Passadas as eleições, tomara que
mudem pelo menos algumas promessas repetidas. Essa foi a campanha mais
agressiva e rasteira nesses quase 30 anos após a ditadura. Verdadeiro libelo contra a informação e a
democracia. Sem lastro ético, o desespero e a surpresa colocaram na arena o
“vale tudo” para continuarem no poder. Desconstrução de candidaturas,
defensivas crônicas, são estratégias de marketing que desprezaram inteiramente
a possibilidade da discussão mínima de um projeto para a retomada do país.
Economia em frangalhos, políticas sociais cosmetizadas com táticas supérfluas
voltadas para os grotões (potencial de votos). Intervenções estruturais ficaram
na estrada, com o acúmulo de uma dívida pública impagável e o avanço das negociatas
voltadas para negociar a concentração de capital e rentistas. É muito fácil
mostrar que a origem dos projetos deste Governo veio literalmente das hostes
dos seus oponentes, agindo em um arremedo e caricatura da social-democracia.
Era preciso tomar essa bandeira, seguindo assim umbelicalmente ligados ao
pensamento e proposta do partido oponente, que por um “triz” não desbanca os neogovernistas.
Fato novo na real, foi corrupção sem-limites, na crença que o poder assegura a
impunidade. Não nos enganemos que o povo esteja alheio a isto, é como leio o
resultado das eleições. Estabeleceram um bombardeio em uma falsa polarização de
“nós contra eles”, última reação para “cabalar” votos. Um desrespeito ao
cenário ambíguo de miséria e opulência. Aí sim, nunca os movimentos sociais
foram tão cooptados eleitoralmente. Só faltou emprestar do “companheiro” Collor
de Melo o jargão “não me abandonem”! A candidata expropriou o slogan da
campanha Presidencial da Heloísa Helena: “CORAÇÃO VALENTE”. Apelo de marketing
no inconsciente coletivo da imagem desta brava e consequente mulher na
resistência e enfrentamento político por um outro Brasil. Então, política de
Estado para quê? –contam com o marketing e os braços do Governo na campanha.
Lula da Silva puxou radicalismo rasteiro, vendo ameaçada a perspectiva de se
manterem ao menos 20 anos no poder. Claro, abrindo espaço para seu retorno.
Assistimos na verdade uma briga intestina, com o uso de todas as armas
disponíveis no arsenal da guerra suja. “Tiro nos pés”, a queda de Marina
alavancou a campanha de Aécio. O jogo raso começou com ingresso da candidatura
de Marina Silva em substituíção a Eduardo Campos. Ameaça concreta, mostrando
que há uma grande expectativa de quebra do continuísmo em busca da alternativa ao que está aí. Isto
ficou confirmado com o embate eleitoral de vida e morte. Era preciso destruir
imediatamente esta candidatura ao preço que custasse. Não esperavam que o
candidato Aécio desse a virada em cima deste legado que Marina colocou na arena
eleitoral. Medo e armas em punho, foi na verdade uma derrota, que só não
expressou-se na contagem final. Pudera, com o governo usando ostensivamente,
sob beneplácito do TCE, toda máquina pública no processo eleitoral. Os últimos
6 meses foi enxurrada de lançamentos, inaugurações, com a presidente e os
Ministros rodando o país como lançadeiras, claramente em campanha. Açodamento
nos últimos 3 meses, quando a Presidente praticamente abandonou seu cargo. “Podia
ter se afastado”, dedicando-se quase integralmente à campanha. Imaginem saírem
como incompetentes na rasteirice política, usando e abusando da estrutura pública.
Assim, reeleição deveria inscrever-se na pauta de crimes eleitorais. Agora é
unir na luta por um projeto de verdadeira mudança. Superar a retórica de empáfia,
pedantismo e impunidade.
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