Precisamos de um
Planejamento Urbano para nossas cidades, tendo clareza de que o mesmo não pode
se constituir em uma panaceia. Não há varinha mágica para resolver os
estrangulamentos, os enormes problemas e desafios para estabelecer os rumos
pertinentes para chegarmos a ser uma cidade saudável. O Planejamento Urbano é
um instrumento para conhecer e estabelecer ordenamento nas formas adequadas e
compatíveis com as demandas e necessidades de uma ou mais cidades. Tem enorme
contribuição e validade para estabelecer parâmetros e critérios para a ocupação
urbana em busca da melhor qualidade de vida da população. Se Cuiabá já tem
desafios difíceis de transpor, pelo legado extenso de verdadeiras gambiarras
urbanas, imaginem em Várzea Grande. Cidade há longo tempo abandonada a sua
própria sorte. Ou azar, se considerarmos as chances que teve para ter uma boa
infraestrutura e aparelhamentos socioculturais. Simplesmente, teve dois
governadores, mandatos de deputado estadual, federal e senadores. A cidade
nunca foi pensada com mínima seriedade em sua organização espacial, senão como
mercado de expansão mercadológica, imobiliária e de interesses financeiros, que
raramente retornaram para construir o conforto urbano nesta cidade. Teve tanto
tempo como segundo orçamento municipal em Mato Grosso, e proporcionalmente
deficitária nos investimentos estruturais e sociais para a cidade. Posou por
tempos como uma “cidade industrial” sem
que se pudesse ver o retorno de investimentos em benefício da cidade.
Onde ficou o interesse e a visibilidade de gestores e políticos para que se
tornasse de fato uma cidade confortável para viver? Impostos não serviram para
melhoria da cidade? Governanças, via de
regra, atabalhoadas e de interesses deslocados dos investimentos necessários na
malha urbana. Voltados para interesses
de pequenos grupos e chefes políticos locupletando-se do poder e da coisa
pública. A gambiarra política e de gestão é sempre fazer de conta que fazem,
iludindo a população em práticas absolutamente clientelistas e
patrimonialistas. Enredados no conservadorismos e atraso, sob os auspícios e
legado do regime de exceção. Devemos esperar que com a modificação da
composição populacional, esta estrutura de poder político pode perder sua hegemonia
(como já vem acontecendo). Para tal, é necessário uma verdadeira varredura nas
lideranças antigas e até recentes, que insistem nos descaminhos que trouxeram
Várzea Grande a um patamar de ser das piores cidades em conforto para se viver
em Mato Grosso. Se trabalharmos indicadores em políticas sociais como saúde,
educação, infraestrutura, comparando com sua renda histórica, seu desempenho
cai a níveis bastante inferiores a cidades muito menos desenvolvidas. Nem se
fala em reurbanização, em planos diretores elaborados com o rigor e diagnostico
necessário. Raríssimas praças, áreas de lazer, sem ruas e calçadas arejadas,
sem centros culturais e de lazer, pouco para esportes. Sem ciclovias, nem mesmo
na própria Avenida da FEB. Sistemas de dejetos líquidos e sólidos praticamente
ausentes, ainda se falando hoje no superado e proibido “lixão”. Poluição
hídrica, sonora, visual e aniquilamento da perspectiva e necessidade de amplos
aparelhos sociais. Transporte coletivo uma lastima. A cidade segue ao “léu”, como
se fosse realmente uma cidade dormitório, distanciando abissalmente da sua
memória social. A imobilidade e o atraso são impostos por maioria de gestões
públicas e Legislativos distantes de honrar a representação concedida pelos
eleitores (as). Como nestas condições falar em atrair projetos de renda e
emprego? Várzea Grande ainda pode ser salva, se pelo menos acompanhar os ventos
de mudança contra o patrimonialismo operados até agora pelo novo governo
instalado no Palácio Paiaguás, operando uma ética de gestão na contramão de
maior parte da cultura institucional desviante e intransparente acumulada em
MT. É necessário drástica mudança política. Vamos esperar até quando?
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