A trajetória do modelo econômico
a partir de 2003 reembarcou no boom das commodities que chegou até 2013,
inclusive amenizando os impactos da crise de 2008. Para um país chamado mercado
emergente como o Brasil, a desvalorização da moeda chinesa e suas medidas para
manter o crescimento impõe tempos ruins ao nosso país, colocando o Brasil em
apuros. Mato Grosso, especialmente dependente do mercado chinês, apesar do
agronegócio ter apresentado crescimento em relação a outros setores ,tem na retração
do mercado chinês um fator declinante. Somam-se a isto as condições climáticas,
impondo perdas, além de que, a monocultura industrial é perversa na
concentração de renda e na deterioração ambiental. É hora de mudar esta equação
regressiva, superconcentradora de riqueza e ainda torpedeada na lei Kandir. A
China vem desacelerando sua economia desde 2014, com cenário ruim ao menos
pelos próximos dois anos, com o aumento da queda na produção industrial e
excesso na capacidade produtiva. Na verdade, a redução da capacidade de
crescimento não se limita a China, mas a
Europa e EUA. O Brasil é sem dúvida vítima do modelo exportador primário, como
na política conduzida por Delfim Neto, criando no início da década de 70 a
política dos corredores de exportação. Endividamento externo a perder de vista.
É este modelo que retoma a política econômica pós 2003, acoplada a matriz
econômica neodesenvolvimentista, que presume um grande pacto social entre o
capital e o trabalho. Incorporou-se o investimento em infraestrutura (PAC) e
outros, criando projetos sociais efêmeros e de baixa incorporação de recursos
públicos como o Minha Casa Minha Vida. Se analisarmos suas planilhas de custo,
foram concebidas para favorecer empreiteiras do ramo imobiliário. Para se ter
uma ideia disto, a ONG Contas Abertas analisou as contas da Presidente em 2014,
mostrando a verdade sobre o motivo das pedaladas fiscais. Do montante, 40
bilhões foram para grandes empresas e para o agronegócio; para Minha Casa Minha
Vida, foi 7,66 bilhões; para o BNDES sustentar investimentos na Inovação,
Produtos e Compras de bens de capital, foi 12,16 bilhões. O BNDES empresta com
juros menores do que capta, a diferença é o tesouro nacional quem paga. Colocou
7,44 bilhões para subvenção ao agronegócio, mais do que o Projeto Minha Casa
Minha Vida. Então, as pedaladas na tergiversação tosca dos argumentos de Lula
da Silva, “foram para o bem”, para os projetos sociais. Por isso, Dilma
mereceria o perdão. Esta face do neodesenvolvimento são cosméticas e irrisórias.
A ministra Katia Abreu retoma agora o período pré 1988 da Constituição Federal.
Assume a mercantilização, retoricamente colocada como pensamento governista
para mercadejar novas frentes que capturem verbas públicas. A crise impôs duros
golpes aos neodesenvolvimentistas. Esgota-se o ciclo expansivo das commodities,
expondo a fragilidade estrutural do país que “nadou” na exportação de produtos
primários e de produtos industriais de baixo e médio valor tecnológico. E
importa produtos de maior valor agregado, incidindo sobre o déficit crescente
das transações comerciais. O principal pilar utilizado foi via concessão de
créditos subsidiados como do BNDES. Na última década, este banco público teve
seu capital aumentado 10 vezes, o Banco do Brasil também foi fortemente
abalado. A corrupção exposta pela Lava-Jato expõe o desvio dos investimentos em
infraestrutura. A queda drástica do Petróleo no mercado internacional, e aqui,
o petróleo e seus derivados continuam subindo a vista, puxado pelos
combustíveis. Por que? O Petrolão responde. A China tem avançando no Brasil no
setor de bens de capital, nutrindo-se da corrosão nacional, como outras
instituições financeiras multinacionais. A crise viceja em um país onde o setor
bancário expande lucros nas taxas de juros mais altas do mundo. Com recordes de
lucros, as ações dependem da divida pública, que continuam a subir, expondo a
fragilidade do modelo econômico. Cortes nas áreas sociais, o que parece ser uma
conquista neodesenvolvimentista nas áreas sociais entre 2005 e 2012, ficam
inexpressivas frente a perdas assustadoras. Retirados de vez pela inflação,
alto desemprego, até pelo congelamento e suspensão das “bolsas de assistência”,
aniquilamento das políticas sociais, como no eixo da Seguridade (Saúde, Previdencia e Assistencia Social) e da CLT. A desigualdade, a carestia e a
pobreza aumentando vertiginosamente. Na crise política e econômica, por hora,
não há luz no fim do túnel! Qual pacto será possível?
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