Entendo que precisa acontecer uma refundação da UFMT, (com todo respeito
ao processo de fundação da Instituição) no sentido do subjetivo,e que envolve
diretamente as relações de poder na instituição. Persistem feudos que
influenciam as práticas acadêmicas, e
este enclave centralmente é na gestão.
Aqui estamos nós, no século XXI, onde a “modernidade” impõe uma
ideologia ensangüentada pela violência e desigualdade conduzida por uma
perversa globalização econômica, financeira e cultural. Cá da academia, será
que a visão do iluminismo construiu um paradigma pós moderno? Reduziram as
esperanças e utopias a um simulacro de transformação do mundo? É um quadro
patético, da humanidade sucumbindo, desumanizando, aprofundada na dominação do
mercado, intensificando a intolerância e a discriminação. Aqui estamos, a
UNISELVA, conforme a marca da Ditadura Militar assistindo passivos ou ajudando
a esconder os grandes genocidas que
praticamente estão naturalizados. Assistimos indiferentes ou horrorizados a
nação/estado contra os povos indígenas,quilombolas,sem terra, famintos urbanos
e rurais no cenário da devastação plena da natureza e povos originais e
tradicionais. Será que as instituições, e aqui a UFMT, estariam esgotadas, sem
saídas? Acho que não, apesar do desprezo a nossa realidade social, em que fazer predominantemente
esquizofrênico, como se não existisse o mundo real, e colocando-se desde a
omissão e do silencio a serviço do genocídio. Novas lideranças autônomas para
que? É preciso manter o “status quo”. É tragicômico, aí está o caráter da
refundação? Rehumanizar, reinventar os
vínculos com o outro,a outra, aquele que não cabe na redoma meritocrática e de
isolacionismo acadêmico. O paradigma moderno esfacelou-se, não há que ter
nostalgia, ela pode gerar fanatismo. Crimes contra a humanidade, direitos
humanos, de genocídio em genocídio, a transparência do mau, que não poderá
exaurir valores e sonhos. Precisamos romper com a amnésia dos sonhos. Que razão absoluta é esta, que
transforma tudo semelhante a um câncer, com suas metástases mortíferas? As
esperanças teriam sido rompidas, destruindo a busca da emancipação? Temos que refletir do porque
duas grandes guerras e um muro (derrubado em 1989) decretaram este conhecimento
com rompimento da crença de alcançar um mundo e uma vida melhores. Onde esta
visão de mundo? Direitos Humanos, Defesa da Cidadania, Socialismo, Revolução, a
guerra do direito,para onde caminham?
Retorno a maio de 68, onde segundo Emanoel Levines ..., diz: “ encerrou-se a alegria do desespero, um
ultimo abraço na justiça humana, na felicidade. Nossa democracia atual,
ocidental, é uma aparência. Uma farsa serviço da violência institucional. A
derrubada das torres gêmeas teria sido um ato simbólico e factual do que
arrastou~se das guerras desde 1945? Democracias ocidentais como a nossa são
imperiais na sua estrutura de poder, temos um Estado Nacuinal genicida. Segundo
Baudrillard projetos de dominação obscenos. O que vemos é a satanização da
diferença, uma avalanche que vem dede Timor Leste, as Colônias Africanas, o
Continente negro dizimado da Indochina, de Sabra, Chatillia, Argélia, aos
Paises Árabes, aos estopim da Grécia em
rastros de violência e de resistência. Neste contexto é que poderemos repensar
os valores da educação e da Universidade Pública. No meio da fúria da exclusão
e discriminação, prisões efetivas que não oferecem saída. Esta é a
condenação.Assistindo o debate da eleição a Reitoria da UFMT, gostaria de poder ouvir propostas de projetos
integrais de educação calcados nos Direitos Humanos e Cidadania,retomando a
esperança real como necessidade de ser retomada. Infelizmente, onde deveria ser
o espalo permanente da reflexão, debate e critica não há tempo nem espaço para
esta construção, na medida em que reproduz a ação política externa. Refundação,
é um termo criado por Pierre Legansdre, romancista, historiador, jurista e
psicoanalista, francês, em busca da suepração dos perigos de barbarização e
perdas de humNIDade. Refundar é reinventar a cultura, pensar alem do dado, o já
estabelecido não é o único caminho para se preoduzir idéias socialmente
cúmplices. O professor Luis Alberto Warate, (UFSC) diz que refundar é pensar a
mesma idade desde o outro que está em mim para poder produzir o novo, conviver
com o imprevisível, e poder escutar meus próprios sentimentos, valores e
esperanças.quer dizer, é preciso mexer com as consciências acomodadas, que
crêem estar nas posses de uma lugar de normalidade. Repensar tudo que nos
coloca em situações de opressão, descriminação e exclusão, seja no lugar do
oprimido, onde o opressor recoloca suas visões de mundo. As visões de mundo
junto aqueles que não fazem parte de todas estas certezas. Correntes herdadas de Foucalt ( final anos
60) proclamaram o fim dos intelectuais eruditos, filhos da razão abstrata, da
modernidade dos paradigmas. Esse erudito esvaiu-se, ressurgindo o que estava
oculto antes, o intelectual que de posse do poder dos saberes ( ou pseudo
saber) os exercem para favorecer ou eliminar a vida. Parece apropriada essa
