terça-feira, 7 de outubro de 2014

Reflexões Pós-eleitorais


Passadas as eleições, nos resultados, um apontamento tendencial de que o povo está reagindo contra a malversação na política e nos mandatos. Tanto ao nível Nacional, quanto Estadual, o resultado das eleições em certa medida, começa a contrariar a permanência de representações e interesses descolados de um plano ético mínimo, transparência e credibilidade. Embora a taxa de renovação real nos parlamentos não seja expressiva, pois não só nas urnas expressam isto, sobretudo a vinculação de pseudo novos as práticas políticas pessoais e de grupos interligados nas candidaturas. Abstenções, nulos e brancos continuam brandindo como um recado de ameaça aos políticos. A desigualdade de acesso a mandatos é muito grande. Chance real na mão de quem tem muito dinheiro para investir nas candidaturas. Aqui em MT, uma rodada de poder encastelada no executivo, com o candidato vitorioso brandindo lanças contra a improbidade. O candidato vitorioso está legitimado para isto, desde suas práticas profissionais e parlamentar. Promete uma reviravolta na gestão pública. Desafio gigantesco. Tão carcomida por estas bandas, exigindo repensar um projeto de Estado Republicano e um plano de ação voltado para a realidade e o bem estar do povo mato-grossense. Sem dúvida, os ares de mudança, descrédito, apatia, vem de um “fio de meada” a partir dos levantes de Junho de 2013. Desde lá, é preciso antenar com o caleidoscópio das ruas, quando o Brasil, perplexo, viu o povo ir as ruas e praças expondo suas desilusões e cobrando seus direitos. Aqui em MT ainda reboam estas manifestações, aos gritos uníssonos de “fora Riva”, “fora Silval”. Mais de 3 mil pessoas marcharam e apinharam-se das portas aos arredores da AL. As finanças da Casa Legislativa, a gestão de pessoal (contratações, nepotismo, fantasmas, licitações, caracterização dos gastos) são caixas quase intransponíveis para acesso. Quase, porque é realmente possível desnudar as potenciais negociatas ao menos desde a primeira malfadada tentativa de construção da sede atual. É preciso investigar sua propalada condição de carimbadora de interesses escusos entre o Executivo e interesse provados. Por que o TCE não investiga com rigor também as contas da AL? Talvez porque como órgão da própria assembleia, é composto maioria de membros por ex-parlamentares, representação de feudos políticos ligados ao poder governamental. Leia-se tendência a ocultação e manipulação de processos desviantes da sua função. Aliás, por que o TCE continua aprovando contas com graves ressalvas, desde o governo Estadual (como as contas de Silval Barbosa) até os municípios. Será que existe meio ou um terço de seriedade com o dinheiro público? Rigor para os inexpressivos de pouco ou nenhum poder, e flexibilização sem limites para os detentores de poder de mando. Que inclusive desprezam a luta pela transparência e satisfação a opinião pública. É preciso que cidadãos decentes e preparados se candidatem (como forma de protesto) às vagas que forem abertas, para denunciar o conluio, as cartas marcadas e até venda de vagas. É muito restrita as vagas para os profissionais de carreira no tribunal. Que já mostraram poder agir contra a maré que marca a continuidade de práticas políticas hegemônicas desviantes aqui no Estado. Como o MP de Contas controla o exorbitante orçamento do TCE? A Ouvidoria é independente? Importante é o sentimento identitário de que o que é público é nosso. As pessoas não suportam mais pagar tanto imposto e não receberem quase nada em troca. Sinais e efeitos das marchas desde Junho de 2013. MT hoje é um grande exemplo de que no Brasil ecoam e reverberam vozes de indignação. Contra a velha política carcomida praticada no país. É possível sim, avançar para melhorias e mudanças possíveis. Assentadas no laço ético, na transparência e em busca da verdade. Desafio já em curso na mudança de Governo. É preciso banir a confusão entre coisa pública e “cosa nostra”.

