quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Violência contra as mulheres IV


A falta de estruturas publicas de apoio e acolhimento nos casos de violência contra mulheres, crianças e adolescentes, exige um grande empenho de mudança por parte do poder público.
Esta virada assenta-se na cultura, abrindo novas compreensões sobre como é ser homem e como é ser mulher em nossa sociedade.
Há mas de 100 anos atrás Freud desistiu de saber “O que querem as mulheres?” - naquele tempo, o pai da psicanalise estimulava o pensamento religioso, que claramente colocava as mulheres no âmbito da invisibilidade, da incompreensão e até da ausência de razão.
Com os avanços da luta das mulheres e dos que não subordinam-se a cultura machista e patriarcalista, esta visão melhorou muito. É dar voz e ações a demandas das mulheres, tirando-as da qualidade potencial de vitima e ré. Temos que mudar essa equação fechada da violência colocada entre vítima e algoz, entre público e privado. Problema complexo que extrapola estas esferas para ir ao núcleo fundante da dominação e exploração nos diferentes âmbitos da vida social.
Enquanto política pública, a área de saúde é um portal importante de acesso, identificação e respaldo das vítimas, se tratado o problema desde a rede básica até a especializada, conectadas com a assistência social, segurança e justiça.
Dispor cobertura às vitimas, desde o tratamento da sua dor física e psíquica, e que seus agressores sejam exemplarmente punidos. Acorda Brasil e Mato Grosso! Pelo que existe, estamos muito longe de chegar ao essencial.
O futuro pode e deve ser muito melhor, livre da violência, onde estupradores por exemplo sejam tidos como portadores de ações hediondas. Infelizmente os serviços dependem mais da sensibilidade e esforço individual de profissionais interessados, sem uma rede de referência e contra referência, que ao campo da saúde deveria ser intersetorial.
A formação na área de saúde é precária neste tema, ausente nos currículos , inclusive nas faculdades de Psicologia.
As graduações passam ao largo deste problema social na área de saúde,sendo em sua complexidade e amplitude um problema tipico da Saúde Coletiva, extrapolando em muito a atenção individual e terapêutica.
A maioria dos profissionais não tem clareza sobre estes problemas. O abuso sexual só é tratado vagamente como um sub-item dos diversos tipos de violência (física, psíquica, instituicional). Assim, é fácil a omissão fechando os olhos, por mais clara e evidente que se manifeste. Não é de se admirar as subnotificações de violência, desde intra-familiar até as relações no trabalho, lazer e no cotidiano das relações sociais.
Abrangência extensa, do ponto de vista médico, psicológico, jurídico, sociológico, serviço social, epidemiológico, legislativo, policial, político, religioso e moral.
Avanços sempre, só na luta incansável das mulheres pela dignidade, igualdade, e contra a opressão. Mulheres que sonham de olhos abertos.


Waldir Bertúlio

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