terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Envelhecer com Dignidade


Ontem de manhã visitei o Abrigo do Bom Jesus. Os que lá habitam são idosos de baixa renda. Via de regra, abandonados pela família ou sem família, tendo como tábua de salvação o acolhimento de uma instituição como esta. Maioria lá dentro esperando o tempo passar, a garantia de ser cuidado e à espera de uma morte menos indigna possível. Foi fundado pela Professora Maria de Arruda Muller, que dedicou-se a esta instituição. Trabalhou como professora além dos noventa anos. Eram dois abrigos ou lares, o das crianças que foi desativado e à espera de reativação, e o dos idosos que conta com a contribuição expressiva de setores da sociedade cuiabana. As contribuições são de natureza financeira, material, voluntariado (do qual faço parte). É comovente ver a dedicação e amorosidade como Ana Leopoldina de Carvalho, a Netinha, minha contemporânea de festas e bailes em nossa juventude cuiabana. Contribuição sistemática nas variadas possibilidades, como da juíza Adriana da vara de família em Cuiabá. Da Cleide Miranda de Oliveira, da Cresa, da Margareth Paiva, na gestão do Conselho e voluntariado. Do carinho dos artistas Edmilson Maciel e André D’Luca, contribuindo com suas relações afetivas, de arte e financeira na comunicação e solidariedade com os idosos internos. Como com Vera Capilé, mergulhando neste mar de solidão como psicóloga social e fazendo da musica um instrumento de revivificação. Gente como Osmar Soares da Época Propagandas, da empresa Concremax que contribui mensalmente “chova pau chova pedra”. Gente como Carlos Dorileo, sempre presente, e José Duarte que recentemente doa seu trabalho para o Abrigo. É importante a ação de Ana Maria Bezerra, grande articuladora, em busca de melhoria e apoio para melhor qualidade do Abrigo. Tive o prazer de encontrar ontem de manhã os Professores Antonio Amorim, chefe do Depto. de Medicina da UFMT, e o Professor José Rondon, do Depto. de Atenção Primária a Saúde, orientando os acadêmicos de medicina no Convenio entre o Abrigo e a UFMT. A UFMT, por esforço do Professor Antonio Amorim assumiu recentemente a Unidade Básica do CPA I, impondo pioneiramente uma experiência para atendimento de idosos. É uma ação concreta para a construção de uma política publica praticamente inexistente no Estado de Mato Groso e seus municípios. O Brasil tem mais de 21 milhões de idosos, o numero de crianças e adolescentes vêm diminuindo, a ponto de estarmos nas bordas do limiar de reposição. É grande o contingente de idosos em estado de fragilidade, vulnerabilidade e exclusão social. PNAD/IBGE de 2010 mostra uma composição de 10,8%, quando em 1960 era de 4,7%. Apesar dos 25 anos da Constituição Federal, dos 10 anos do Estatuto do Idoso, da Política Nacional de Saúde para o Idoso existe um fosso profundo entre o Brasil da mídia eleitoral e o Brasil real. Sem pressão da sociedade civil estas políticas, especialmente em MT, continuarão inexpressivas ou ausentes!
Waldir Bertulio