O segundo Encontro nNacional de eEducação ocorreu em
Brasília entra os dias 16 e 18/06. Dois argumentos essenciais movem esta
proposta, a primeira, é criar uma instância coletiva de discussão dos rumos da
educação em espaço e abordagem autônomos a governos. A segunda, é o
enfrentamento da privatização da educação no país. Assistimos açodadamente
nestes últimos tempos, a cooptação intensa de quase todas as representações do movimento
sociais, com ênfase nas representações sindicais. Foi muito esforço para anular
o potencial de combatividade na luta contra a mercantilização do ensino no
Brasil. É preciso antepor as escolhas dos últimos governos e do governo
provisório atual, na massificação da educação, processos de privatização e
diversificação da oferta do ensino pago. Sobretudo nos cortes do orçamento da
educação pública, e a rolagem do prazo para atingir 10% do PIB na educação,
previsto só para 2020. Clara e ostensivamente, os investimentos na educação
superior são voltados para o mercado, para o lucro do empresariado que cada vez
mais avança e ganha mais espaços nas fatias do orçamento público. Assistimos ao
desmonte da escola pública em todos os níveis. Por ser um “bom negócio” na
expropriação crescente dos fundos educacionais, os conglomerados privados
educacionais expandem e concentram assustadoramente. É só olhar aqui em MT. É o
caso da empresa KROTÓN- Anhanguera, com 1,2 milhões de estudantes no país. Isso
significa um número maior de matrículas do que em todas universidades federais.
O FIÉS tira do público para garantir vagas no setor privado, com uma previsão
de 18 bilhões para o ano de 2016. Assim, a privatização não é fruto
necessariamente da incapacidade financeira do Estado, mas da escolha de uma
política educacional que privilegia a lucratividade no setor. Aqui em MT por
exemplo, a clássica terceirização de obras, pode ser sim, uma modalidade de
privatização. É preciso identificar melhor se não existem privatizações de
escolas, que aparentemente não existem. No vizinho estado de Goiás, isto está
se alastrando, como no Paraná e outros Estados. A proposta do Governo
provisório denominada “Ponto Para o Futuro” e a recente “A travessia Social”,
uma verdadeira passagem para o abismo. É bom lembrar que ela não é exclusiva
deste Governo. Suspender direitos conquistados, desvincular receitas da união
para a saúde e educação, cortar recursos sociais e privilegiar propostas
neo-liberais também foi exercida pelos Governos do PT. Quanto maior o aperto da
crise, maior foi a política de ajustes fiscal e cortes nos Governos Lula da
Silva/Dilma. O que Temer e o PSDB propõe, é aprofundar na trajetória da
política econômica do Governo Dilma. O dilema é, defender direitos, ou Governo
e partidos? Em 2015, avançou mais muma vez contra os direitos dos trabalhadores
e cortes nos direitos sociais. Veio cortando bilhões da saúde e educação desde
2011. Vetou reajuste do Bolsa Família, aumentou em 237,5% as prestações do ’Minha
Casa, Minha Vida”, privatizou rodovias, Portos e Aeroportos. Em acordo com o
PSDB, reduziu a participação da Petrobrás na extração de petróleo (mais
privatização). Nos idos deste março, já
sob os augúrios do impeachment, enviou o PL
257 ao Congresso, dentre outras medidas, fim de contratação, férias
coletivas forçadas e demissão voluntária no sérvio público, corte de 30% dos
benefícios e reajuste real zero no salário mínimo. Tem muito mais, ainda o
marketing e desvios para manutenção no poder. Junho ode 2013 abriu um novo
ciclo de lutas protagonizadas pela população, daí o movimento pela educação
pública e a ocupação de escolas como aqui em MT e em outros Estados (SP, GO,
RJ, CE, RS, PR...), e o movimento grevista que sacode o país. O Encontro Nacional
de Educação escolheu como tema direcional o debate sobre a Dívida Pública
Brasileira. Em MT, o Encontro Estadual, promovido pelo ANDES/SN- ADUFMAT, onde
o caminho direcional foi centrado na
dívida pública do estado, isenções fiscais (em 2017, previsão de 4 bilhões,
mais que o orçamento da educação), e negação aos direito dos trabalhadores. O
projeto de terceirização está no Congresso Nacional, generalizando para todo o
setor público. É preciso enfrentar a crise da educação pública!
segunda-feira, 27 de junho de 2016
A Corte Hamlet
O medo, pânico e trapalhadas tomam conta dos potenciais e
reais suspeitos de corrupção, uma bomba explodindo em quase todas as hostes
políticas. Aí está mais uma delação, a de Sergio Machado na operação Lava Jato.
