Fui orgulhosamente às bem-vindas
manifestações e caminhadas da nossa juventude aqui em Cuiabá. Participei
dos embates ferrenhos contra a ditadura militar entre 1967 e 1972, quando
estudante. Embora conjunturas diferentes, há um liame estrutural semelhante,
forte na indignação e busca de resistência e enfrentamento frente à malversação
do Estado Público no Brasil. O título deste artigo eu ouvi sendo entoado,
dentre tantos outros contra a corrupção, até o “FORA RIVA” entoado unissonamente
por mais de 40.000 pessoas nas portas da Assembléia Legislativa. Relevantemente
de grande expressão a rejeição contra a PEC37. Muito emocionante, na caminhada
da Praça Alencastro/Assembléia, funcionários e moradores saudando com chuva de
papéis picados. Pensei que já nesta fase da minha terceira idade não viria
jamais tal mobilização pacífica e ao mesmo tempo contundente e irada com a
gestão pública. Atos bonitos,
estimulantes e verdadeiros, a marca destas mobilizações que em rastilho devem
continuar. A partir de uma metáfora de caminhar, ir à frente, em um dos fios de
meada do desprezo governamental à mobilidade e ao transporte coletivo público. Mostram , ao contrário do que muitos pensam(
que são todos apolíticos) que sabem muito bem o que é a verdadeira política. É
na luta cotidiana, quando construímos uma ética social, presentes o limite da
dignidade e do respeito ao outro, à outra e ao ambiente cultural, subjetivo e
material que nos envolve. Por que contra políticos e partidos? Porque sentem no
dia a dia tragédia da desrepresentação, dos mandatos onde quase todos os partidos não tem
princípios para defender. Descrédito contra o cinismo, a corrupção e a
impunidade, verbalizando a farsa democrática. Então este levante traz em seu
bojo o sonho impetuoso da democratização, da autonomia, da transparência e da
necessidade de arrancar as máscaras da impunidade, da falsidade e da mentira. O
que está por trás da gota d’água que
detona este movimento nacional é ver que raríssimos políticos honram seus mandatos
obtidos em eleições, vias de regra com muito dinheiro e manipulações escusas.
Depois querem receber a fatura locupletando-se sem limites nas tetas e
entranhas do orçamento público. Imaginem uma auditoria sobre origem de fortunas
de tantos políticos e pseudos empresários que se locupletam do poder público
aqui no Estado? Poderíamos comprovar, certamente, esta rapinagem crônica e
atual dos cofres públicos. Lobos ferozes cuidando de cordeirinhos!
Waldir Bertulio
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