As esperanças de toda uma geração apostando
na mudança a partir de 1980 foi catalisado pelo PT naqueles idos. Este sonho
foi por águas abaixo nos 10 anos de governo. As mulheres compõem a metade da
classe trabalhadora no país. Contradição atestada pelas estatísticas oficiais,
são as mais pobres, antes da população negra e das mulheres negras. A falácia
da nova “classe média”, os que ganham até R$1019,00! O ILAESE (Instituto Latino
Americano de Estudos Sócio econômicos) efetuou um estudo com 4 trabalhadoras
desta faixa, que ganha até 1,5 salário mínimo. Mostra que as mulheres compõem
88%, e a população negra 68%, reafirmando a conclusão que a pobreza em nosso
país tem cor e gênero. Apesar de mulheres comporem Secretarias nacionais e 5
Ministérios( inclusive a Casa Civil e Planejamento), não ocorrem avanços, pela
inexistência de orçamento, apesar de algumas propostas formuladas. Dentre o que
vem sendo implementado, o Programa Bolsa Família incentiva para que as mulheres
tenham a titularidade do benefício. Ocorre uma contradição, pois continuam com
a obrigação de cuidar dos filhos, acompanhá-los nas escolas, garantir boas
condições de saúde, reforçando a obrigação sistemática das mulheres com as incumbências
domésticas. Esta responsabilidade é paga
pelo valor de R$70,00 por cada filho! A Secretaria Nacional de Políticas para
as Mulheres, criada em 2002, virou Ministério no Governo Dilma em 2013. Até
hoje foram elaborados 3 planos: Redução da Violência Contra a Mulher, Combate a
Mortalidade Materna e Construção de Creches, completada por uma evasiva ação de
Combate a Desigualdades. Espremendo, pouco sai, não há orçamento especifico nem
investimento sistemático. A educação infantil, creches, são elementos
fundamentas, no entanto 8 a
cada 10 crianças estão sem acesso. Grande parte das mulheres não pode trabalhar
porque não tem onde deixar suas crianças. Dados oficiais mostram que não foram
construídas nem 7% das creches previstas. Falta de recursos? Não, falta de
prioridade! Com avanço da violência domestica, homicídios, estupros, assédio
moral, decorrência da opressão machista, o orçamento para a Lei Maria da Penha
foi reduzido. Não conta com cobertura nem em 10% dos municípios brasileiros,
com parte da implementação terceirizada. O apoio a luta pela liberdade e
autonomia das mulheres na decisão do que fazer com seus corpos foi abandonada,
inclusive com Lula da Silva assinando em
seu segundo mandato o acordo Brasil - Vaticano. Além disso, no seu governo,
foram indiciadas milhares de mulheres criminalmente por prática de aborto
clandestino, deixando de lado os avanços que consideram aborto não uma questão
criminal, mas eminentemente, um problema de Saúde Pública. Dilma assinou “A Carta ao Povo de Deus”, em
acordo com bancadas evangélicas e outros credos, para garantir sua reeleição,
rompendo formalmente com a concepção do Estado Laico. Sequer apóia a decisão do
CFM de flexibilizar a criminalização do aborto, criando um cadastro de grávidas
na Rede Cegonha, tática para ampliar a criminalização das mulheres (derrubado
pela pressão e luta dos movimentos de mulheres). A proposta recente de estruturar nos Estados um
plano integrado para as mulheres vitimas de violência continuará no papel? Este
“empoderamento” com tantas mulheres em cargos de mando no governo não significa
o atendimento da demanda dos seus direitos, especialmente das mulheres
trabalhadoras. A OCDE, em estudo no ano de 2011 levantou que as mulheres
trabalham em média 4 horas a mais nas tarefas domesticas. No Brasil e em MT,
sofrem com a ameaça da retirada dos direitos sociais, baixo acesso aos serviços
públicos, além da violência e da dupla jornada. As mulheres estão ameaçadas
pelas atuais propostas de mudanças nas leis trabalhistas. O Acordo Coletivo
Especial (ACE), assumido pelo governo para atender interesses do aumento de
lucro na relação capital – trabalho retrocede direitos líquidos conquistados,
onde o legislado é apagado pela negociação entre patrões e trabalhadores. Além
de poder retirar coisas como 13º, férias, horas extras, poderá romper até com o
direito da amamentação (Art. 39 CLT). Os
representantes do patronato pedem a retirada destes direitos justificando que
as mães no trabalho estão longe dos filhos para amamentarem. Omitem o direito as creches no ambiente de
trabalho ou nas suas proximidades. No
Brasil, 40% no mínimo de lares são chefiados por mulheres trabalhadoras. Alem
de serem ameaçadas de punição e demissão, até quando tentam garantir seus
direitos de mães, da saúde física e mental de seus filhos. Jurema Werneck,
médica, ativista do movimento negro, pelo SUS Público, protagonista na luta das
mulheres, adverte e argumenta: “O governo Dilma está chocando os ovos da serpente”!
A estrela do PT não brilha para os trabalhadores, muito menos para as mulheres
trabalhadoras.
Waldir Bertúlio
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