quarta-feira, 6 de agosto de 2014

DIREITOS HUMANOS E VIOLÊNCIA SEXUAL 3


É alarmante que a violência seja aceita por argumentos ostensivamente machistas, para justificar seu uso. Pior, como “instrumento” para resolução de conflitos. Todos os impulsos violentos são passíveis de regulação social, desde a fome e a sexualidade. A violência tende a ser legitimada em extratos, grupos sociais mais conservadores, onde princípios hierárquicos são mais importantes que os princípios da igualdade. Na discussão de gênero, uma das crenças é que o controle da mulher faz parte do “amor”, da relação à dois, do casamento. O ponto de referencia é que o homem quem tem todo, ou maior parte do poder, definindo regras e o que é certo e errado na relação. No caso da violência doméstica, justificam os atos de violência entre a condição de que a mulher não cumpriu suas obrigações, “merecendo” até apanhar para aprender, e que o homem estaria impedido de exercer seus direitos (como para sair só, estar tenso ou raivoso...). O argumento é que a mulher não estaria cumprindo bem seu papel (definido e/ou imposto pelos homens). Ai ancora-se a violência sexual, onde a vontade masculina orienta o ato sexual, na recusa, usa a violência quando a mulher não cede. Desde crianças, meninos valem mais que as meninas, instituindo quem tem mais direitos e mais deveres. Os meninos podem fazer o que quiserem, até exercerem sua sexualidade livremente. As meninas são “podadas”, tendo que apelar para estratégias que permitam a elas alguma liberdade. Desta forma, quando ligam-se em relações amorosas, via de regra, já está definido o lugar da mulher. Este é o campo da violência domestica, conjugal, familiar, onde o assunto teria que ser privado. Para alem disto, a vergonha e o medo da retaliação, a mulher é desautorizada e desestimulada a falar da sua condição para poder ir em busca de ajuda e superação do regime de opressão e violência. Muitas são estimuladas a permanecerem com os agressores por suas famílias,desde os próprios pais. Até aconselham um “melhor” comportamento para não atrair a ira masculina, tipo: “melhor manter-se viva com ele do que separar para morrer”, ou, “ruim com ele, pior sem ele”. Um certo modo religioso influencia esses tipos de atitudes, onde na separação, culpam a própria mulher “por não ter sabido comportar-se”, ou, “por ter escolhido o homem errado”, ou simplesmente, por não ter conseguido segurar o homem”! Se a própria família não apóia as mulheres violentadas, imaginem em outras instâncias, por exemplo, se procuram ajuda do setor público. Aqui em MT o despreparo é de arrepiar. Desde a plataforma de Beijing (4° Conferência Mundial Sobre a Mulher), o reconhecimento tácito dos seus direitos. A violação, o abuso sexual, o estupro, representam a negação mais extrema desses direitos. Constituem-se em uma forma de tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos e degradantes. As mulheres precisam ser acolhidas, ouvidas, sentir solidariedade e confiança. Estamos em campanha eleitoral, é o momento de empreender esforços para que propostas voltadas para políticas públicas que construam a viabilidade efetiva em defesa da mulher sejam colocadas na agenda política. Importante: cobrar para que sejam implementadas, sonhando com o poder em mãos de políticos decentes e um Estado sem corrupção.


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