É triste e doloroso acompanhar pessoas vítimas
de violência sexual e estupro. A vítima é sempre culpabilizada, sofrendo esta
acusação muitas vezes dentro da própria família, dificultando a denuncia, até
por tabu, e vergonha. Na cultura machista, a mulher é tratada na sociedade,como
um objeto. Vitimização como : “ você provocou, você bebeu, embriagou- se, ficou
andando por ai em lugares que não deve ir, provocou contato com os
estupradores, foi à festinha suspeita, foi à república e ficou sozinha, enfim,
provocou de alguma forma, seja por onde andou, pelo modo de vestir, ou pela sua
conduta”! Existem milhares de relatos, às vezes ficamos perplexos com as
noticias nacionais e internacionais, como da Indiana que foi estuprada em um
ônibus por 6 homens. Em Cuiabá e em MT, ocorrem casos diariamente, mas ficam
escondidos pelo medo, coerção, ameaças e descrédito nas autoridades
responsáveis pela proteção dos direitos humanos. Lembremos aqui em nossa
cidade, do caso da garota que foi estuprada, esquartejada, e “assada” no forno
da padaria do seu pai pelo seu namorado. O réu ficará solto logo? O impacto da
violência psicológica é pesadíssima para as mulheres vitimas de violência e estupradas. Nos
relatos de casos em atendimento de traumas físicos e psíquicos, é comum que a
pessoa estuprada fique desorientada. Um problema freqüente nas pessoas vitimas
de estupro, especialmente nos primeiros tempos após a violência. Algumas
desenvolvem tendência ao suicídio ( como Viviane, ex estudante da PUC –SP que
suicidou-se deixando cartas elucidativas). São muito relatados Transtornos do
Stress Pós-Traumáticos, e muitos outros. Ocorrem sentimentos de degradação e
perda de auto- estima, pensamentos intrusivos recorrentes, ansiedade, medo de
sair de casa, pânico e depressão. Por isso, a mulher estuprada pode precisar de
tratamento psiquiátrico. Muitas vezes o dano psicológico não é superado,
algumas mulheres vêem no suicídio, a única saída para o seu sofrimento. Muitos
relatos de profissionais da área mostram que os danos psicológicos com o
estupro muitas vezes podem não ser superados. Depois de violadas, seu corpo e psique
podem não ser reconstruídos. Uma das inúmeras amigas que relataram a violência
sexual quando crianças, disse: “esta covardia, dor psíquica e trauma, acho que
só vai desaparecer com a minha morte”. É que a sociedade sexualiza o corpo da
mulher, reprimindo seu comportamento, moralizando seus atos, sob ameaça e pena
da violência sexual e psíquica. As instituições do Estado ( serviços públicos)
na medida em que são frágeis, contribuem para a banalização da violência.
Legitimam a barbárie, na medida em que não disponibilizam aparelhos públicos em
quantidade e qualidade compatíveis com a demanda e necessidades de atendimento
as mulheres vitimas da violência.
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