discussão nos muros da Universidade. Retornar a Foucalt e pensadores dos anos
70, para afirmar o tumulo do intelectual, e lutar para libertar a vida e o
pensamento. O futuro da sociedade sustentar-se-á pela alteridade, gente
diferente e autônoma. D’aí invocar o valor da poética que permite ver através
das artes, a poesia incorporada a vida, os elementos nobres da condição humana ,
resgatando a dimensão do humano sagrado, até a dignidade ou a nobreza na
miséria humana. Estética e arte são irmãs siamesas. A poética é a maneira mais
livre de mostrar o valor ético das condutas humanas. Em nosso caso,
UFMT/Universidade Públicas, é necessário vincular a vida ( individual,coletiva
,a natureza) com a verdadeira política. Cabe a academia praticar, ser sujeito
do poder político, e não objeto. Devo dizer que assisti ao debate dos
reitoráveis:- a atual reitora, exercendo todo o poder para a reeleição,
desfilando discurso tipo políticos lá de
fora, revelando-se instável quando provocada ou acossada. Infelizmente pudemos
ouvir apenas fragmentos de propostas e feitos (materiais) distante de
conhecermos o pensamento dos candidatos, vez que o debate é restrito, ao invés
de ser conduzido por um tempo mais extenso e com antecedência. Obviamente que
se isto é efetuado de “afogadilho”, pouquíssimo tempo, soa como um golpe, ainda
acompanhado de práticas fisiológicas ( jantar eleitoral e outras formas).
Aliás, por que os campus do interior não fazem eleições? Gostaria muito que
fosse feita uma auditoria nas obras em Cuiabá e interior, na Fundação Uniselva,
nas licitações,e que fosse repensado o processo de planejamento da UFMT.
Potencialmente, as fragilidades podem oferecer surpresas, mas também grande e
benéficas correções. De princípio, eu sou contra a reeleição.Acho que uma
gestão coletiva bem conduzida pode acumular força democrática, de maneira que
mandatários apóiem outro de sua equipe para poder retornar a sua função
original de professor, professora nas lides do ensino, pesquisa, extensão.
Considero como um problema central a gestão da UFMT, que precisa libertar-se de
vez do comando de fora para dentro da instituição. Não podemos refletir na Universidade o
fisiologismo político e intransparencia que imperam nos comandos políticos
nacional, estadual e municipal. Temos que dar o exemplo, é salutar para a
democracia a alternação dos cargos, até como um instrumento necessário para
desfeudalização da instituição. Que sanha é essa de não se desgarrar do poder? Será uma ação personalista? Para mim é
incompetência política. Não construir e abrir caminho para os sucessores. Da
mesma forma , penso na indecorosidade de professores que se aposentam e
concorrem a uma nova vaga na carreira. Função de professor é compartilhar,temos
que nos alegrar e sentir realizados com
o ingresso de novos valores. Por enquanto, como professor aposentado, só temos
a opção de voltar a trabalhar na Universidade, como substituto. O professor
aposentado é apagado pelas áreas acadêmicas. Nem sendo convidado para
importantes momentos onde produziu sua vida laboral. No meu Instituto, após
minha aposentadoria, por algum tempo ainda éramos convidados. Isso passou logo.
Voltamos ao ostracismos reservado aos aposentados. Felizmente, lá fora a vida
ferve. É preciso dar oportunidade para que aposentados ainda estimulados a
trabalhar desenvolvam planos de extensão, ensino e pesquisa, em alguma forma
possível de inserção ( bolsas, projetos). É uma pena que com tanta experiência
acumulada não se incorporem os “cabelos brancos” para contribuir e repassar
experiências no campo acadêmico. Parece que é só querer. Esquecem-se que todos
se aposentarão. Eu mesmo gostaria de conviver com experiências de extensão e
interiorização com avaliação e redirecionamento político pedagógico dos cursos.
Enfim, transferindo experiencias e conhecimentos que custaram muito em
investimentos para a nação. Basta criar uma figura de inserção (visitante,
bolsista...). Considero como essencial a função de ampliar acesso, a inclusão
social, a interiorização, sobretudo a consolidação de uma política
ampliada de permanência de alunos. Achei
estranho o Conselho Estadual da Igualdade Racial ter promovido um manifesto em
apoio a atual reitora junto com entidade e algumas lideranças do Movimento
Negro de MT. Primeiro, reafirma-se influencia externa, vez que sabemos quais políticos
são donos de quais feudos e cargos. Este Conselho é Governamental, sabidamente
ligado a grupamentos políticos. Como na Universidade, no Movimento Social uma
palavra chave é autonomia. Desde que fundamos a Adufmat ( fui Presidente
Provisório em 78 e da primeira diretoria em 79) lutamos contra o atrelamento de
entidades como Sindicatos e Movimentos Sociais a partidos políticos,
parlamentares e governantes. Aí está o equívoco. Normalmente levam-se
propostas a todos os candidatos. Aliás,
fui abordado insistentemente para assinar pelo Movimento Negro, o que neguei. O
mesmo aconteceu com Nieta, líder do GRUCON e do Movimento de Mulheres Negras.
