar para estes processos históricos de inclusão, mas é o Movimento Social, o Movimento Negro, os companheiros brancos contra o racismo,que protagonizam o papel central através de pressão às instituições governamentais. Felizmente os dois candidatos de oposição assumem esta causa. Temos que lutar pela autonomia, a mesma que orienta nossas posições no embate acadêmico. É preciso posicionar-se decorosamente sobre o assassinato de Toni Bernardo, onde a UFMT é ré. É preciso não fechar os olhos a escalada de destruição ambiental, o endeusamento do mercado na escalada predatória do Agro Negócio. É preciso posicionar-se e resistir contra a destruição do código florestal na sua proposta absurda de quebrar limites contra a conservação da natureza, as populações tradicionais. Hoje temos o embate massacrante do Estado-Nação contra as nações indígenas e povos quilombolas, na sanha abutre de caminhar para uma terra arrasada. Qual Uniselva? A que serviu de verniz parqa a ocupação predatória da Amazônia:- Projeto Aripuanã, hoje com um Humbolt, Dardanelos sepultados por uma energia destrutiva, ameaçados como no caso do Rio Teles Pires e tantos tributários da Bacia Amazônica e do Paraguai, arrast5ando à destruição cultural, física, pela fome e doenças  esta pátria afroamerindia. Em uma escalada agropecuária que despreza a agrisilvicultura, impondo a destruição das mata, cerrado,do solo, acumulando bombas relógio de destruição e matança vagarosa, com os “Ofensivos Agrícolas”, sem limites. Reforma agrária, sem terra, mandados para as calendas gregas!  As cidades, desfiguradas e trucidadas pela malversação pública, pela corrupção, pelo primado da aintiética . Pela péssima qualidade de ensino atestado por indicadores oficiais, onde a Universidade tem papel fundamental, na medida em que (de) forma os professores que irão para a rede pública. Pela saúde em estado de choque, agonizante, com o retorno de doenças e epidemias já debeladas desde o inicio do século XX. Campeão de doenças da miséria como hanseníase, tuberculose, leishmaniose. As florestas destruídas urbanizam os vetores, trazendo doenças a vontade, estimulada pela precariedade do Saneamento Básico e Ambiental. A UFMT, na gestão passada apoiou as OSS, tática para privatização e destruição da carreira pública. Concordou com a privatização dos HUS (EBSERH) implodindo com a tríade ensino, pesquisa e extensão. O que vai interessar é a produtividade. A saúde como mercadoria. Temos na UFMT uma grande quantidade de cursos com boa qualidade, alguns de ponta, apesar do déficit de apoio logístico. Não colocar a pesquisa como demanda de mercado conforme pensamento cultivado na FAPEMAT . A Fundação Uniselva é pressuposto disso. Quem tem dinheiro tempoder, é uma inversão na pauta acadêmica. Precisamos fazer um grqande Congresso Universitário e rever o Estatuto da UFMT criada como Fundação. É preciso avaliar e rever a necessidade do Conselho Diretor. É preciso descentralizar, horizontalizar e conectar as áreas acadêmicas, que não podem constituir-se em “Repúblicas”. Falta um eixo aglutinador. Isto não é possível só com Planejamento como função orçamentária. É preciso um Planejamento Estratégico e participativo para focar os grandes problemas da sociedade com o papel da Universidade, a partir da revelação dos  grande problemas do nosso cerrado, pantanal e amazônia. A partir do desvendamento dos grandes nós críticos na estrutura de poder e gestão da nossa Universidade. O eixo indutor e direcional da Universidade deve ser a cultura, daí se constroem as estruturas operacionais do badalado tripé ensino-pesquisa- extensão, na medida que estão “fertilizados” pela visão e necessidades do outro,da outra, da cultura como resiliencia, resistência, sobretudo como campo de saberes. O lema pode ser, Cultura, Direitos Humanos e Inclusão Social. Temos que enterrar os cadáveres, e ter saudades do futuro.

Waldir Bertulio

P.S. Não é necessário dizer, ou como dizemos nós cuiabanos, “ é chover no molhado”, torço para que a oposição vença, ou Prof. Fernando,( a quem conheci e incorporou demandas importantes como reitor) a quem declino meu voto, - ou o Prof Edinaldo, grande figura que muito contribuiu  no Instituto de Saúde Coletiva. A democracia interna avançará se um dos dois vencer. A luta é desigual.