quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Saúde Doente


Alguns já ouviram falar da Paracoccidiomicose, ou a “doença do capim”. Pois bem, é uma micose endêmica que afeta o continente Sul Americano. O Brasil é responsável por 80% dos casos, e Mato Grosso ocupa o segundo lugar, (após Rondônia) na taxa de mortalidade. Contamina as pessoas através da respiração, tendo trabalhadores rurais como principal população exposta. O Hospital Universitário da UFMT tem há mais de 10 anos um ambulatório só para esta doença. Estamos recebendo aqui em Cuiabá no próximo 1º/10, na UFMT, o Sanitarista, dermatologista, pesquisador Ziadir Francisco Coutinho. Gente nossa, família de Poxoréu e Cuiabá, que apresentará a Conferencia e seu trabalho de Doutorado sobre a situação dessa doença no Brasil. Dr. Ziadir é pesquisador da Fiocruz, tendo escolhido Cuiabá para o pré lançamento de um filme produzido pela Fiocruz sobre a paracoccidiomicose, que após o pré lançamento aqui, será lançado no dia 3/10 pela Fiocruz no Rio de Janeiro. Ziadir Coutinho é um dos melhores Sanitarista deste país, com uma trajetória fecunda no Movimento Sanitário Nacional, lutando pelo SUS público desde o início da década de 80. Coordenou a reformulação do sistema de saúde no Paraná, entre 1983 e 1986, experiência marcadamente inovadora e avançada, servindo de referencia na luta pela política de saúde no país, especialmente na 8ª Conferencia Nacional de Saúde e nas medidas constitucionais em 1988. Tem uma visão abrangente e uma formação e experiência de alto nível. Coisa importante para a miséria política que assistimos evoluindo aqui em Mato Grosso, com a população à mercê dos desmandos e da desrepresentação política. Continuamos em MT disputando cetros, campeonato dos piores índices, que vão desde a Hanseníase em um circuito de doenças típicas da miséria e do subdesenvolvimento, até a mortalidade materna e a morte por causas externas ( violência, acidente de transito, homicídios). Neste quadro, os determinantes sociais da morbimortalidade, ou seja, do que adoecem e morrem as pessoas, continuam altos. Porque exige investimento maciço do poder público não só na saúde, mas em áreas conexas, fundantes e sustentadoras dos péssimos indicadores de saúde em MT. Ziadir compôs a Caravana da Rota Carlos Chagas na Amazônia, que durou 40 dias, principalmente ao longo do Rio Negro. Com tantos registros e informações importantes, perguntado o que havia modificado nestes 110 anos ele disse: quase nada! A Pobreza, a indigência, a ausência do setor público e a doença continuam juntas.


Waldir Bertulio

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