Tudo em nome da ética. Argumento que se usou foi que a reitora aprovou cotas
raciais. Ora, eu fui o primeiro a elogiar a atitude da reitora aqui neste mesmo
espaço. É certo que sem apoio da Reitoria não se consegue avançar para estes
processos históricos de inclusão, mas é o Movimento Social, o Movimento Negro,
os companheiros brancos contra o racismo,que protagonizam o papel central
através de pressão às instituições governamentais. Felizmente os dois
candidatos de oposição assumem esta causa. Temos que lutar pela autonomia, a
mesma que orienta nossas posições no embate acadêmico. É preciso posicionar-se
decorosamente sobre o assassinato de Toni Bernardo, onde a UFMT é ré. É preciso
não fechar os olhos a escalada de destruição ambiental, o endeusamento do
mercado na escalada predatória do Agro Negócio. É preciso posicionar-se e
resistir contra a destruição do código florestal na sua proposta absurda de
quebrar limites contra a conservação da natureza, as populações tradicionais.
Hoje temos o embate massacrante do Estado-Nação contra as nações indígenas e
povos quilombolas, na sanha abutre de caminhar para uma terra arrasada. Qual
Uniselva? A que serviu de verniz parqa a ocupação predatória da Amazônia:-
Projeto Aripuanã, hoje com um Humbolt, Dardanelos sepultados por uma energia
destrutiva, ameaçados como no caso do Rio Teles Pires e tantos tributários da
Bacia Amazônica e do Paraguai, arrast5ando à destruição cultural, física, pela
fome e doenças esta pátria
afroamerindia. Em uma escalada agropecuária que despreza a agrisilvicultura,
impondo a destruição das mata, cerrado,do solo, acumulando bombas relógio de
destruição e matança vagarosa, com os “Ofensivos Agrícolas”, sem limites.
Reforma agrária, sem terra, mandados para as calendas gregas! As cidades, desfiguradas e trucidadas pela
malversação pública, pela corrupção, pelo primado da aintiética . Pela péssima
qualidade de ensino atestado por indicadores oficiais, onde a Universidade tem
papel fundamental, na medida em que (de) forma os professores que irão para a
rede pública. Pela saúde em estado de choque, agonizante, com o retorno de
doenças e epidemias já debeladas desde o inicio do século XX. Campeão de
doenças da miséria como hanseníase, tuberculose, leishmaniose. As florestas
destruídas urbanizam os vetores, trazendo doenças a vontade, estimulada pela
precariedade do Saneamento Básico e Ambiental. A UFMT, na gestão passada apoiou
as OSS, tática para privatização e destruição da carreira pública. Concordou
com a privatização dos HUS (EBSERH) implodindo com a tríade ensino, pesquisa e
extensão. O que vai interessar é a produtividade. A saúde como mercadoria.
Temos na UFMT uma grande quantidade de cursos com boa qualidade, alguns de
ponta, apesar do déficit de apoio logístico. Não colocar a pesquisa como
demanda de mercado conforme pensamento cultivado na FAPEMAT . A Fundação
Uniselva é pressuposto disso. Quem tem dinheiro tempoder, é uma inversão na
pauta acadêmica. Precisamos fazer um grqande Congresso Universitário e rever o
Estatuto da UFMT criada como Fundação. É preciso avaliar e rever a necessidade
do Conselho Diretor. É preciso descentralizar, horizontalizar e conectar as
áreas acadêmicas, que não podem constituir-se em “Repúblicas”. Falta um eixo
aglutinador. Isto não é possível só com Planejamento como função orçamentária.
É preciso um Planejamento Estratégico e participativo para focar os grandes
problemas da sociedade com o papel da Universidade, a partir da revelação
dos grande problemas do nosso cerrado,
pantanal e amazônia. A partir do desvendamento dos grandes nós críticos na
estrutura de poder e gestão da nossa Universidade. O eixo indutor e direcional
da Universidade deve ser a cultura, daí se constroem as estruturas operacionais
do badalado tripé ensino-pesquisa- extensão, na medida que estão “fertilizados”
pela visão e necessidades do outro,da outra, da cultura como resiliencia,
resistência, sobretudo como campo de saberes. O lema pode ser, Cultura,
Direitos Humanos e Inclusão Social. Temos que enterrar os cadáveres, e ter
saudades do futuro.
Waldir Bertulio
P.S. Não é necessário dizer, ou
como dizemos nós cuiabanos, “ é chover no molhado”, torço para que a oposição
vença, ou Prof. Fernando,( a quem conheci e incorporou demandas importantes
como reitor) a quem declino meu voto, - ou o Prof Edinaldo, grande figura que
muito contribuiu no Instituto de Saúde
Coletiva. A democracia interna avançará se um dos dois vencer. A luta é
desigual.
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