quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O Dilema Técnica X Política

Um dos grandes problemas enfrentados pelo Governo  que assume em  2015 é a dificuldade de acesso à informações. Por que? –Os relatórios que são oferecidos, grande parte das vezes ocultam, ao invés de revelar os dados reais da gestão governamental em MT até agora. Parece que há uma reprodução desde o nível federal, essa cultura de maquiar as contas públicas. Esse falseamento da verdade pode ser detectado por alguns elementos claramente expostos, na tentativa de não revelar graves problemas com os gastos e finanças públicas de MT. Conhecer detalhadamente tudo isto, com seus impactos e cenários possíveis, é um problema eminentemente técnico. É técnico, porquê precisa de instrumentais para diagnóstico e análise, é político, porquê situa-se como elemento essencial na implementação das decisões e prioridades políticas. Infelizmente a primeira aproximação do diagnóstico da Comissão de Transição efetuado pela equipe do novo Governador é apenas um primeiro momento. Essencial para efetuar detalhamentos verossímeis após uma fase de reconhecimento concreto nos primeiros tempos após a posse. Hajam revelações, e responsabilizações! Claro que um os pontos cruciais deste primeiro momento será mostrar como a nova equipe encontrou de fato a estrutura e funcionamento da máquina pública, tendo como eixo as finanças. O poder de decisão na alocação de recursos públicos é essencialmente político, dependente da conexão com a técnica, como propulsora, indutora e operadora de viabilidade das diretrizes políticas. É preciso entender melhor essa aparente separação e ação conceitual e prática que vem sendo colocada nas ações técnicas e políticas. O domínio de saberes, tanto ao nível empírico, do senso comum, das técnicas de domínio popular (não necessariamente chanceladas pela academia), quanto o saber científico, são conhecimentos que constroem a ação pública. Tanto a política quanto a técnica têm uma resolução restrita quando descoladas das suas funções sociais. Quando se fala em política, a percepção imediata é voltada a estrutura dos poderes do Estado: Governo, Legislativos, Partidos, votação e os interesses contidos, via de regra embutidos nos discursos e argumentos dos operadores do Estado. O caminho a ser tomado depende dos interesses hegemônicos da política, podendo ser circunstanciais os interesses dos grupos no poder. O conceito de política extrapola esse âmbito público, este espaço de contendas que passamos a ver cada vez mais ostensivas e violentas, na medida em que a governabilidade que temos assistido é descolada de um plano ou projeto volta para toda a sociedade. A tecnocracia, a burocracia perversa, que atrapalham a eficácia, a efetividade das políticas públicas não são uma expressão específica das técnicas. Sim, um desvio nas escolhas que deveriam construir convergência entre técnica e política. Então, um problema técnico na sua qualificação deve ser também um problema eminentemente político. A técnica sem resolução política é pobre, ela deveria compor o conjunto de uma direcionalidade sob o pressuposto da construção de uma ética pública. Os grupos técnicos neste momento, continuam debruçados sobre os grandes problemas e gargalos do Estado, das políticas setoriais, para poder conduzir mudanças sobre as necessidades sentidas e sofridas pelo povo de Mato Grosso. Começam por esclarecer o porquê desses problemas, suas causas, cenários e perspectivas para superação. Isto é essencialmente técnico-político. O processo social tem que ser compreendido, ele não está delimitado, pois é construído continuamente. Isto é corolário da necessária junção entre política e técnica. Então, quando se fala na escolha de um secretariado técnico, a concepção do Governo, ao contrário do que possa parecer, ou mal interpretar, é essencialmente de cunho e nascedouro político. Para onde correrão as ações do setor público, do orçamento fiscal e Global do Estado? Mais difícil ainda será assegurar que pessoas com compromisso ético ocupem os cargos meio e fim das políticas setoriais, sob pena de sérios problemas na pauta política colocada pelo novo Governador. Para isso, não é possível confundir, incorporar ou subentender a lógica de mercado com a lógica da esfera pública, são profundamente diferentes. E oponentes, caso típico do Setor Saúde. De resto, é rigorosamente falsa a dicotomia entre técnica e política.

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