Neste
janeiro, (23 a 28), Cuiabá será sede (2ª vez) do Congresso do ANDES- SN (
Assoc. Nac. de Docentes de Nível Superior). Participo desde sua fundação,
assinando em baixo maioria das teses da direção, que serão defendidas neste
encontro. A direcionalidade é dada a partir da análise de conjuntura.
No quadro internacional, o impacto da recessão
mundial na América Latina e no Brasil. A tragédia da imigração forçada,
especialmente pelas guerras expostas na crueldade de 364 milhões (ONU) de
pessoas seguindo maioria para a Europa. São crianças, mulheres, homens, em fuga
das guerras, ditaduras, epidemias, fome e miséria. Em condições desumanas, nas
perigosas travessias pelo Mediterrâneo, com a morte de 3.930 pessoas (OIM –
Organização Internacional para Migração). Maioria, africanos e árabes, buscando
paz e oportunidades, inexistentes em seus países de origem.
A recessão, o desemprego, a disputa pelas
vagas de trabalho estimulam a xenofobia.
Manifesta a sanha mercantilista do neoliberalismo, exacerbando a crise
capitalista mundial. Impactos sobre o Brasil, a partir da bolha imobiliária
americana de 2008 e suas moedas podres. A quebra da Grécia, alastrada pela
Europa. A partir dos anos 80 e 90, o capital concentrado aumenta, já sob os
impactos dos planos de ajustes, especialmente nos EUA e Inglaterra.
Também, o avanço do capitalismo no Leste
Europeu e China, em busca da ampliação do capital industrial e financeiro. Ai,
a ofensiva militar de Bush e sua “guerra ao terror” (Afeganistão – 2001; tentativa
na Venezuela – 2002; Iraque 2003). Desde 2007 foram derrubadas as taxas de
lucro nos EUA, expandindo seus efeitos para a Europa em 2008. Este período é
contado como pior do que a grande recessão e quebra de 1929.
Ação Bush é renegada no mundo inteiro, abre
portas para a ascensão do Presidente negro democrata, Obama. Recente passa a
presidência a Trump (com sua psicopatia disfarçada?). Na verdade, apesar da
expectativa da população negra e imigrante em Obama e sua política, pouca
mudança para os mais pobres, muito veto a população imigrante. Aponta-se
elementos como este na composição da derrota dos democratas em 2016. O que
ocorreu, é que os estados nacionais (crise 2007-2008) socorreram os banqueiros
e as grandes empresas com a maior transferências de fundos públicos para o
setor privado da história. Aprofunda a centralização e concentração de
capitais, impondo estratégia mundial com planos de ajuste.
Aqui no Brasil a pressão pelo Estado mínimo,
na perspectiva de aniquilação dos serviços públicos via privatização e
terceirização de atividades fim, subtraindo direitos sociais inscritos na
Constituição de 88. Direitos consolidados como na Legislação Trabalhista e
Previdenciária devem compor a receita de ajustes. Buscam maior subordinação dos
países da periferia a financeirização globalizada. Em seu bojo, o desmantelamento
do Estado e suas políticas públicas.
Nesta lógica, o Estado cede lugar a gestão
privada, subordinada a lógica de mercado, como ocorreu em Portugal, Espanha,
principalmente a Grécia. Este país, detonado, é o completo exemplo desta
escalada, apesar da vitória do partido SIRYZA na eleição grega. Tsipras,
vitorioso, negou-se a implementar o plano de enfrentamento concedido pelo voto
popular. O que aconteceu com a Grécia e seu povo está escancarado. Isto teria
permitido também uma retomada frágil no crescimento nos EUA e na Europa.
A economia chinesa, em franca desaceleração
(PIB em queda em 2016, para 2017). A China, tida como uma verdadeira “fabrica
do mundo” sob o benefício da super exploração da força de trabalho e das mãos
de ferro do Estado, tem impactos sobre a América Latina e Brasil. Mais,
possibilidade de maiores problemas em 2017. Paira a crise do boom das
commodites, refletindo desaceleração, e recessão nas economias dependentes como
do Brasil. A globalização, internacionalização da economia abutre tem resposta
até medieval em países como Brasil. É a cara neoliberal: abertura irrestrita
das economias, desnacionalização, privatizações. Para isto, prioridade na implementação
de ajustes fiscais.
A posse de Donald Trump (racista, xenófobo,
misógino, populista de ultra direita) substitui a gestão confiável do mercado
financeiro aos democratas. Para onde caminhará a economia e a política da maior
potência do mundo? Como desenrolará a relação dos EUA com a América Latina, e
com o Oriente? – mesmo assim, ainda é possível que tenha mais continuidade do
que rupturas. É certo que continuarão e crescerão as intervenções militares que
massacram o Oriente Médio. No entanto, na escalada das tendências conservadoras
e retrógradas, uma resistência multifacetada insurge na comunidade imigrante,
mulheres, juventude, trabalhadores. Frente a obsessão e a patologia do poder.
Trump é absolutamente imprevisível e instável. O tempo dirá. Certo é, que o
capitalismo está em crise. A utopia vive!
Waldir Bertulio
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