quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Saúde não pode ser mercadoria


Falar da paracoccidiomicose e mostrar como a população esta a mercê do abandono publico. Imaginem que isto pode ser falado de inúmeras doenças e problemas de saúde que afetam a população. Na exposição do emérito pesquisador Dr. Ziadir Coutinho da FIOCRUZ, um paciente veio de SINOP para falar sobre sua doença. Expôs que o medicamento com que foi tratado acabou com seu fígado, pois não pode utilizar o medicamento que foi prescrito. Por que é muito caro, custa mais de R$50.000. A médica Rosane Hahn, que trabalha com o laboratório de paracoc da UFMT, disse que está implementando um laboratório para diagnóstico da doença. Dr. Ziadir, que é clínico no centro de saúde Evandro Chagas da FIOCRUZ, disse da prioridade de prover recursos laboratoriais e medicamentos. Nas estatísticas oficiais o paracoc aparece como uma outra doença que só aparece nos EUA. Está muito evidente que há subnotificação, no seu trabalho, Cáceres (MT) aparece como a 3ª cidade em internação pela doença. Fala que é necessário treinar clínicos em educação permanente, pois o diagnóstico é frequentemente confundido com muitas outras doenças, como Leishmaniose (alastrada em Cuiabá, Várzea Grande, e áreas de derrubadas de florestas) e até com câncer. Os kits para diagnósticos tem que ser elaborados aqui em MT. Em MS, já tem uma rede mobilizada para o interior. A UFMT precisa de apoio financeiro para ampliar sua ação. Dr. Ziadir disse que só com o SUS público, equitativo, universal de fato, conseguiremos combater as mazelas e iniquidades que afligem a saúde da nossa população. Estou agora em BH, a convite da ABRASCO SEBES para participar do Encontro da Associação Latino Americana de Medicina Social (a LAMES); são 25 anos do SUS. Aqui colocam os dedos nas feridas perpetradas contras os princípios e teses da reforma sanitária e do SUS. Até Lula da Silva já disse que se arrepende de não ter contribuído de fato pelo avanço do nosso sistema de saúde. Aliás, o SUS somente não basta: tratado como um setor, ele tem que ser repensado à luz de qual política de estado, e qual modelo de desenvolvimento, defendendo a democracia e o caráter público do SUS, e não um sistema só para a pobreza. Tem que envolver a discussão de políticas econômicas sociais e culturais. Vejam, 30% da população tem seguro saúde, muito recurso público. Os outros 70% depende do SUS. O eixo de enfrentamento é combater a privatização do SUS e a corrupção. Indicadores mostram que a média de gastos com internação no SUS vai de R$1.000 a R$5.000, o setor privado R$20.000. A UMS aponta no setor privado, média de 12 a 17 mil reais, e no público, de 7 mil reais. Sem rede básica de qualidade, serão cada vez mais bem vindos doentes para hospitalização. O setor privado encampou o discurso da universalidade (para todos) e da integralidade (em todos os níveis). As categorias e princípios do SUS foram apropriadas por agentes da ganância e do lucro. Mercado e reprodução do capital não podem opor-se a direitos. MT é um laboratório destas distorções. Saúde não pode ser mercadoria.

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