Um exemplo drástico de
uma cidade que cresce com verdadeiras e extensas gambiarras é Várzea Grande.
Núcleo do velho e persistente coronelismo. Cidade e cidadãos abandonados
historicamente à própria sorte, apesar das inúmeras possibilidades que já teve
em seus representantes para ser uma cidade minimamente estruturada e saudável.
O eleitoralismo, a familiocracia sempre preponderou aos interesses coletivos
nesta cidade, com raras micro conjunturas de exceção. Somente ações pontuais
para beneficiar os interesses contrários a transparência e a probidade pública.
Imaginem se realmente pudesse ocorrer uma auditoria retrospectiva nas gestões
anteriores e uma investigação séria sobre enriquecimento ilícito. Muita gente
até posando de vestais da honestidade, ficaria em “palpos de aranha” em relação
a ética pública. Como alguns poderiam justificar suas posses milionárias
oriundas só do emprego público e da carreira política? Várzea Grande e sua
gestão pública funciona nos tempos como uma verdadeira Caixa de Pandora. Na
representação política, os malversadores contumazes do município conseguem
driblar a população e coloca-la na cegueira da possibilidade real de mudança
para novo padrão de política voltada para o bem público. É claro que com os
mesmos atores ou prepostos na malversação pública, a perspectiva de uma nova
Várzea Grande fica muito distante. Ou, quem sabe, algum milagre? – Como de
repente pautar uma gestão na ética pública, algo muito difícil quando se trata
de potenciais contumazes da apropriação privada do setor público. A cidade
caminhou na orfandade de representação política consequente, abandonada a
possibilidade de investimentos públicos em sua infraestrutura e conforto para
seus cidadãos. Nem de longe investiu com alguma seriedade no planejamento
urbano da cidade e em uma mínima política em produção rural e abastecimento
alimentar. Nada de pensar em patrimônios
materiais, quanto menos, os patrimônios imateriais, em uma cidade espremida e
“socada” em uma atabalhoada expansão que cuidou só dos interesses imobiliários
ligados a políticos e gestores. Ficou
uma cidade de um “puxadinho” atrás do outro, apesar de ocorrerem muitas chances
de aplicação proba dos recursos em sua malha urbana. Fui assistir há pouco
tempo apresentação de um interessante trabalho propondo a implantação dos Polos
Tecnológico e Industrial para a cidade. Coisas que de há muito vem sendo
cogitadas. Louvável e bem intencionada a proposta apresentada ao Governador por
representantes de instituições autônomas e defensores da cidade. O Estado tem proposta de ativar uma política
de suporte para a área de cidades, referida também em uma política de ciência,
tecnologia e infraestrutura. Ocorre que não é possível pensar em atração de
investimentos e mão de obra qualificada sem que a cidade ofereça uma mínima
estrutura urbana e social, coisa flagrantemente deficitária. Também não é
possível uma visão que não envolva a interdependência das cidades próximas,
principalmente Cuiabá. É o que atesta o trabalho do IBGE publicado em 25 de
março deste ano, mostrando o movimento pendular entre cidades como Cuiabá e
Várzea Grande. São interdependentes. Logo, se não tratar da retomada desde o
Planejamento Integrado, aglomerado urbano, e não retomar o Conselho das
Cidades, é como construir prédio sem alicerce. Vamos torcer que isto seja
repensado, que a cidade seja atendida na amplitude que merece. É pagar para ver
este desafio!
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