A verdade que quase todo conjunto de atores políticos enfrenta, usando as armas
que puderem, na tentativa permanente de obstruir e detonar com a operação Lava
Jato. Ataques dissimulados, às claras,
odiosos e até ridículos contra o Juiz Sergio Moro. Em geral, quase todos tem o
“rabo preso”. Claro que a corrupção não é de hoje nem de tempos recentes, o
problema é justifica-la porque sempre aconteceu, ou que todos fizeram, como
vieram argumentando desde o mensalão. Isto é, no mínimo, desonesto. Ainda temos
de ouvir que condenados como José Dirceu e outros sejam aclamados por claques
como heróis da pátria. Puro escárnio. As negações são peremptórias, enfim, que
é tudo mentira e perseguição da elite do país, os “coxinhas”, aqueles que são
favoráveis ao impeachment. Embora não o
tenha defendido, chega à beira do ridículo ouvir a falácia do golpe. Ora, não
tinha nenhum bobo na base aliada, que foi consolidada desde o primeiro mandato
de Lula da Silva. Aliança clara e pública com as teses neoliberais. Sem
constrangimentos, sabendo de antemão do abismo em que adentravam. Portanto, as
cartas estavam marcadas, o jogo político que os neófitos aderiram, foi de
chafurdar na malversação pública. Romperam com princípios e códigos éticos, as
regras do jogo estavam dadas para garantir as futuras reeleições. Entranharam
no histórico desvio na política, no aprendizado dos caminhos desviantes na
ética pública. O partido do governo aprendeu rapidamente o caminho da incúria e
desfaçatez pública. A senda do fisiologismo foi a senha para se manterem no
poder (moeda de cargos poderosos em estatais e ministérios, estes chegaram a
39). Sustentar no poder até por tempo indefinido? Ledo engano! Fizeram pouco da
capacidade do jogo sujo dos partidos aliados, que desde o início queriam mesmo
era detoná-los. Era só questão de tempo e oportunidade, seguindo as veredas
sombrias da corrupção. Existiram coisas boas nos governos destes tempos? Claro
que sim, especialmente nos dois primeiros mandatos, tudo engolido pelo
descrédito tão grande que o governo produziu. Desde 2003, tratou de cooptar e
anular as representações dos movimentos sociais, deixando a maioria das suas
causas “a verem navios”. Infelizmente foram usados ostensivamente. No segundo
mandato, já clara a luta do poder pelo poder a qualquer custo. A estrutura de
poder que se formou, é verdade, vem nesta caminhada há pelo menos 50 anos. De
formas diferenciadas. O poder tem uma força impressionante de corromper.
Princípios foram gradativamente mandados para as “calendas gregas”. Quem eram
os (im)pares? Gente como Romero Jucá, que foi líder do governo do PT por duas
vezes. Ele, rocambolescamente deu literalmente com “a língua nos dentes”. Levas
de partidos e políticos no “salve-se quem puder” tentando por todos os meios
liquidar com a operação Lava Jato. O centrão, formado hoje novamente no governo
provisório Temer, tem 227 deputados e 13 partidos. Parlamentares, 87 são do
PMDB, PFL,PTB e PSD. Do conjunto exceto um, o SD, todos integravam a base
aliada do governo Dilma. O PP, PR, PSD e PRB saíram do governo na votação do
impeachment. PROS, PSC E PTB tiveram ministérios. A base aliada que se formou
no governo Provisório pode chegar até 410 parlamentares ou mais. É praticamente
a mesma composição de forças no governo Dilma. O PT estimulou o surgimento de
muitos destes partidos, este fisiologismo foi lastro do processo de corrupção
em investigação. Em um mar de descrédito, detonaram a armadilha preparada. A
corte de Hamlet mostrava podridão no reino da Dinamarca(Brasil), com a corte de
Alcenor (Planalto), onde tudo é só aparência. Assim, Hamlet mostra a tensão
entre parecer ser e ser. Respondeu à sua mãe frente as mentiras: “Parece minha
senhora? Não: é! Não sei parecer.” O governo do PT, que empunhou a bandeira da
ética sucumbe infelizmente “ num mar de lama”. Ser ou não ser, eis a questão!
Waldir Bertulio
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