Passadas as eleições, nos resultados, um apontamento tendencial de
que o povo está reagindo contra a malversação na política e nos
mandatos. Tanto ao nível Nacional, quanto Estadual, o resultado das
eleições em certa medida, começa a contrariar a permanência de
representações e interesses descolados de um plano ético mínimo,
transparência e credibilidade. Embora a taxa de renovação real nos
parlamentos não seja expressiva, pois não só nas urnas expressam
isto, sobretudo a vinculação de pseudo novos as práticas políticas
pessoais e de grupos interligados nas candidaturas. Abstenções,
nulos e brancos continuam brandindo como um recado de ameaça aos
políticos. A desigualdade de acesso a mandatos é muito grande.
Chance real na mão de quem tem muito dinheiro para investir nas
candidaturas. Aqui em MT, uma rodada de poder encastelada no
executivo, com o candidato vitorioso brandindo lanças contra a
improbidade. O candidato vitorioso está legitimado para isto, desde
suas práticas profissionais e parlamentar. Promete uma reviravolta
na gestão pública. Desafio gigantesco. Tão carcomida por estas
bandas, exigindo repensar um projeto de Estado Republicano e um plano
de ação voltado para a realidade e o bem estar do povo
mato-grossense. Sem dúvida, os ares de mudança, descrédito,
apatia, vem de um “fio de meada” a partir dos levantes de Junho
de 2013. Desde lá, é preciso antenar com o caleidoscópio das ruas,
quando o Brasil, perplexo, viu o povo ir as ruas e praças expondo
suas desilusões e cobrando seus direitos. Aqui em MT ainda reboam
estas manifestações, aos gritos uníssonos de “fora Riva”,
“fora Silval”. Mais de 3 mil pessoas marcharam e apinharam-se das
portas aos arredores da AL. As finanças da Casa Legislativa, a
gestão de pessoal (contratações, nepotismo, fantasmas, licitações,
caracterização dos gastos) são caixas quase intransponíveis para
acesso. Quase, porque é realmente possível desnudar as potenciais
negociatas ao menos desde a primeira malfadada tentativa de
construção da sede atual. É preciso investigar sua propalada
condição de carimbadora de interesses escusos entre o Executivo e
interesse provados. Por que o TCE não investiga com rigor também as
contas da AL? Talvez porque como órgão da própria assembleia, é
composto maioria de membros por ex-parlamentares, representação de
feudos políticos ligados ao poder governamental. Leia-se tendência
a ocultação e manipulação de processos desviantes da sua função.
Aliás, por que o TCE continua aprovando contas com graves ressalvas,
desde o governo Estadual (como as contas de Silval Barbosa) até os
municípios. Será que existe meio ou um terço de seriedade com o
dinheiro público? Rigor para os inexpressivos de pouco ou nenhum
poder, e flexibilização sem limites para os detentores de poder de
mando. Que inclusive desprezam a luta pela transparência e
satisfação a opinião pública. É preciso que cidadãos decentes e
preparados se candidatem (como forma de protesto) às vagas que forem
abertas, para denunciar o conluio, as cartas marcadas e até venda de
vagas. É muito restrita as vagas para os profissionais de carreira
no tribunal. Que já mostraram poder agir contra a maré que marca a
continuidade de práticas políticas hegemônicas desviantes aqui no
Estado. Como o MP de Contas controla o exorbitante orçamento do TCE?
A Ouvidoria é independente? Importante é o sentimento identitário
de que o que é público é nosso. As pessoas não suportam mais
pagar tanto imposto e não receberem quase nada em troca. Sinais e
efeitos das marchas desde Junho de 2013. MT hoje é um grande exemplo
de que no Brasil ecoam e reverberam vozes de indignação. Contra a
velha política carcomida praticada no país. É possível sim,
avançar para melhorias e mudanças possíveis. Assentadas no laço
ético, na transparência e em busca da verdade. Desafio já em curso
na mudança de Governo. É preciso banir a confusão entre coisa
pública e “cosa nostra”.
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