segunda-feira, 19 de maio de 2014

Machismo e cultura do estupro



É triste e doloroso acompanhar pessoas vítimas de violência sexual e estupro. A vítima é sempre culpabilizada, sofrendo esta acusação muitas vezes dentro da própria família, dificultando a denuncia, até por tabu, e vergonha. Na cultura machista, a mulher é tratada na sociedade,como um objeto. Vitimização como : “ você provocou, você bebeu, embriagou- se, ficou andando por ai em lugares que não deve ir, provocou contato com os estupradores, foi à festinha suspeita, foi à república e ficou sozinha, enfim, provocou de alguma forma, seja por onde andou, pelo modo de vestir, ou pela sua conduta”! Existem milhares de relatos, às vezes ficamos perplexos com as noticias nacionais e internacionais, como da Indiana que foi estuprada em um ônibus por 6 homens. Em Cuiabá e em MT, ocorrem casos diariamente, mas ficam escondidos pelo medo, coerção, ameaças e descrédito nas autoridades responsáveis pela proteção dos direitos humanos. Lembremos aqui em nossa cidade, do caso da garota que foi estuprada, esquartejada, e “assada” no forno da padaria do seu pai pelo seu namorado. O réu ficará solto logo? O impacto da violência psicológica é pesadíssima para as mulheres  vitimas de violência e estupradas. Nos relatos de casos em atendimento de traumas físicos e psíquicos, é comum que a pessoa estuprada fique desorientada. Um problema freqüente nas pessoas vitimas de estupro, especialmente nos primeiros tempos após a violência. Algumas desenvolvem tendência ao suicídio ( como Viviane, ex estudante da PUC –SP que suicidou-se deixando cartas elucidativas). São muito relatados Transtornos do Stress Pós-Traumáticos, e muitos outros. Ocorrem sentimentos de degradação e perda de auto- estima, pensamentos intrusivos recorrentes, ansiedade, medo de sair de casa, pânico e depressão. Por isso, a mulher estuprada pode precisar de tratamento psiquiátrico. Muitas vezes o dano psicológico não é superado, algumas mulheres vêem no suicídio, a única saída para o seu sofrimento. Muitos relatos de profissionais da área mostram que os danos psicológicos com o estupro muitas vezes podem não ser superados. Depois de violadas, seu corpo e psique podem não ser reconstruídos. Uma das inúmeras amigas que relataram a violência sexual quando crianças, disse: “esta covardia, dor psíquica e trauma, acho que só vai desaparecer com a minha morte”. É que a sociedade sexualiza o corpo da mulher, reprimindo seu comportamento, moralizando seus atos, sob ameaça e pena da violência sexual e psíquica. As instituições do Estado ( serviços públicos) na medida em que são frágeis, contribuem para a banalização da violência. Legitimam a barbárie, na medida em que não disponibilizam aparelhos públicos em quantidade e qualidade compatíveis com a demanda e necessidades de atendimento as mulheres vitimas da violência.

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