Cartaz do espetáculo "Casa do Julgamento", da Cia. de Teatro Abner (PB) |
É preciso mover forças
e poderes para articular uma rede de enfrentamento à violência contra a mulher.
Na verdade, a CPMI teve poucos avanços, apesar de iniciativas pontuais,
inclusive aqui em Mato Grosso. O que o Congresso aprovou no orçamento federal? Quase
nada. Dos 13 projetos apresentados pela comissão relatora desta CPMI, somente 4
foram aprovados. Esta ação, na prática, só pode avançar de forma intersetorial,
convergindo os diversos órgãos que atuam na área. A proposta da Casa da Mulher do Governo Federal,
só foi viabilizado o financiamento em Campo Grande-MS, com a finalidade de
atendimento integrado. Já faz um ano e sete meses da publicação do relatório
final da CPMI, que percorreu durante um ano e meio todos os Estados, inclusive
Mato Grosso. Concluíram no diagnóstico local que a assistência as mulheres vítimas
de violência encontrava-se muito fraca. No relatório, de 1.045 pgs, estão
também as recomendações feitas para o Estado de Mato Grosso, tido como um dos
mais precários. Aponta a criação e o fortalecimento de bancos de dados que permitam
organizar a prevenção e combate a violência, centrando esforços nas áreas mais
críticas. Há muito que avançar, e que fazer, especialmente pelo poder público,
que precisa melhorar o diagnóstico deste grave problema social e colocar em
prática as intervenções necessárias. É preciso articular a cultura da prevenção
com a da repressão. O Governo Federal em sua agenda midiática lançou ano
passado a instalação de 27 (capitais) centros de atendimento multidisciplinares
as mulheres vítimas da violência, atendendo a pressão dos movimentos sociais
das mulheres. Até agora só foi inaugurado o de Campo Grande-MS, com Brasília,
Vitória e Curitiba em andamento. Nos Estados, é preciso integrar em um local
só, Juizado Especial, Delegacias, Ministério Público e Defensorias, com
estruturas de atendimento e encaminhamento em todos os níveis de necessidades,
desde atendimento de profissionais como Assistentes Sociais e Psicólogas.
Oferecer alojamento de passagem, até a promoção da autonomia econômica das
mulheres em situação de violência. Fragmentos de depoimentos:- “Eu passei anos
no interior do Estado, e sei que a violência contra a mulher não é
exclusividade das cidades grandes. ... assola até a menor das Comarcas. Por
isso, é preciso um trabalho em conjunto para identificar e organizar os dados.
Só assim poderemos trabalhar em conjunto para mudar a realidade”. De fato, é preciso descentralizar estas ações
para todos os municípios, rincões do Estado, sobretudo estabelecer uma ação unificada.
O setor saúde é essencial, na medida em que boa parte procura seus serviços em
caso de violência. Agressão física é só uma parte, a psíquica pode ser até mais
contundente e violenta. –- “Grande parte das vítimas tende a retirar as
denúncias, quando tem coragem de fazê-las. Devido a dependência emocional e
mesmo financeira, a mulher agredida não leva adiante a denúncia”. Assim, fica
muito difícil fazer a investigação e punição dos agressores. É preciso um elo
para que elas fiquem mais à vontade para falar e relatar a situação em que
vivem. Isto só com visitas de apoio e acompanhamento. É preciso ativar uma câmara
Técnica Estadual Intersetorial para o monitoramento e enfrentamento da
violência contra a mulher. Aqui em Mato Grosso as dificuldades ainda são
grandes para se chegar a uma boa aproximação desta realidade. É possível
começar por um sistema de monitoramento das informações integradas sobre a
violência. Sem dúvida, é preciso alocar recursos nos 3 níveis de governo para
combater e prevenir a violência contra as mulheres. Lembrar que até a
assistência a vítima da violência é responsabilidade e dever das políticas
públicas.
Waldir Bertulio
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