quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Reflexões Eleitorais IV

Passadas as eleições, tomara que mudem pelo menos algumas promessas repetidas. Essa foi a campanha mais agressiva e rasteira nesses quase 30 anos após a ditadura.  Verdadeiro libelo contra a informação e a democracia. Sem lastro ético, o desespero e a surpresa colocaram na arena o “vale tudo” para continuarem no poder. Desconstrução de candidaturas, defensivas crônicas, são estratégias de marketing que desprezaram inteiramente a possibilidade da discussão mínima de um projeto para a retomada do país. Economia em frangalhos, políticas sociais cosmetizadas com táticas supérfluas voltadas para os grotões (potencial de votos). Intervenções estruturais ficaram na estrada, com o acúmulo de uma dívida pública impagável e o avanço das negociatas voltadas para negociar a concentração de capital e rentistas. É muito fácil mostrar que a origem dos projetos deste Governo veio literalmente das hostes dos seus oponentes, agindo em um arremedo e caricatura da social-democracia. Era preciso tomar essa bandeira, seguindo assim umbelicalmente ligados ao pensamento e proposta do partido oponente, que por um “triz” não desbanca os neogovernistas. Fato novo na real, foi corrupção sem-limites, na crença que o poder assegura a impunidade. Não nos enganemos que o povo esteja alheio a isto, é como leio o resultado das eleições. Estabeleceram um bombardeio em uma falsa polarização de “nós contra eles”, última reação para “cabalar” votos. Um desrespeito ao cenário ambíguo de miséria e opulência. Aí sim, nunca os movimentos sociais foram tão cooptados eleitoralmente. Só faltou emprestar do “companheiro” Collor de Melo o jargão “não me abandonem”! A candidata expropriou o slogan da campanha Presidencial da Heloísa Helena: “CORAÇÃO VALENTE”. Apelo de marketing no inconsciente coletivo da imagem desta brava e consequente mulher na resistência e enfrentamento político por um outro Brasil. Então, política de Estado para quê? –contam com o marketing e os braços do Governo na campanha. Lula da Silva puxou radicalismo rasteiro, vendo ameaçada a perspectiva de se manterem ao menos 20 anos no poder. Claro, abrindo espaço para seu retorno. Assistimos na verdade uma briga intestina, com o uso de todas as armas disponíveis no arsenal da guerra suja. “Tiro nos pés”, a queda de Marina alavancou a campanha de Aécio. O jogo raso começou com ingresso da candidatura de Marina Silva em substituíção a Eduardo Campos. Ameaça concreta, mostrando que há uma grande expectativa de quebra do continuísmo em  busca da alternativa ao que está aí. Isto ficou confirmado com o embate eleitoral de vida e morte. Era preciso destruir imediatamente esta candidatura ao preço que custasse. Não esperavam que o candidato Aécio desse a virada em cima deste legado que Marina colocou na arena eleitoral. Medo e armas em punho, foi na verdade uma derrota, que só não expressou-se na contagem final. Pudera, com o governo usando ostensivamente, sob beneplácito do TCE, toda máquina pública no processo eleitoral. Os últimos 6 meses foi enxurrada de lançamentos, inaugurações, com a presidente e os Ministros rodando o país como lançadeiras, claramente em campanha. Açodamento nos últimos 3 meses, quando a Presidente praticamente abandonou seu cargo. “Podia ter se afastado”, dedicando-se quase integralmente à campanha. Imaginem saírem como incompetentes na rasteirice política, usando e abusando da estrutura pública. Assim, reeleição deveria inscrever-se na pauta de crimes eleitorais. Agora é unir na luta por um projeto de verdadeira mudança. Superar a retórica de empáfia, pedantismo e impunidade. 

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