sábado, 4 de outubro de 2014

Eleições, fraudes e urnas

Para quem não sabe, o TSE não fez o teste das urnas eletrônicas antes destas eleições, o que considero grave. Primeiro, pela possibilidade concreta atestada por especialistas e pesquisadores, de que as urnas e os resultados eleitorais podem realmente sofrer violação. Segundo, porque a história pregressa do Ministro Dias Tofolli e outros potenciais prepostos podem agir a moda do mensalão, não garantindo uma necessária isenção exigida para os cargos dos Supremos Tribunais. O Governo e sua base aliada não tem mostrado nenhum constrangimento em usar de recursos absolutamente anti republicanos para garantir o falseamento da sua imagem, neste caso, a perspectiva de manterem-se no poder. Particularmente, a luz de evidencias técnicas e desvios éticos, entendo que se não estivermos alertas poderão sim, ocorrer fraudes. É provável que a recente votação da candidata Dilma, que teve um plus de intenção de voto na pesquisa recentíssima, após desabalada queda, pode ser um jogo de mídia para captar votos. Aliás, as baixarias cometidas pela candidata Dilma e seu séquito no programa eleitoral contra candidatos que ameaçam seu reinado (de Lula da Silva) e os comandos do PT, mostram uma reação atônita e desesperada. Risco de derrota a vista. Sem um projeto político para o futuro do nosso país e de Mato Grosso, com o país em situação de miserabilidade ética, econômica e social, apegam-se nas bordas do tapetão. Como provavelmente pretendem salvar-se de última hora. A pesquisa IBOPE pode não estar correta, aliás, lembremo-nos aqui em MT a ocorrência de um candidato a governador que, de acordo com a imprensa nacional comprou literalmente a pesquisa do IBOPE. Existem Institutos e pesquisas sérias, maioria, quando necessário para não perderem a credibilidade. / Como agora, pesquisas aqui em MT só agora mostram a intenção de votos do ex candidato a Governador do PSOL, hoje postulando a Câmara Federal. Acho que será surpresa, pode ter uma votação expressiva, com exíguos recursos. Simplesmente porque manteve a coerência na construção da sua imagem, ao encontro do “novo e decente” que o povo quer, e da busca da credibilidade. Tudo e uma zona cinza, pagar para ver no que dá. Ficar como está, de Brasília a Mato Grosso não dá. A candidatura do PDT aqui em MT, do principal oposicionista, a frente nas pesquisas desde cedo, mostra a vontade expressiva de ter novos atores políticos consequentes no comando do Estado. Então, falando de votos e urnas em um Estado historicamente de coronelismo e currais eleitorais, onde qualquer tendência contrária seria resolvida nas fraudes. Em último caso, mudança das planilhas eleitorais. Obviamente, que tinham o apoio obediente das instâncias do controle do processo eleitoral. Muitos deles, representantes e seguidores estão aí, borbulhando em gases fétidos nessas eleições, passando como se fossem perfumes de rosas. Tentando dissimular até com o efeito da juventude, para ludibriarem e manterem suas práticas políticas nefastas. O novo governador de MT, a/o novo(a) possível Presidente, receberão uma bomba relógio no colo. É preciso coragem e confiança no “taco”. Não só dos problemas amargos da malversação pública, como separar o joio do trigo na montagem de uma equipe decorosa para governar. Se facilitar, poderão do dia para a noite enredar-se em lamas de corrupção a serem perpetradas por seus ímpares, pois a horda para a “divisão do bolo” será avassaladora. Nestas eleições, o Ministro Dias Tofolli garante que as urnas são seguras e invioláveis (não fizeram os testes). O ex Presidente do TSE Ayres Brito, quando cobrado, não quis manifestar sobre o assunto. Isto é uma ameaça a lisura, pois pesquisadores e técnicos da UNB provaram em testes feitos em 2012 que as urnas estão sujeitas a fraudes. Este assunto já vem sendo questionado e provado por especialistas, pesquisadores, doutores em informática da UNICAMP, desde o advento deste sistema de votação. Afirmaram que qualquer hacker profissional pode intervir neste processo de trabalho, que já começou sem ter nenhum documento que prove o voto do cidadão. Desde lá, muitas fraudes e mentiras, nenhuma investigação rigorosa, denunciam estudiosos respeitados do assunto. O Professor Doutor Diego Aranha, especialista em Computação da UNICAMP-SP, fez com sua equipe um teste em 2012, detectando e apontando falhas de segurança nas urnas eletrônicas. Frente a “lavagem de mãos” pelo TSE, Diego arrecadou dinheiro em um site, criando um aplicativo para celulares. Pode ser usado por qualquer pessoa que tiver um smartphone compatível. Se não tiver, qualquer máquina fotográfica manual serve. No encerramento da votação a mesa tem que afixar o resultado na porta da sessão. Quem interessar em ajudar na fiscalização é só fotografar o resultado exposto da urna e mandar para u grupo da UNICAMP no site “Você Fiscal”. É simples, o remetente fica anônimo. A base de detecção de possível fraude é comparar estes boletins com o dos TREs. Este professor e sua equipe, com 12 especialistas da UNB, em um teste com 950 eleitores descobriu em apenas 1 hora a ordem de votação de todos os eleitores amostrados. Daí, a identificação até para quem votaram. Isto sem abrir uma urna sequer, só a partir dos registros digitais. Com o sistema eleitoral vigente, no caso de recontagem, só aparecerá o total de votos. Querem mais? As cidade de Nova Esperança, Bragança Paulista (SP) e 32 cidades do sul de Minas exigem garantia de lisura e o teste prévio das urnas. Que sistema de votação avançado é este, propagandeado como o melhor do mundo? Os principais países avançados em tecnologia e controle digital não adotam o sistema brasileiro, e tem restrições a ele. Simplesmente, falta transparência no processo de votação e apuração. Não há fiscalização rigorosa e efetiva, ficando praticamente nas mãos dos partidos. Lembremo-nos que o ícone do PDT, Leonel Brizola, conseguiu desmoralizar a mídia eleitoral Global nas apurações do Rio de Janeiro. Quem acredita na perspectiva democrática por esta via, tem que ficar com as antenas ligadas. Até porque, muita gente sabe onde pode chegar na desfaçatez, o governo e sua base aliada. Quem viver, verá!

