Estive
em Dourados-MS no Seminário Nacional sobre terras indígenas e
quilombolas no Brasil, encaminhado pelo Congresso da Associação
Nacional dos Docentes de Ensino Superior-Andes-SN. Presentes
professores de várias universidades públicas brasileiras, acolhidas
pelas Associações de Docentes das Universidades Federal e Estadual
de Dourados. Ali ficou bastante marcada a ação/omissão do Estado
brasileiro contra estes povos. Os expositores principais, desde a
abertura ao encerramento foram lideranças como dos Guarany –
Kayowá e Terena. Reafirmam que não recuarão da retomada de suas
terras, apesar dos entraves e morosidade do Governo Federal,
Congresso Nacional e da Justiça. Reafirmaram que irão ampliar o
retorno às suas terras ancestrais ocupadas por fazendeiros. Não
esperam mais nada por parte dos poderes da República. Da justiça,
“só quando por sorte aparece um juiz ligado a Justiça Social”.
Homenagearam Marçal Guarany, assassinado há 30 anos, como ícone
da sua luta. Afirmam que só há duas opções: serem mortos, como
vem acontecendo historicamente,ou que prendam, encarcerem os 40 mil
índios que lá estão, desde as fronteiras do Paraguai. Mato Grosso
do Sul é o 1º no ranking de assassinato de índios no Brasil. Os
dados lá apresentados, desde o insuspeito Conselho Indigenista
Missionario-CIMI, (anexados aos que foram apresentados aqui em Cuiabá
no inicio de outubro, em um excelente encontro para operadores da
justiça sobre terras quilombolas) são alarmantes. Demarcação,
titulação e retomada de terras indígenas e quilombolas caiu
vertiginosamente nos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff, em
níveis nunca ocorridos. Avaliações apontaram que não há nenhuma
esperança com este último governo, fechando todos os acordos com a
base aliada e um retrocesso sem precedentes no capitulo dos Direitos
Humanos e mercantilização da terra e da natureza. Não há limite
ético para garantir a possibilidade de reeleição. Passamos uma
tarde em um aldeia, a Panambyzinho, terra Guarany-Kayowá. Muita
alegria, mulheres, homens e crianças com pinturas e adereços
rituais, cantos belos, comoventes, das mulheres - falaram 10 delas,
somente na língua Guarany. Sem suas terras, não há dignidade para
estes povos. O Brasil não superou a herança colonial, impondo um
imenso desprezo e afastamento de seus povos tradicionais. Foi triste
e indignante ouvir pelos próprios protagonistas, a realidade do
massacre do povo Guarany-Kayowá. O grito uníssono de todos: não
moraremos mais nas beiras das estradas! A realidade cruel
Guarany-Kayowá tem semelhante cenário em Mato Grosso.
Waldir Bertúlio
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