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Afinal, as manifestações de volta á ditadura, muito polemizada, inexpressivas até pela quantidade tão pequena de saudosistas
chamados então de ultradireita. Até mesmo estes “gatos pingados” sabem o que é
voltar ao inferno, à violência de ferozes matizes e a desativação dos
princípios democráticos. A impunidade e a injustiça em todos os níveis. Essas
vontades sempre existiram, muitas vezes expressadas, como nas últimas
passeatas, na pluralidade das manifestações. Em maio passado acompanhei de
longe um ato deste tipo na Praça da
República em SP. Pouquíssima gente, como sempre, saudosos da ditadura no país.
Nestes tempos, a mídia governamental valoriza estas manifestações como
instrumento de defesa frente à avalanche das pressões do povo pela aprofundada
crise política e econômica no país, tentando obscurecer as demandas legítimas
que são colocadas. O canto poético do saudoso Gonzaguinha expressa o horror à
ditadura: “São tantas lutas inglórias/são histórias que a história/qualquer dia
contará/de obscuros personagens/as passagens, as coragens/são sementes
espalhadas neste chão/de juvenais e Raimundos/tantos Julios de Santana/uma
crença num enorme coração/dos humilhados e ofendidos/explorados e oprimidos/que
tentaram encontrar a solução/são cruzes sem nomes, sem corpos, sem
datas/Memórias de um tempo onde lutar por seu direito/É um defeito que mata.” O
seguinte: querer a volta da ditadura, aí sim, é um golpe, mesmo que de carona
em protestos com causas legítimas. Também pedir nas ruas o Impeachment da Presidente
não faz de ninguém um(a) golpista. Exercem o legítimo direito de se manifestar,
concordemos ou não. Em muitos países de melhor perspectiva democrática,
impedimento é uma demanda legítima para governantes que cometem desde crimes de
responsabilidade. Daí para chamar um golpe militar, à distância é enorme,
inconsequente e absurda. Em pesquisa efetuada em Curitiba/PR, 84,76% são
contrários. Medidas extremas não encontram espaço na sociedade, ainda que
conservadora, a maioria é a favor do regime democrático. A segmentação da
sociedade expõe as diferentes visões políticas, mesmo as superminoritárias.
Interessante é que no ato pró-governo (13/03) conduzido pelo PT e seus aliados
do movimento social, a Paraná pesquisas mostrou 17% de participantes favoráveis
ao Impeachment. Apontou 37,16% indicando responsabilidade da Presidente pela
crise econômica no país. Pelo levantamento no dia 13/03, foram oitocentas
pessoas em apoio á Dilma e a Petrobrás. Já no dia 15 de Março, foram 80 mil
pessoas, sendo que 89,52% dos participantes continuarão indo aos futuros
protestos. Nestes atos de março, a volta a ditadura foi amplamente rejeitada.
Esses resultados são compatíveis com os de SP, RJ e outras grandes capitais. Em
Cuiabá foi muito expressiva a participação nos atos contra a Presidente Dilma,
e minúsculo no que fui observar na Av. Getúlio Vargas a manifestação pró Dilma.
-Corrupção na Assembleia Legislativa: em Curitiba, o trabalho investigativo de
jornalistas da Gazeta do Povo e da RPCTV levou dois anos desvendando o
escândalo chamado “Diários Secretos”. Esquema criminoso na AL do Paraná para
desvio de dinheiro via contratação de funcionários fantasmas e laranjas.
Desdobraram-se processos de improbidade administrativa, formação de quadrilha,
peculato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Infelizmente aqui em MT
ainda não foi feito um trabalho rigoroso de investigação na gestão da Assembléia
Legislativa. Por enquanto, só fumaça esparsa. O avanço do combate a corrupção é
elemento de legitimação dos novos atores do Governo. E de parlamentares?
Esperar para ver.
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