Eleições e o dia seguinte


A campanha eleitoral está marcada por uma massacrante pobreza de horizontes no desespero e até na incredulidade dos governistas sobre os fatos já em vias de consolidar o resultado em votos. Aqui em MT, prenúncio de derrota amarga da base aliada, centrada no PT/PMDB, e agora claramente com o ex-presidente plenipotenciário da AL utilizando mais um trunfo em jogo armado para ajudar o governismo na disputa. Coerente com as práticas políticas que defendem. O candidato e a candidata como principais adversários do candidato da oposição à frente em MT pretendem chegar ao segundo turno. Algo extremamente difícil nas condições atuais. Uma alternativa seria combaterem entre si, coisa esdrúxula, já que compõe o mesmo esquema de gestão e conduta política. Em processo de “queimação”, o candidato que o PT permitiu, após uma escalada de autofagia e apagão de lideranças, é guindado por uma armadilha. A mesma montada para sucumbir com a perspectiva política do ex juiz federal. Caminho célere para desgaste do seu capital político. São vítimas das artimanhas de uma experiente “raposa” política que consegue tutelar o maior partido da base aliada governista (PMDB). É hábil para desgastar neófitos nesta cultura, como os dois aqui citados. Colocando-os em caminhos conspurcados, para não mais ousarem ser paladinos de nada que impeça malfeitoria. Muito menos da justiça política real e equitativa, ameaça para suas pretensões de continuar “chafurdando” no poder. O que levaria agentes políticos sóbrios a mudanças de princípios? Talvez um dos vieses , “olho grande”, sede de poder e a crença na impunidade. O ritmo já assinalado do embate eleitoral é um cenário de desespero, desde a candidatura a presidente da base aliada, ao governo de MT. O cenário é de mentiras grotescas e baixarias vergonhosas. Talvez o candidato do PT e base aliada possa para frente recompor-se.Quem sabe, ainda com dividendos para ser candidato a deputado no futuro. Se fizer autocrítica, voltar ao espaço contrahegemônico da sua história política antecedente, na perspectiva de relegitimar seu nascente e extemporâneo capital político. O principal candidato de oposição em MT acumula cada vez mais forças, capital político crescente, cercado de microconjunturas políticas tensionadas pela pressão da cultura vigente, de práticas políticas e de gestão pública execráveis. Na macroconjuntura, os eleitores querem mudanças. Especialmente no enfrentamento das pressões na cultura política tradicional e desviante. Concretizada a tendência, se eleito, o desafio para impor uma diretriz política com princípios de ética na gestão e na representação. É interessante a preocupação contra os repasses financeiros desnecessários como para a AL e o TC. Contra os feudos partidários de grupos e interesses privados comandando a gestão pública. O desafio é retomar ao possível, uma ética e moral política. As urnas abrirão possibilidades e novos caminhos? Coisa pública não pode continuar como “cosa nostra”.

