A falta de estruturas publicas
de apoio e acolhimento nos casos de violência contra mulheres,
crianças e adolescentes, exige um grande empenho de mudança por
parte do poder público.
Esta virada assenta-se na
cultura, abrindo novas compreensões sobre como é ser homem e como é
ser mulher em nossa sociedade.
Há mas de 100 anos atrás
Freud desistiu de saber “O que querem as mulheres?” - naquele
tempo, o pai da psicanalise estimulava o pensamento religioso, que
claramente colocava as mulheres no âmbito da invisibilidade, da
incompreensão e até da ausência de razão.
Com os avanços da luta das
mulheres e dos que não subordinam-se a cultura machista e
patriarcalista, esta visão melhorou muito. É dar voz e ações a
demandas das mulheres, tirando-as da qualidade potencial de vitima e
ré. Temos que mudar essa equação fechada da violência colocada
entre vítima e algoz, entre público e privado. Problema complexo
que extrapola estas esferas para ir ao núcleo fundante da dominação
e exploração nos diferentes âmbitos da vida social.
Enquanto política pública, a
área de saúde é um portal importante de acesso, identificação e
respaldo das vítimas, se tratado o problema desde a rede básica até
a especializada, conectadas com a assistência social, segurança e
justiça.
Dispor cobertura às vitimas,
desde o tratamento da sua dor física e psíquica, e que seus
agressores sejam exemplarmente punidos. Acorda Brasil e Mato Grosso!
Pelo que existe, estamos muito longe de chegar ao essencial.
O futuro pode e deve ser muito
melhor, livre da violência, onde estupradores por exemplo sejam
tidos como portadores de ações hediondas. Infelizmente os serviços
dependem mais da sensibilidade e esforço individual de profissionais
interessados, sem uma rede de referência e contra referência, que
ao campo da saúde deveria ser intersetorial.
A formação na área de saúde
é precária neste tema, ausente nos currículos , inclusive nas
faculdades de Psicologia.
As graduações passam ao
largo deste problema social na área de saúde,sendo em sua
complexidade e amplitude um problema tipico da Saúde Coletiva,
extrapolando em muito a atenção individual e terapêutica.
A maioria dos profissionais
não tem clareza sobre estes problemas. O abuso sexual só é tratado
vagamente como um sub-item dos diversos tipos de violência
(física, psíquica, instituicional). Assim, é fácil a omissão
fechando os olhos, por mais clara e evidente que se manifeste. Não é
de se admirar as subnotificações de violência, desde
intra-familiar até as relações no trabalho, lazer e no cotidiano
das relações sociais.
Abrangência extensa, do ponto
de vista médico, psicológico, jurídico, sociológico, serviço
social, epidemiológico, legislativo, policial, político, religioso
e moral.
Avanços sempre, só na luta
incansável das mulheres pela dignidade, igualdade, e contra a
opressão. Mulheres que sonham de olhos abertos.
Waldir Bertúlio
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