Fato
novo de realce no país em 2013 foi à onda de protestos que varreu o
país em Junho passado. Inicialmente pareceu que exerceria efeito na
política, qual nada! Atônitos com as manifestações, políticos
apressaram em dar resposta a população que clamava: “Não
acreditamos em vocês”. É só passar os olhos por cima no que
aconteceu de lá até agora, para constatar que a resposta política
foi “fogo de palha”. Esqueceram rapidamente das medidas que
poderiam e deveriam ser tomadas. Das cinco medidas anunciadas pela
Presidente, nada de concreto, diluídos na antecipadíssima sanha de
poder eleitoral, principalmente no combate a corrupção e melhoria
dos serviços públicos. No palco, toda máquina pública para uso
sem restrições, como a patente de banco para o grupo AMMAGI. Os
investimentos de infraestrutura, mobilidade urbana, educação e
saúde continuam nas marcas da subaplicação. Ralos de corrupção
nas obras da copa para atender a estética da FIFA, das empreiteiras
e conglomerados financeiros, arrastando-se como “a mãe do PAC”,
se conseqüente, não gostaria que fosse. Acabou agora exibindo
extenso nariz de Pinóquio para a elite capitalista no Fórum de
Davos. Argumentam que os gastos faraônicos dos megaeventos (Copa de
Confederações, Olimpíadas 2016) terão como principal saldo a
“institucionalização dos novos esquemas de segurança”. Choques
com a polícia supermilitarizada, buscando colocar movimentos sociais
como vítimas e bodes expiatórios. Escalada que neste ano poderá
ensejar um palco de guerra nas praças, ruas, shoppings, na repressão
e beneplácito de alas da justiça para manter o povo exilado nas
periferias. Para a grande imprensa, até 13 de Junho eram “vândalos”
nas ruas. No dia 17, data da virada, já eram “manifestantes” que
ocuparam as ruas em mais de 600 cidades. Argumentos inconsistentes
para condenar a violência, que vem primeiro dos braços do Estado.
Enquete mostrou que grande parte dos “Black Blocs” no Rio eram
filhos, parentes, ou os próprios ambulantes que foram retirados das
ruas no seu ganha pão. Os significantes dos “Rolês” é que a
periferia pede passagem, expressando importante momento da sua
identidade: “... Nós somos da periferia, não temos vergonha
disto”. Ora, isso não é de hoje, a cultura do hip hop, rap,
break, funk, carreiam este sentimento de orgulho ao expor a cultura
da periferia. Aqui em Cuiabá, Linha Dura, Taba, os mestres da
capoeira são elementos subsidiadores desta reidentificação. A
demanda é contra o Estado corrupto, repressivo e excludente. Contra
o racismo e toda a representação e regime político.Será que o
imaginário social no “Rolezim Cuiabano” não está vivo ainda
com o assassinato impune de um cidadão “diferente”pela segurança
do Shopping Goiabeiras?Os pressupostos do “tarifaço” adentram a
agenda de 2014. Governantes e políticos não estão levando isto a
sério. Ressoa ainda o grito de mais que 30 mil pessoas nas portas da
AL em Cuiabá: “fora Riva, fora Silval!” Não enxergam os que
confiam na impunidade.
WALDIR
BERTÚLIO
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