Por que o povo acata regras que
seriam a sua própria ruína? Haveria que inverter o protagonismo de poucos,
diante de muitos, onde não há lugar para a tirania e a malversação pública.
Povo corrompido não pode reconhecer os benefícios de uma cidade livre. A VIRTU,
como participação de todos na vida política da cidade para o bem comum é que
poderia preservar a liberdade de todos, e manter a cidade( Estado) a salvo da
sua apropriação por interesses privados. A corrupção como postura que privilegia
interesses privados em detrimento da coletividade, teria origem na desigualdade
existente nas cidades. Assim, liberdade e igualdade são necessariamente
próximas. Enfim, liga-se a VIRTU do povo com a VIRTU dos governantes. A
Magistratura deveria ser cheia de VIRTU, e não permeada de interesses privados,
povo corrompido x povo participante seriam elementos para superar as crises das
comunidades políticas sempre que necessário. Pergunta: há um meio de estimular
os cidadãos pelas leis da própria República? Este é um fragmento/síntese do
pensamento do filósofo Nicolau Maquiavel, uma referencia clássica da filosofia
e da política. A filosofia é um aporte fundamental para melhor entendimento da
política , da economia, das instituições e das leis. Desde a sua conhecida obra´´O Principe´´
(1513) sua produção percorre referencias clássicas na filosofia e na ciência política,
foi um defensor do conceito de República. Dessa forma, seu pensamento não pode
ser reduzido erroneamente ao conceito maquiavélico reinante, quando na verdade
aprofundou-se no poder político fortemente critico e formulações onde o
conflito é o elemento central da política. Para valorizar a liberdade, as
virtudes cívicas, onde a política é um eixo de enfrentamento das contradições
sociais e um espaço comum de vinculo para a sociedade. Ele ensina que as
possíveis alternativas para os impasses da política e compreensão do seu
universo, (muito importante para os nossos tempos) estão paralisados no cultivo
do individualismo, no isolamento, egoísmo e apatia sobre as crises políticas.
Tal como acontece nos tempos recentes. Na obra ´´Discurso Sobre a 1ª Década de
Tito Livio´´ ele avança para as principais lições sobre os impasses da
República, comparando as instituições públicas de Roma (defensor) com a de
Florença, discutindo como surgem os
Estados no mundo de contradições e
conflitos políticos, como se mantém e se extinguem, falando das formas e
reforma dos governos. Sua preferência por Roma está na condição de que esta
seria uma cidade popular, enquanto a República Florentina seria uma cidade
aristocrática (como Esparta). Os projetos públicos dependeriam em Roma, da
participação do povo como guardião da liberdade contra a opressão. Decorrente
disto, os conflitos e embates na guarda da liberdade e da VIRTU, (alcance do
bem comum) opondo-se aos formuladores das leis que as editam e praticam em
beneficio do seu poder pessoal ou de grupo. Estes escritos, foram produzidos
por este, dos maiores pensadores de todos os tempos, treze anos a mais do que a
data do ´´Descobrimento do Brasil´´ em 1500! Tudo em um cenário de lutas e
rixas pelo poder e pela dominação. Seu
tema predileto, a liberdade, é desenvolvido por diversos autores
modernos de filosofia política como Thomas Hobbes e Jean Jaques Rouseau. Tema
denso para os estudiosos e analistas do momento no Brasil: 1 – no grande teste
de passar a limpo as instituições políticas no julgamento do mensalão; 2-
contra a dilapidação do patrimônio público em beneficio próprio e de grupos; 3-
ir até as ultimas conseqüências com as máfias e crime organizado incrustados
nos poderes do estado (caso Cachoeira x
Senado, assassinato e ameaça de juízes ); 4 – punir os
agentes do Estado pelos mal feitos cometidos; 5- coibir a farra de políticos e
gestores inescrupulosos com o dinheiro público; 6 – desvendar as ligações espúrias
de grupos financeiros( caso Delta) com o
Governo Federal, Estaduais,Imprensa e instâncias Parlamentares; 7 – banir da
vida pública as pencas infindáveis de políticos e gestores corruptos; 8 – banir
a compra de votos e mandatos; 9- moralizar e investir na educação, (prioridade
desde Maquiavel) Saúde, Seguridade Social, combatendo a corrupção de princípios
quando empreendem a privatização do Estado, enfraquecendo as políticas sociais.
Este governo confunde fazer opinião pública com maquiavelismo, leitura
deturpada do enfrentamento dos conflitos e contradições para uma sociedade
democrática. Precisarão reler Maquiavel? Ou, a ética estiolada pode ser
recomposta gradativamente?
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