A história dos retornos do AEDES,
suas idas e vindas, o recrudescimento de doenças por eles transmitidas impõem
medo e pânico à população. Em sua evolução, a Dengue, Chikungunya e Zika,
favorecidas pela incúria na evolução da gestão pública. Por que os mosquitos
expandem seus espaços? Especialmente na alteração de habitats naturais, com sua
expansão para ambientes artificialmente criados pela ocupação humana. A
urbanização desregrada e implacavelmente destrutiva mais a degradação ambiental
que vem desde a área rural, são motores que condicionam a escalada de
mosquitos, outros tipos de vetores e suas doenças. Em 1854 Jonhn Snow, o primeiro pensador que
criou as bases da epidemiologia, utilizou método de investigação ligando o
surto da cólera em Londres com a água poluída e infectada pelos esgotos do Rio
Tâmisa, que eram consumidas pela população. Ele, como médico, investe no
processo preventivo, que evolui para as técnicas de investigação de doenças
hoje disponíveis. Desde lá então, já está bem definido que o monitoramento de
vetores, de doenças, o processo de
pesquisa são fundamentais para que não sejamos pegos de “calças curtas”.
Esta é função do poder público, para que não ocorram ameaças pontuais, como do
vírus Ébola e outros no processo migratório. O caso do Zika é emblemático,
entrada transfronteira e que exige variadas linhas de pesquisas, tal a sua
complexidade. É importante saber o que ocorre além fronteira em relação a
expansão destes vetores, destas doenças. Lições que apesar do Brasil ter muitos
problemas, passa ao largo dos impactos ambientais que atingem a população em
seu “modelo” de ocupação rural e urbana. A construção de barragens e reservas
aquáticas proliferam potencialmente vetores como o casa da equistossomose em
Gana, alimentada pelo rio Volta. Estes vetores, caramujos de água doce, são
ameaças no Brasil, que já enfrentou enormes surtos da doença, inclusive em São
Paulo. A Malária, na África Subsaariana
foi agravada pela construção de grandes barragens. Foram 1,1 milhão de novos
casos, sabendo que as águas represadas são habitats para os mosquitos
transmissores (Anopheles). Aqui em Mato Grosso e na Amazônia sofremos por
décadas a tragédia da Malária, com o desmatamento indiscriminado desde a região
de Cáceres, Barra do Bugre até as fronteiras amazônicas. A migração contribui
para a expansão da doença, invadindo novas regiões, especialmente quando são
frágeis os sistemas de monitoramento. Na África Ocidental, 1987, uma pesada
epidemia da “Febre do Vale do Rio Rift”. Causa? – modificações ecológicas nos
rios, conduzidas pelos Governos da Mauritânia e do Senegal. O Centro de
Pesquisas Médicas, Veterinárias e Agrícolas dos EUA elaborou longo estudo
concluindo que modificações de áreas naturais como desmatamento, queimadas,
barragens, trouxeram endemias. Tal como aconteceu no Brasil e em MT. Desmatamento, mosquitos e falta de política de
saneamento do meio consequente, colocaram em emergência doenças como o Ébola na
África Ocidental, e aqui no Brasil continua grande descuido no controle da
entrada deste vírus no País. Desde cidades como Sorriso na área Amazônia até
Cuiabá e Várzea Grande, o avanço da leishmaniose ameaçando a população urbana
como no caso do AEDES. A temperatura alta e a umidade favorecem muito a
expansão dos mosquitos transmissores. Pesquisas da Universidade de Winsconsin
mostram desde o Quênia, que em áreas desmatadas, mudanças do uso do solo,
afetam o clima local, habitats e a biodiversidade, favorecendo a migração das
doenças. Nos EUA o AEDES já é uma
ameaça, principalmente o ALBOPTICUS, oriundo da Ásia, expandindo perigosamente
( Chikungunya). Portanto, Dengue,
Chikungunya e Zica tem nas alterações
urbanas e rurais e na pobreza sua determinação, implementada tragicamente com a
falta de investimentos em pesquisas, vigilância de vetores e doenças, e no
recrudescimento para aniquilar com o SUS em nosso país. É dizer, essas doenças
tem que ser entendidas no viés da ecologia política. A saúde, como as políticas
estruturantes e sociais, são decididas na política. Qual política?
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