quinta-feira, 21 de maio de 2015

De Gambiarras ao Planejamento Urbano II

Um exemplo drástico de uma cidade que cresce com verdadeiras e extensas gambiarras é Várzea Grande. Núcleo do velho e persistente coronelismo. Cidade e cidadãos abandonados historicamente à própria sorte, apesar das inúmeras possibilidades que já teve em seus representantes para ser uma cidade minimamente estruturada e saudável. O eleitoralismo, a familiocracia sempre preponderou aos interesses coletivos nesta cidade, com raras micro conjunturas de exceção. Somente ações pontuais para beneficiar os interesses contrários a transparência e a probidade pública. Imaginem se realmente pudesse ocorrer uma auditoria retrospectiva nas gestões anteriores e uma investigação séria sobre enriquecimento ilícito. Muita gente até posando de vestais da honestidade, ficaria em “palpos de aranha” em relação a ética pública. Como alguns poderiam justificar suas posses milionárias oriundas só do emprego público e da carreira política? Várzea Grande e sua gestão pública funciona nos tempos como uma verdadeira Caixa de Pandora. Na representação política, os malversadores contumazes do município conseguem driblar a população e coloca-la na cegueira da possibilidade real de mudança para novo padrão de política voltada para o bem público. É claro que com os mesmos atores ou prepostos na malversação pública, a perspectiva de uma nova Várzea Grande fica muito distante. Ou, quem sabe, algum milagre? – Como de repente pautar uma gestão na ética pública, algo muito difícil quando se trata de potenciais contumazes da apropriação privada do setor público. A cidade caminhou na orfandade de representação política consequente, abandonada a possibilidade de investimentos públicos em sua infraestrutura e conforto para seus cidadãos. Nem de longe investiu com alguma seriedade no planejamento urbano da cidade e em uma mínima política em produção rural e abastecimento alimentar.  Nada de pensar em patrimônios materiais, quanto menos, os patrimônios imateriais, em uma cidade espremida e “socada” em uma atabalhoada expansão que cuidou só dos interesses imobiliários ligados a políticos e gestores.  Ficou uma cidade de um “puxadinho” atrás do outro, apesar de ocorrerem muitas chances de aplicação proba dos recursos em sua malha urbana. Fui assistir há pouco tempo apresentação de um interessante trabalho propondo a implantação dos Polos Tecnológico e Industrial para a cidade. Coisas que de há muito vem sendo cogitadas. Louvável e bem intencionada a proposta apresentada ao Governador por representantes de instituições autônomas e defensores da cidade.  O Estado tem proposta de ativar uma política de suporte para a área de cidades, referida também em uma política de ciência, tecnologia e infraestrutura. Ocorre que não é possível pensar em atração de investimentos e mão de obra qualificada sem que a cidade ofereça uma mínima estrutura urbana e social, coisa flagrantemente deficitária. Também não é possível uma visão que não envolva a interdependência das cidades próximas, principalmente Cuiabá. É o que atesta o trabalho do IBGE publicado em 25 de março deste ano, mostrando o movimento pendular entre cidades como Cuiabá e Várzea Grande. São interdependentes. Logo, se não tratar da retomada desde o Planejamento Integrado, aglomerado urbano, e não retomar o Conselho das Cidades, é como construir prédio sem alicerce. Vamos torcer que isto seja repensado, que a cidade seja atendida na amplitude que merece. É pagar para ver este desafio!

Nenhum comentário:

Postar um comentário