Estudiosos
da informática, das redes sociais mostram que a maior parte dos
dados publicados pelo setor público é para “inglês ver”. Os
pacotes são feitos previamente para dificultar o acesso ao
desdobramento, detalhamento dos dados. Para saber informações
“perigosas” (contra quem?) que tem de ser ocultas, é preciso
fazer um trabalho insano manual. Só para quem conhece. O cidadão
comum não tem nenhuma facilidade para tal. Quem diz isto é Pedro
Markun, líder de uma comunidade digital, afirmando que a democracia
na era digital só é conquistada com dados abertos e facilitados
para compreensão de qualquer cidadão. Só assim as informações
governamentais estarão disponíveis de forma transparente para a
população. Todos os sistemas instalados aqui em MT obrigados pela
lei de transparência não são elaborados para a abertura de
informações, mas para ficar na superficialidade. Tentem entrar em
um sistema como da Assembléia Legislativa, Câmara de Vereadores de
Cuiabá, Prefeituras, órgãos estaduais, o que se encontra de forma
geral é um esforço para a ocultação de dados que assegurem
informação plena e transparência efetiva. A situação é pior com
a administração indireta. Também no poder Judiciário, os
sistemas, embora melhores, são falhos no detalhamento de
informações. Do ponto de vista jurídico, o princípio da
publicização dos atos da administração pública devem prevalecer
até sobre o direito a intimidade, argumento muito invocado na
resistência contra a transparência. Quando existem dados abertos, é
possível que qualquer pessoa com o mínimo de orientação
simplificada recombine estes dados para alcançar informes mais
detalhados. No Portal de Transparência do Governo Federal é
complicadíssimo entender como o nosso dinheiro está sendo gasto.
Como os dados deste Portal são abertos, sites como “Para Onde Foi
o Meu Dinheiro” (http://www.paraondefoiomeudinheiro.com.br)
transformam tudo em gráfico, com facilidade para ver e entender os
gastos públicos e suas comparações, além de interagir com as
informações. A internet, as redes sociais ampliam e dão asas a
transparência se existirem sistemas com dados abertos. MT precisa
avançar em todos os poderes e níveis de Governo. O próprio
Tribunal de Contas. A sociedade precisa compreender como e porquê
usar estes dados, uma verdadeira mudança cultural. A sociedade está
muito à frente do Governo, os movimentos sociais trabalham há muito
tempo com informações públicas possíveis orientando suas ações.
Vários países movem-se na direção dos dados abertos, como o Reúno
Unido, Canadá, Austrália e Espanha. Existem princípios a serem
seguidos para considerarmos que os dados sejam abertos. Fato é que
em nosso Estado ainda estamos longe da transparência real. O
essencial é “perigoso”, por isso é dificultado. Seria
interessante e útil começar com uma devassa na “Caixa de Pandora”
da Assembléia Legislativa. Quem se habilita?
Waldir
Bertúlio
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