quinta-feira, 27 de junho de 2013

Orientação ou Escolha na Sexualidade?

Minha indignação está testada nos limites máximos com o cenário da violência contra crianças, adolescentes , mulheres e a homofobica.  Homofobia não é doença, é crime. Que deve ser punido com a severidade máxima nos preceitos da luta pelos Diretos Humanos e da Justiça. Desde antes da conclusão do meu bacharelado em Psicologia, no campo das artes, da cultura, onde sou ativista, passei ao enfrentamento fora dos âmbitos familiares, contra ainda para mim, a incompreensível segregação e repressão ao homossexualismo.  No âmbito da homossexualidade, encontro grande numero de pessoas que vivem amedrontadas e presas em uma redoma de solidão pela negação social à sua orientação sexual. Em minha prática clinica e social na psicologia, trabalhei bastante com crianças/adolescentes, mulheres e idosos, sempre procurando dirimir, esclarecer e procurar prover alternativas nos caminhos da identidade/opressão/ autonomia. O movimento de segregação à homossexualidade começa na maioria das vezes dentro da própria família. Pior, quando inserido em um campo cultural onde o machismo e as expressões religiosas conservadoras estão presentes. É dolorido mergulhar nessa solidão e medo absais, quando o principal elemento restritivo é a recusa ou não aceitação social ao Eu. Devemos chamar na verdade, orientação sexual. Por quê? Tenho ouvido muito as pessoas falarem em escolha, opção sexual, o que também considero absurdamente errado e impertinente, vez que as pessoas não escolhem se serão homo, bi ou heterossexuais, pois esta é uma condição dada.  Eu por exemplo, ao nascer e em nenhum momento posterior, poderia  escolher minha trajetória da sexualidade, pois isto independe de qualquer escolha.  Outra coisa, o que é correto e utilizado pelos protagonistas esclarecidos da causa LGBT é a adoção do termo orientação sexual. Ai sim, é assumir a estrutura intrínseca à construção do ser, que pela sua singularidade, enfrenta o embate da exclusão na sua orientação sexual. É absurdo a sociedade em geral aceitar como “natural” somente quem é heterossexual. Assim, esta expressão do machismo avança contra as chamadas minorias sexuais, as que são rejeitadas e negadas. É execrável e vergonhoso para nosso país, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, presidida por um parlamentar (Marcos Felícia,no) homofobico e racista, sustentado pela base aliada do governo para tentar  encaminhar o absurdo da tal “cura gay”. Como se isso fosse um problema de doença, já internacionalmente contestado até pela Organização Mundial de Saúde. Acompanhei, e participei das reflexões e propostas que levaram o Conselho Federal de Psicologia, acertadamente, a impedir qualquer perspectiva de trabalhar no campo profissional para mudar a orientação sexual de gays, lésbicas, transexuais, travestis e outras orientações sexuais menos conhecidas. Isto poderia ocorrer em cenários bárbaros como o da inquisição, causa especialmente assumida com rigor por muitas seitas religiosas ou grande parte dos seus componentes. Este problema é sobretudo ético. O nazismo impôs e praticou o mesmo tipo de intolerância. Em minha tradição católica, esta opressão começa com o celibato,  Esta escalada do Congresso Nacional é  contra princípios fundamentais em nossa luta pelos Direitos Humanos, como também  contra a própria ciência. Para mim na psicologia, não negando as expressivas contribuições de Pavlov no reflexo condicionado, ( Na pesquisa, batia as panelas todo dia no horário de comer. Os cães salivavam intensamente, mesmo sem a comida.),  é como se pudéssemos “candidamente”,( porque este sim é um ato diabólico)  impor a violência da transformação mental, como agentes de lavagem cerebral . Como se nosso papel não fosse exatamente o contrário: contribuir com homossexuais para alcançar  os caminhos para fruição dos desejos, ou seja, procurar os caminhos para enfrentar os conflitos e igualdade social. Por isso, a Parada Gay tornou-se uma referencia, um símbolo na agenda de lutas por direitos civis, a ponto de aqui mesmo em Cuiabá, onde a violência e assassinato de homossexuais está presente, cresce a aceitação da população a este hoje símbolo da luta contra a homofobia em Mato Grosso. Descontração, mostrar a cara e combater contra as desigualdades e condições desfavoráveis da exclusão social, precedendo as manifestações que assistimos hoje com alegria da nossa juventude reagindo pacificamente, porem duramente contra a perda de confiança nos gestores públicos nos políticos e na política. Acredito que assim estamos criando possibilidades de crescer contra todos os tipos de desvios reais e impunidades que corroem especialmente a sociedade e o setor publico brasileiro. Acredito nas pressões para mudança vindas de gente apaixonada, independente e autônoma, fora das rédeas do coronelismo político. Quem sabe assim, poderemos substituir a maioria de enganadores políticos que “nadam de braçada” nos lodaçais da impunidade. Decidi que preciso participar nas ruas das manifestações desta juventude, o que já estou fazendo pelas mídias sociais e indo às ruas. Neste sentido, penso que a única duvida que pode ser colocada é: responder ao  conservadorismo e repressão vigentes, e creio, apostar no  avanço do processo civilizatório e a luta sem tréguas pela igualdade, dignidade e decência política, porque a verdadeira política está entranhada em nosso cotidiano quando lutamos contra a falta de ética. Para mim este é o substrato e o roteiro no enfrentamento na escalada de ódio e crimes da homofobia e dos protagonistas homofobicos.   


Vera Capilé, cantora e psicóloga.

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