Tempos necessários de reflexão sobre o golpe
civil-militar-empresarial na virada do 31 de março para 1ºde abril de 1964. Foi
escolhido o “dia da mentira”, talvez não só porque não fora nenhuma revolução, mas
também porque anteciparia as grandes mentiras que os golpistas sustentariam ao
longo do tempo. Verdades incomodas e cruéis tem vindo à tona, contestando as
versões oficiais e suas negativas a questões óbvias do regime de opressão. Na
busca de recontar esta história oficial, revelações confirmando fatos
arbitrários, perseguições, torturas, assassinatos, vitimando milhares de
cidadãs e cidadãos brasileiros. O período 1964-85 deixou marcas profundas no
cotidiano da sociedade brasileira, estabelecendo um divisor de águas na
história do Brasil e da América Latina. Recente, as revelações macabras do Cel.
Malhães, fatos repugnantes dos porões da ditadura. Ara que não fossem identificadas,
deu até a técnica de jogar corpos nos rios de maneira que nunca fossem
encontrados. Falou como se fosse natural cortar os dedos e a arcada das vítimas.
O lema sustentador foi o de calar à
força as oposições ao regime instalado. Diga-se, todos aqueles que lutavam
pelos princípios da Democracia, da Justiça e do confronto com as desigualdades
em nosso país. A consolidação do autoritarismo e violência do Estado trouxe na
Constituição de 87 instrumentos marcando o golpe final no Estado de Direito e
das Instituições Democráticas. O Congresso Nacional foi dissolvido, suprimidas
as liberdades individuais. Foi instalado um Código de Processo Penal Militar
dando ao Exército Brasileiro e a Polícia Militar o direito de encarcerar e
prender pessoas consideradas suspeitas, sem a possibilidade de qualquer revisão
judicial. Foi instituída a Lei de Segurança Nacional, ainda hoje em vigor. A estratégia do bipartidarismo, para garantir
hegemonia partidária da ditadura, através da criação da ARENA, em um esdrúxulo
jogo político do bipartidarismo. É preciso escancarar a memória soterrada
destes tempos sombrios, prisões, perseguições, cassações, expurgos, exílios,
tortura e assassinatos. Tantos, marcados pela violência pela vida toda, tantos que
perderam a vida. Marcas indeléveis persistem nas famílias e amigos que lutam
pelo direito de enterrar seus mortos. Não há futuro decente sem o
reconhecimento das atrocidades cometidas. Memória, justiça, reparação e punição
aos protagonistas, mandantes e executores dos horrores da ditadura. Pela
verdade e pela memória!
Waldir Bertulio
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