quarta-feira, 9 de abril de 2014

Tristes Memórias



Tempos necessários de reflexão sobre o golpe civil-militar-empresarial na virada do 31 de março para 1ºde abril de 1964. Foi escolhido o “dia da mentira”, talvez não só porque não fora nenhuma revolução, mas também porque anteciparia as grandes mentiras que os golpistas sustentariam ao longo do tempo. Verdades incomodas e cruéis tem vindo à tona, contestando as versões oficiais e suas negativas a questões óbvias do regime de opressão. Na busca de recontar esta história oficial, revelações confirmando fatos arbitrários, perseguições, torturas, assassinatos, vitimando milhares de cidadãs e cidadãos brasileiros. O período 1964-85 deixou marcas profundas no cotidiano da sociedade brasileira, estabelecendo um divisor de águas na história do Brasil e da América Latina. Recente, as revelações macabras do Cel. Malhães, fatos repugnantes dos porões da ditadura. Ara que não fossem identificadas, deu até a técnica de jogar corpos nos rios de maneira que nunca fossem encontrados. Falou como se fosse natural cortar os dedos e a arcada das vítimas.  O lema sustentador foi o de calar à força as oposições ao regime instalado. Diga-se, todos aqueles que lutavam pelos princípios da Democracia, da Justiça e do confronto com as desigualdades em nosso país. A consolidação do autoritarismo e violência do Estado trouxe na Constituição de 87 instrumentos marcando o golpe final no Estado de Direito e das Instituições Democráticas. O Congresso Nacional foi dissolvido, suprimidas as liberdades individuais. Foi instalado um Código de Processo Penal Militar dando ao Exército Brasileiro e a Polícia Militar o direito de encarcerar e prender pessoas consideradas suspeitas, sem a possibilidade de qualquer revisão judicial. Foi instituída a Lei de Segurança Nacional, ainda hoje em vigor.  A estratégia do bipartidarismo, para garantir hegemonia partidária da ditadura, através da criação da ARENA, em um esdrúxulo jogo político do bipartidarismo. É preciso escancarar a memória soterrada destes tempos sombrios, prisões, perseguições, cassações, expurgos, exílios, tortura e assassinatos. Tantos, marcados pela violência pela vida toda, tantos que perderam a vida. Marcas indeléveis persistem nas famílias e amigos que lutam pelo direito de enterrar seus mortos. Não há futuro decente sem o reconhecimento das atrocidades cometidas. Memória, justiça, reparação e punição aos protagonistas, mandantes e executores dos horrores da ditadura. Pela verdade e pela memória!  
Waldir Bertulio

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