Verdade e Honestidade


Perdemos verdadeiros imortais por suas consistentes e densas obras literárias,em um tempo menor que uma semana: a morte dos escritores João Ubaldo Ribeiro(18/07/14), Ariano Suassuna(23/07) e Rubem Alves(19/07). Deixam um imenso espaço vazio, com o dedo em riste para o triste cenário político brasileiro, principalmente nestes tempos de tanta baixaria nas eleições. No lançamento da obra “Viva O Povo Brasileiro” de João Ubaldo, estava junto com minha amiga Sônia Lafoz, lá em Curitiba, quando compramos o livro e conversamos bastante sobre o seu conteúdo. Sônia é a ex-guerrilheira mais lendária do Brasil, esteve recente aqui em Cuiabá, onde morou bastante tempo .Enfim, declinou de dar entrevistas para mim sobre sua vida. É uma trajetória da verdade. Entendemos que João Ubaldo nunca curvou-se a qualquer tentação de sinecura. Combateu veementemente em sua prática de escritor, pela autonomia e honestidade intelectual. Li com prazer o seu último artigo “O correto uso do papel higiênico”. Quando a liberdade e a integridade de opinião estão ameaçadas, a perspectiva democrática é abalada gravemente. Quando a verdade é apagada pela mentira e pela dissimulação, como assistimos nos cenários da política, da cultura e da arte no Brasil e em MT. João Ubaldo nos transmite que fundante no discursso da arte literária é a busca incessante pela verdade do conhecimento. Portanto, perdemos nele um lutador pela causa da dignidade e independência do pensamento, enfrentando e resistindo a achaques, aversões e ojeriza dos políticos de plantão no poder de nosso País. De Itaparica para o Brasil e o mundo, a buca incessante pela verdade possível. A partir do enfrentamento a manipulação e desonestidade na cultura, nas artes, na literatura, para confrontar a desonestidade política. O palco de despedida de João Ubaldo é uma arena de indignação e confronto com a descontrução do pouco de ética polítca acumulada em nosso país (muito aqui em nosso Estado). Corrupção material, das mentes, dos sonhos, da esperança, e até se possível, das almas da nossa gente. Assim, a literatura, a poética, as artes em sua amplitude infindável, seguem na busca pela verdade e contra a manipulação e a desonestidade. Exercer a poética desde as bases de Aristóteles, onde conhecimento e verdade são únicos e não se dissociam. O pressuposto é perseguir a verdade, onde os conhecimentos expressam e legitimam pela sua credibilidade. As Academias, desde as Universidades, as letras, pululam de sacripantas. É preciso desmascara-los. Retomar desde os quatro argumentos Aristotélicos:- a poética, que é o possível; a retórica, que é o provavél; a dialética, que é o verossímil, e a analítica, que é a certeza. Podemos dizer então que a função eixo que devemos procurar é a honestidade intelectual e política. Essa honestidade e decorosidade, tem infelizmente sua antítese no cenário que passamos nestas eleições, e como se portaram também os agentes da cultura e das artes. Temos que superar também em MT os falseadores (as) dos que mantém a verdade como direcional na trajetória de vida. Precisaos valorizar e repolitizar também a área da cultura, onde habitam tentáculos que nada tem a ver com a independência e honestidade intelectual. A lição que João Ubaldo nos trás como escritor e ator da cultura, é que, o melhor aliado nosso deve ser a busca da verdade. Onde mais fecundar a liberdade de criação, os sentimentos, as emoções e a utopia? Vamos sonhar e reaver as verdadeiras esperanças. Viva João Ubaldo Ribeiro, “Viva o Povo Brasileiro”!