quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Reflexões Pós-Eleitorais III

É nojenta a argumentação incoerente e inconseqüente veiculada na mídia para que os governistas tentem garantir a reeleição também neste segundo turno. Paroxismo de “verdades” que se esfumaçam no ar. Aqui em MT, o grupo de transição para o novo Governo ocupa o vácuo político. Os eleitores já mandaram um claro recado aos políticos: nós não somos “boiada”! Existem segmentos expressivos que tem acesso a uma leitura crítica do “status quo”. Em outras palavras, enxergam a incúria política na obsessão pelo poder desviante, alheio ao controle da sociedade. Existe concretamente, uma reação à agenda do Governo. Será que o espírito republicano é uma coisa velha, que só servia aos gregos? Hoje, no plano ético, é preciso dizer de qual lado estamos. No cenário de MT, a expressão republicana vira “clichê”: qual República? Engatinhando, nadando contra as restrições em favor dos interesses coletivos. Práticas públicas nauseantes indigestas, na contramão de uma cultura institucional publica, pautada na ética, com o mínimo de maturidade frente a realidade que enfrentamos. Não podemos continuar condenando ao limbo a pauta das políticas públicas, sociais e as necessidades factuais da população. A epidemia que corrói nossa combalida e distante república é um mal secular, agora açodada, já uma doença crônica. Claro, se continuarmos passivos a perversidade da manipulação dos sentimentos, do desejo voltado aos interesses coletivos. Discursos sobre a república clamam pela dignidade encerrada no seu significado etimológico, uma incongruência entre a concepção, teoria e prática política que enfrentamos nestes tempos. Frente a baixa conseqüência desta nossa república, sobrará pouca coisa, além do uso corriqueiro das marcas imprimidas nos brasões, diplomas e passaportes. Incoerência na sua expressão simbólica e social, conspirando contra seus verdadeiros pressupostos. Na mídia eleitoral, engalfinha-se o cinismo deslavado dos detentores do poder, querendo mantê-lo a qualquer custo. Aí, o espírito democrático vira um “truque”, para efeito na mídia e conquista de votos. A mentira erigida como verdade, a dissimulação do caráter e dos princípios éticos corrompidos. É trágico debruçar nesta constatação: lixe-se o bem público! É necessário que cidadãos ativos mobilizem-se, único caminho em busca de habilitar a República.  Infelizmente o descrédito nas políticas e na política é muito grande. Há que se enfrentar o cenário de conchavos, negociatas, ao modo dos caminhos obscuros da reprodução de sociedades secretas. Assim, o coletivo não é o pressuposto do público. Logo, não há surgimento de outras forças neste empobrecido segundo turno, fruto do poder em quaisquer circunstâncias. Assistimos o embate que clama o desprezo à cidadania, em espaços restritos de representação. Assim, a corrupção estende seus tentáculos como uma chaga constitutiva da agenda pública. Toma lugar uma falsidade miúda (uma lógica “hedonista”) para garantir interesses e “direitos” particulares e privados, apropriando-se do Estado Público. Um verdadeiro desmanche da “coisa pública”, que pode caminhar entre a indiferença e o abismo sem fim. Trata-se de escolher entre a independência a interesses privados e a hegemonia da publicização. Da verdade servida à mesa todos os dias. Isso não pode ser um estorvo, como constatamos na cantilena midiática governamental. O outro lado, é a alienação, a terra de ninguém. A esperança verdadeira tem que sobreviver, sob as ameaças de um futuro incerto.


Waldir Bertúlio.

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