quinta-feira, 21 de novembro de 2013

CIDADE DOS OUTROS somos nós!


Quantas cidades vivem em nossa cidade? Muitas, a cidade dos endinheirados( pior,muitos com o dinheiro público), dos deserdados, das crianças com fome hoje, nas periferias, dos idosos abandonados, isolados na solidão em suas casas, famílias, ou nos asilos ( muitos só esperando a morte?), dos dependentes de drogas, das prostitutas defendendo o sustento, dos palcos e festas chics, na negação da miséria material, física e psíquica. A cidade como armadilha em mãos de Legislativos, gestores e políticos imunes a medidas de intervenção resolutiva. A dança eleitoral já deflagrada, cenário de medidas e promessas de verniz. As cidades e suas dualidades, flagrantes em Cuiabá, Várzea Grande e Brasil afora. Sempre, no mínimo, duas cidades em uma só, a dos ricos e poderosos, e a dos deserdados e desvalidos. O urbanismo tem que existir para humanizar a vida nas cidades. Até nos EUA, lá está mais uma cidade símbolo falida: Detroit, Michigan. Sim, pediu falência após redução drástica da qualidade de vida, de empregos e da sua população, que evadiu-se. Quem diria? Berço da GM, Chrysler, a Ford, capital do carro. Em verdade, é mais um caso que não resiste a arquitetura da destruição. Virando cidade fantasma, ainda com marcos decadentes da sua “gloriosa” ascensão capitalista. Amplas vias e edificações corroídas, sem a vitalidade de gente feliz e que sonha, um aspecto de ficção científica, sem redenção e nem vitória. Um monumento para a crítica da urbanização do século XXI. O que faliu foi o nefasto modelo do urbanismo industrial, como mero balcão de negócios. Para nós, qual cidade? Mercado de negócios em cinismo público? Nesta “nossa” cidade, baixou, recebido com pompas, há 2 semanas, Marcos Feliciano , deputado-pastor, homofóbico, racista e machista, fazendo pregação. Uma das “perolas” como Presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara Federal: “ Os africanos descendem de um ancestral amaldiçoado por Noé”. Querem mais? Esta cidade, que é centro e eixo do mercado no campo a qualquer custo, assiste silenciosamente a luta contra a desregulamentação dos direitos indígenas e quilombolas. Ao mesmo tempo, os governos promovem estratégias de propaganda e invisibilidade na barbárie do genocídio, até com os belos e originários Jogos Indígenas. Tem de tudo, arte/cultura instrumento possível de recompor a brutalidade nas urbes. A polissemia da dramaturgia de Juliana Capilé tem milhares de cidades, gentes, angustia, dor, espera, desilusões e esperança. Cidade dos Outros de sua autoria foi escolhida pelo respeitado Projeto Palco Giratório do SESC Nacional, para ser apresentada na maioria das capitais brasileiras em 2014. Teatro contemporâneo, do mais alto nível. Fala, enfim, da conspiração da economia contra a “alma” das pessoas e cidades. Até Detroit pode ser recuperada, e quem dirá, Cuiabá! Em Detroit morre um modelo de cidade, de vida. Apelarão, como em MT para a dança do Cacique?

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