É nojenta a argumentação
incoerente e inconseqüente veiculada na mídia para que os governistas tentem
garantir a reeleição também neste segundo turno. Paroxismo de “verdades” que se
esfumaçam no ar. Aqui em MT, o grupo de transição para o novo Governo ocupa o
vácuo político. Os eleitores já mandaram um claro recado aos políticos: nós não
somos “boiada”! Existem segmentos expressivos que tem acesso a uma leitura
crítica do “status quo”. Em outras palavras, enxergam a incúria política na
obsessão pelo poder desviante, alheio ao controle da sociedade. Existe
concretamente, uma reação à agenda do Governo. Será que o espírito republicano
é uma coisa velha, que só servia aos gregos? Hoje, no plano ético, é preciso
dizer de qual lado estamos. No cenário de MT, a expressão republicana vira
“clichê”: qual República? Engatinhando, nadando contra as restrições em favor
dos interesses coletivos. Práticas públicas nauseantes indigestas, na contramão
de uma cultura institucional publica, pautada na ética, com o mínimo de
maturidade frente a realidade que enfrentamos. Não podemos continuar condenando
ao limbo a pauta das políticas públicas, sociais e as necessidades factuais da
população. A epidemia que corrói nossa combalida e distante república é um mal
secular, agora açodada, já uma doença crônica. Claro, se continuarmos passivos
a perversidade da manipulação dos sentimentos, do desejo voltado aos interesses
coletivos. Discursos sobre a república clamam pela dignidade encerrada no seu
significado etimológico, uma incongruência entre a concepção, teoria e prática
política que enfrentamos nestes tempos. Frente a baixa conseqüência desta nossa
república, sobrará pouca coisa, além do uso corriqueiro das marcas imprimidas
nos brasões, diplomas e passaportes. Incoerência na sua expressão simbólica e
social, conspirando contra seus verdadeiros pressupostos. Na mídia eleitoral,
engalfinha-se o cinismo deslavado dos detentores do poder, querendo mantê-lo a
qualquer custo. Aí, o espírito democrático vira um “truque”, para efeito na
mídia e conquista de votos. A mentira erigida como verdade, a dissimulação do
caráter e dos princípios éticos corrompidos. É trágico debruçar nesta
constatação: lixe-se o bem público! É necessário que cidadãos ativos mobilizem-se,
único caminho em busca de habilitar a República. Infelizmente o descrédito nas políticas e na
política é muito grande. Há que se enfrentar o cenário de conchavos,
negociatas, ao modo dos caminhos obscuros da reprodução de sociedades secretas.
Assim, o coletivo não é o pressuposto do público. Logo, não há surgimento de
outras forças neste empobrecido segundo turno, fruto do poder em quaisquer
circunstâncias. Assistimos o embate que clama o desprezo à cidadania, em
espaços restritos de representação. Assim, a corrupção estende seus tentáculos
como uma chaga constitutiva da agenda pública. Toma lugar uma falsidade miúda
(uma lógica “hedonista”) para garantir interesses e “direitos” particulares e
privados, apropriando-se do Estado Público. Um verdadeiro desmanche da “coisa
pública”, que pode caminhar entre a indiferença e o abismo sem fim. Trata-se de
escolher entre a independência a interesses privados e a hegemonia da
publicização. Da verdade servida à mesa todos os dias. Isso não pode ser um
estorvo, como constatamos na cantilena midiática governamental. O outro lado, é
a alienação, a terra de ninguém. A esperança verdadeira tem que sobreviver, sob
as ameaças de um futuro incerto.
Waldir Bertúlio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário